O avanço do uso da IA (Inteligência Artificial) vem movimentando o turismo em diversas frentes. Seja pela adoção da tecnologia por parte de grandes players, seus benefícios para a hotelaria e o short-term rental e até mesmo para o planejamento personalizado de férias. Contudo, a ferramenta também vem sendo aplicada em novos golpes, como o desenvolvimento de guias de viagem falsos.

Os livros são uma soma de aplicativos de IA capazes de criar textos e imagens falsas, plataformas de autopublicação e compras de avaliações fakes. Segundo divulgado pela Folha de São Paulo, alguns viajantes internacionais acessaram a Amazon.com para planejar suas viagens, com resultados de busca pautados em marcas confiáveis.

Atraídos por avaliações positivas, os usuários acessaram dicas de itinerários e recomendações de moradores locais. Os preços dos guias de viagem também chamam a atenção, com valores inferiores aos livros de autores renomados do turismo.

Quando o guia chegou, os usuários foram pegos de surpresa por textos repetitivos e falta de itinerários. A nova forma de golpe parece um compilado feito com o auxílio de IA generativa, autopublicado e impulsionado por avaliações falsas.

O uso combinado de ferramentas permite que os guias de viagem esteja entre os principais resultados de busca da Amazon, por vezes obtendo o endosso da própria plataforma. Uma pesquisa recente no site do marketplace com os termos “Guia de Viagem a Paris 2023”, por exemplo, resulta em coleções de publicações com o mesmo título.

As publicações não possuem imagens ou mapas, embora muitos de seus concorrentes tenham arte e fotografias facilmente rastreáveis ​​em bancos de imagens.

O posicionamento da Amazon

Em um comunicado, Lindsay Hamilton, porta-voz da Amazon, afirmou que a plataforma avalia constantemente tecnologias emergentes. “Todos os editores da loja devem seguir nossas diretrizes de conteúdo. Investimos tempo e recursos consideráveis ​​para garantir que as diretrizes sejam cumpridas e remover os livros que não estejam dentro do padrão.”

O “Times” analisou 35 trechos do livro de Mike Steves com a ajuda de um detector de IA da Originality.ai. Esse mecanismo, conforme explicado pelo fundador da empresa, Jonathan Gillham, analisa milhões de registros criados pela tecnologia e milhões de outros criados por humanos, e aprende a importância das diferenças entre eles.

O detector atribui uma pontuação de zero a 100, com base na probabilidade do conteúdo ter sido gerado por IA. Todos os 35 trechos obtiveram uma pontuação perfeita de 100, com citações que quase certamente foram produzidas por IA.

A nova modalidade de golpe liga um alerta para a hotelaria e para o turismo como um todo, uma vez que os usuários são orientados por avaliações falsas, além de imagens e textos criados por IA, podendo gerar expectativas incertas para as viagens e meios de hospedagens.

(*) Crédito da foto: anniespratt/Unsplash