O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil avançou 4,6% em 2021, segundo dados divulgados hoje (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado superou levemente a expectativa do mercado, que projetava crescimento de 4,5%. O desempenho também praticamente atingiu a prévia de 4,7% apontada em janeiro pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). No quarto trimestre, a alta observada foi de 0,5% em relação aos três meses anteriores.

A alta de 2021, atribuída também ao aumento no ritmo da vacinação contra a Covid-19, é a maior desde 2010, quando o indicador teve aumento de 7,5%, em uma fase de grande valorização dos produtos exportados pelo Brasil. Ainda assim, o percentual reflete a fragilidade da base de comparação, visto que a economia foi consideravelmente afetada em 2020, devido à pandemia, revela a Folha.

Com o crescimento, o Brasil recuperou as perdas sofridas com a crise sanitária e está 0,5% acima do nível registrado no quarto trimestre de 2019, ano pré-pandemia. Dessa forma, o PIB está 2,8% abaixo do pico da série histórica, observado no primeiro trimestre de 2014.

Especialistas apontam, por outro lado, que a reação do indicador tende a ter fôlego curto. Isso porque, após a alta em 2021, o PIB deve desacelerar este ano, com tendência de estagnação. O cenário pessimista é atribuído aos juros elevados, avanço da inflação e renda das famílias fragilizada. Somados, esses fatores afetam o consumo, um dos maiores impulsionadores da economia.

Além disso, a tensão global gerada entre Rússia e Ucrânia e as incertezas provocadas pelo processo eleitoral também representam riscos para o PIB, que ainda não completou recuperação após a recessão observada de 2014-2016.

Imagem PIB - presidentes

Setor de serviços fecha 2021 em alta

O setor de serviços também encerrou o ano passado com avanço considerável, com aumento de 4,7%. O setor responde por cerca de 70% do PIB brasileiro e engloba uma grande variedade de empresas, desde pequenos comércios a instituições financeiras e de ensino, além de ser o maior empregador do país.

No período mais crítico da pandemia, em 2020, o segmento registrou queda de 4,3%, visto que parte considerável das empresas do setor depende da circulação de consumidores. Restaurantes, bares, hotéis, salões de beleza e eventos integram essa lista.

A melhora passou a ser sentida conforme a campanha de vacinação avançava no Brasil, que estimulou o relaxamento das restrições à circulação de pessoas. No último trimestre do ano passado, o setor teve alta de 1,6% frente a igual período de 2019. Apesar da expansão, nem todas as atividades estão acima do nível pré-pandemia, informa o IBGE.

Consumo das famílias segue tendência positiva

Apesar do cenário de cautela em relação ao consumo das famílias, o indicador fechou 2021 com alta de 3,6% em relação a 2020, quando houve queda de 5,4%. O resultado, portanto, permanece 1,3% abaixo do nível pré-pandemia.

“Houve recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do indicador no ano passado”, explica Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, em entrevista à Folha.

O crescimento, assim como o do PIB, é creditado à fragilidade da base comparativa. Por outro lado, fatores como o quadro inflacionário e a renda enxuta podem comprometer a recuperação do consumo das famílias, pois diminuem o poder de compra da população.

(*) Crédito da foto: joaogbjunior/Pixabay

(**) Crédito do infográfico: Folha de São Paulo