Ainda que a hotelaria seja um dos setores que está mais avançado na questão DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), já vimos que não só há uma longa jornada pela frente, como o processo corre risco de desaceleração. Para evitar que isso aconteça, Baron Ah Moo, diretor administrativo e chefe do grupo americano de auditoria e consultoria hoteleira PKF – que também atua no Brasil – compartilhou algumas ideias de como agir em prol da causa na indústria. 

É verdade que as grandes redes hoteleiras já realizaram diversas iniciativas de apoio às minorias e comunidades locais, seja com maiores oportunidades de emprego, treinamentos para jovens, apoio a leis, entre outros. Também é verdade que, com mais de 40% dos funcionários da linha de frente da hotelaria sendo negros, indígenas e outras minorias, o segmento tem se posicionado para atrair mão de obra diversificada. Além disso, foi um dos primeiros setores a estabelecer comitês para discutir desafios e unir soluções.

Entretanto, de acordo com Moo, os avanços e processos de transformação permanecem lentos ou irrealizados, servindo apenas como um lembrete de quão difícil é fomentar uma verdadeira mudança sistêmica. Para o executivo, o setor deveria ser um solo fértil para inclusão. Em vez disso, apenas 20% dos gerentes gerais de hotéis são mulheres, 10% são minorias e 1% são negros. 

Na avaliação de Moo, a pauta DEI está condenada a ser relegada ao status de “subcomitê de planejamento de eventos”, a menos que investidores, operadores e proprietários sejam incentivados ou regulamentados por seus constituintes. 

“Em minha experiência em eventos do setor voltados à questão, por exemplo, embora os executivos demonstrem ter a melhor das intenções, nenhum consegue quantificar o número atual de crescimento ou alvo de parcerias com investidores e proprietários minoritários”, alega Moo. “Minha hipótese é que os números são baixos demais para serem revelados”, acrescenta.

O que fazer?

Para Moo, a resposta está em uma citação de Martin Luther King Jr: “A medida final de uma pessoa não é onde ela se posiciona em momentos de conforto e conveniência, mas onde ela se posiciona em momentos de desafio e controvérsia”. Em outras palavras, independentemente dos desafios comerciais e ventos contrários que o setor vem enfrentando, aqueles que ainda acreditam na pauta precisam continuar na luta, chamando atenção para a necessidade de diversidade, equidade e inclusão em nosso setor.

Para isso, Moo dá algumas sugestões. “Tenha a difícil conversa com seus funcionários e superiores, fale em reuniões sobre o que sua empresa está – ou não está fazendo – sobre o assunto”, recomenda o executivo. “Reinicie aquele comitê DEI, faça perguntas sobre a política do grupo e exemplos de sucessos e “oportunidades”. Seja pedante e meticuloso ao garantir que tudo o que você pode controlar seja filtrado pelas lentes da diversidade, equidade e inclusão”, continua.

“Se as empresas fundamentais de nosso setor se recusarem a medir e gerenciar seus resultados DEI da mesma forma que monitoram e quantificam meticulosamente os retornos de seus acionistas, a única opção que temos é garantir que trazemos à tona a mudança que pode acontecer – e não é acontecendo – e que temos a oportunidade de fazer a diferença”, complementa Moo.

Segundo o executivo, a equidade não deve se tornar um dano colateral da pandemia e da recessão, mas sim a força estabilizadora que permite que nosso setor hoteleiro resista à tempestade que se aproxima. Moo ainda finaliza seu raciocínio citando Mahatma Gandhi: “A unidade, para ser real, deve suportar a tensão mais severa sem quebrar”.

(*) Crédito da foto: Clay Banks / Unsplash