A agenda ESG (Environmental, Social and Governance), que envolve ações de sustentabilidade, governança e iniciativas sociais, é uma realidade cada vez mais palpável em diversos setores, inclusive na hotelaria. De acordo com o estudo Divisões e Dividendos 2023, produzido pela Russell Reynolds Associates, identificou que o nível de comprometimento do mundo corporativo com sustentabilidade está aumentando. Prova disso é que 45% dos líderes disseram que os investimentos nessa frente devem crescer em 2024.

No setor hoteleiro, as iniciativas sustentáveis vêm ganhando cada vez mais força. No final de 2023, por exemplo, a LHW (The Leading Hotels of The World), marca composta por mais de 400 empreendimentos de luxo, anunciou a coleção Sustainability Leaders, visando reconhecer hotéis comprometidos com a conservação do meio ambiente e do patrimônio cultural de seus destinos. No Brasil, o Hotel das Cataratas, A Belmond Hotel, vem investindo fortemente no ESG, sendo reconhecido por suas iniciativas sustentáveis.

Em 2023, o Hot Beach Parques & Resorts lançou um comitê ESG com o intuito de realizar as ações de maneira organizada. Segundo Viviane Rizatti dos Reis, gerente de Operações Corporativas do grupo, a ideia surgiu entre março e abril durante uma reunião com acionistas, que pediram maior foco em sustentabilidade.

Voltando aos dados da pesquisa, o levantamento apontou que outros 45% dos líderes irão manter o mesmo orçamento de 2023 em sustentabilidade e apenas 7% pretendem reduzir esses esforços, revela o Valor Econômico. Para o levantamento, foram ouvidos 3,8 mil líderes sêniores e 8,7 mil colaboradores de empresas em 104 países das Américas, Ásia, Europa e Oceania.

Dos respondentes, 83% afirmaram que já estão desenvolvendo planos específicos em resposta a questões regulatórias e a pauta trabalhista é motivo de atenção de 78% deles. No radar, estão também a regulação de emissões de gases de efeito estufa, diversidade étnica, regras de atendimento ao consumidor, direitos humanos e outras demandas, que variam por país e setor de atuação.

Outros dados

O levantamento mostra que tanto os temas sociais, quanto os ambientais estão no radar das empresas, sendo apontados como alvo de investimentos e esforços por 74% e 70% deles, respectivamente. Segundo Tatyana Freitas, líder da Prática de Diversidade, Equidade e Inclusão e ESG da Russell Reynolds, a pauta social está tão presente nas discussões, quanto as demais, e é igualmente relevante para o avanço da agenda ESG nas empresas.

“O que muda é a demanda de cada empresa, variando de acordo com o estágio de maturidade das questões de ESG e pressão dos stakeholders“, diz. Na opinião dela, quem de fato puxa a agenda ESG nas empresas são clientes e investidores, mais até do que o arcabouço legal que existe em alguns mercados. “Em geral, a legislação sobre práticas ESG ainda é tímida e não reflete o nível da discussão na sociedade, nos meios acadêmico, científico, corporativo, entre líderes de opinião, que é muito mais avançada”, acrescenta.

Brasil

No cenário brasileiro, os executivos se destacam globalmente na pesquisa, com 15 pontos percentuais acima da média global em diversos aspectos. A pesquisa revela que os líderes do país veem seus CEOs como mais comprometidos com a agenda sustentável e desenvolveram planos concretos para lidar com questões ambientais, trabalhistas, regulatórias e sociais. Pelo fato de o Brasil ser mais cobrado em nível global em relação à preservação ambiental, segundo Tatyana, é natural que as empresas fiquem mais atentas a esse aspecto na hora de montar planos de ação.

“O fato de 91% dos entrevistados brasileiros perceberem seus CEOs mais envolvidos com a agenda indica uma tendência de que a pauta está na mesa, o assunto faz parte das preocupações dos líderes executivos e eles aparentemente estão conseguindo transmitir melhor isso para seus times”, comenta.

Oportunidades e obstáculos

Enquanto líderes globais expressam compromissos com a agenda de sustentabilidade, há lacunas importantes na forma de gerir a equipe e as operações que requer atenção estratégica para que os planos sejam traduzidos em ações efetivas.

A Russell Reynolds identificou no relatório alguns caminhos para que os líderes se envolvam na agenda ESG e tragam, com isso, resultados mais expressivos par os negócios. Para alcançar os objetivos, foram elencadas quatro lacunas críticas no pensamento e capacidade de liderança: mentalidade disruptiva, motivação, responsabilização e engajamento.

(*) Crédito da foto: anncapictures/Pixabay