Matéria atualizada às 16h44

Dados divulgados hoje (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o setor de serviços cresceu 1,4% em dezembro, na comparação com o mês anterior. Com o resultado, o segmento – responsável por parte expressiva do PIB (Produto Interno Bruto) e ao qual a hotelaria se integra – fechou 2021 com alta de 10,9%, eliminando as perdas do ano anterior, informa o G1.

O resultado é a maior taxa de crescimento para o fechamento de um ano desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. O salto ocorre após a queda de 7,8% observada em 2020, período mais crítico da pandemia. “O setor de serviços ampliou o distanciamento com relação ao nível pré-pandemia, situando-se 6,6% acima de fevereiro de 2020, e alcançou seu maior patamar desde agosto de 2015”, destaca o IBGE. Apesar do resultado positivo em 2021, o setor de serviços ainda está 5,6% abaixo do nível recorde alcançado em novembro de 2014.

Na avaliação do instituto, a alta no setor, que foi o mais atingido pela pandemia, tem relação com o aumento do ritmo da vacinação e à flexibilização das medidas restritivas. “Nos primeiros meses de 2020, o setor de serviços foi duramente afetado em função da necessidade de isolamento social e do fechamento dos estabelecimentos que prestavam serviços de caráter presencial. Por outro lado, a pandemia trouxe oportunidades de negócios para serviços voltados às empresas, como os de tecnologia da informação, transporte de cargas, armazenagem, logística de transportes e serviços financeiros auxiliares, que tiveram ganhos mais expressivos e compensaram as perdas dos serviços de caráter presencial”, destaca Rodrigo Lobo, responsável pela pesquisa.

Resultados por segmento

Entre os grupos que tiveram grande destaque em 2021 estão os serviços prestados às famílias, com alta de 18,2%. Dentro dele, o segmento de alojamento e alimentação aparecem como um dos resultados mais expressivos, com 20,1%.

Além disso, os serviços de informação e comunicação também se destacaram no período, com crescimento de 9,4%. Já os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 7,3% e os de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio aparecem com 15,1%.

A alta no setor foi sentida em todas as regiões do país, com destaque para São Paulo (11,5%), Minas Gerais (14,0%), Rio de Janeiro (7,3%), Rio Grande do Sul (12,1%) e Santa Catarina (14,7%). No quarto trimestre de 2021, o crescimento observado foi de 0,4% em relação ao anterior, marcando a sexta alta trimestral seguida.

O IBGE destaca ainda que a recuperação segue forte, porém desigual. Nos serviços profissionais, administrativos e complementares, bem como os prestados às famílias (que fecharam o ano 11,2% abaixo do patamar pré-pandemia), por exemplo, a alta não foi suficiente para compensar as perdas de 2020.

Impacto no turismo

No setor de Turismo, por outro lado, a situação ainda não se reverteu. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o segmento deixou de faturar R$ 214 bilhões em 2021, acumulando, desde fevereiro de 2020, R$ 473,7 bilhões em perdas de receita, o que equivale a queda de 11%.

Além disso, a entidade aponta que também foram eliminados mais de 476 mil postos formais de trabalho no primeiro ano da crise sanitária. Com isso, a baixa observada na força de trabalho formal foi de 13,7%, a maior queda entre os setores da economia, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Com o cenário de recuperação gradual, iniciado em 2021, o saldo entre admissões e desligamentos ficou positivo, em 150,9 mil postos de trabalho.

Considerando as previsões de baixo crescimento econômico para este ano, a CNC revisou de -0,5% para -0,8% sua projeção para o setor de serviços em 2022 e previu avanço menor, de 1,7%, no setor de Turismo. Segundo Fabio Bentes, economista da entidade, não há expectativas de que as atividades terciárias se aproximem das taxas registradas ano passado.

“As projeções levam em consideração, no caso do setor de serviços, o encarecimento do crédito e a resiliência inflacionária por um período mais prolongado. Já no caso do turismo, os agravantes são a conjuntura econômica menos favorável e o cancelamento de eventos relevantes no processo de geração de receitas”, explica.

Perspectivas para 2022

Apesar do avanço no volume de serviços, a recuperação segue prejudicada pela perda do poder de compra da população, desemprego elevado, alta dos juros e aumento de casos de Covid-19, devido ao surgimento da variante Ômicron. Além disso, a confiança empresarial caiu, em janeiro, para o menor nível desde abril do ano passado, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).

A previsão do mercado é que a inflação cresça 5,44% neste ano, de acordo com boletim divulgado pelo Banco Central. Já em relação à taxa básica de juros da economia, projeta-se que a Selic encerrará 2022 em 11,75% ao ano. Parte dos analistas afirmam que a taxa pode superar 12%.

(*) Crédito da foto: StartupStockPhotos/Pixabay