Nos últimos nove meses, a inadimplência no Brasil seguiu batendo recordes. Em setembro, o resultado não foi diferente do registrado no mês anterior. Segundo dados do Serasa Experian, divulgados hoje (18) pelo G1, o país contava com 68,39 milhões de pessoas com dívidas em atraso até o final do mês. Além de representar alta de 420 mil pessoas em relação a agosto (67,97 milhões), o valor reflete pessimismo, com 17% dos inadimplentes sem esperança de quitar as dívidas.

O levantamento revela que a principal razão para a manutenção e aumento da inadimplência é o mercado de trabalho. Dos 5,2 mil participantes da pesquisa, 29% responderam que o desemprego foi o principal fator para a aquisição de dívidas. Esse coeficiente é ainda mais predominante entre os jovens com até 30 anos (33%) e mulheres (31%).

Destrinchando as dívidas

O cartão de crédito segue como o principal meio de se contrair dívidas, sendo responsável por 53% dos brasileiros endividados. Desse percentual, 65% das contas são contraídas na aquisição de alimentos nos supermercados, 48% com produtos como roupas e eletrodomésticos e 41% com remédios ou tratamentos médicos. Além disso, compras de alimentos por delivery e gastos com transportes e combustíveis também estão presentes em 22% das respostas.

Contudo, contas básicas (água, gás e luz) representaram apenas 19% das dívidas em setembro, enquanto que no mesmo mês do ano passado o número chegou a 32%. “Essa queda nas dívidas com contas básicas pode indicar que, com a melhora no cenário de desemprego e os benefícios sociais, como o Auxílio Brasil, as pessoas passaram a priorizar esses gastos em relação a outros”, analisa Matheus Moura, diretor de marketing do Serasa.

Embora a população esteja conseguindo priorizar contas básicas, o número de dívidas com mais de um ano de atraso cresceu pelo segundo ano consecutivo, indo de 67% em 2021 para 71% em 2022. O número também é superior ao período anterior à pandemia, visto que em 2019 o percentual de inadimplentes há mais de 12 meses foi de 68%.

Entre as dívidas com pelo menos um ano, as contraídas a partir do empréstimo do nome para terceiros são as com maior representatividade, segundo a instituição. Cerca de 85% das dívidas deste tipo estão atrasadas, sendo que 64% delas tem atraso igual ou superior a dois anos.

(*) Crédito da foto: Unsplash