Todo ano é a mesma coisa: as máquinas chegam antes do frenesi dos fãs e patrocinadores, dos pneus e dos lubrificantes. O circo da F1 passa por várias cidades do mundo, deixando invariavelmente essa mesma marca. Uma delas na hotelaria, com os hotéis lotados, muito trabalho na área de gastronomia e uma receita salvadora para o mês. E, obviamente, a prova de 2022, que será realizada neste domingo (13), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, não poderia ser diferente, a despeito do campeonato já estar decidido faz tempo.

Dados exclusivos obtidos pelo Hotelier News com a OTA Insight mostram que a demanda deste ano ficou acima das observadas em provas anteriores, incluindo 2021. “Sempre é um período de alta demanda, mas este ano está bem maior – e esticada”, destaca Ricardo Souza, Lead Team da OTA Insight na América Latina. “Historicamente, o fluxo maior de hóspedes se concentra de quinta-feira a domingo, mas o tempo de estadia está maior em 2022, com quase uma semana inteira de intenso movimento, o que para a hotelaria é muito bom”, completa.

O melhor sinal para a hotelaria paulista, contudo, vem em dois fatores-chaves. Primeiro, a alta demanda foi acompanhada de crescimento nos preços. Segundo, o mapa de calor (veja abaixo) da OTA Insight mostra que hotéis de praticamente toda cidade viram o movimento (e as tarifas junto) subirem ao longo desta semana.

Mapa de Calor F1

“Com essa alta demanda, não só os hotéis da Zona Sul estão cheios, mas a ocupação da cidade foi sendo empurrada para a Faria Lima e até para o Centro”, comenta Souza. “Então, pelo fato do volume da F1 ser tão alto, toda hotelaria da cidade está se beneficiando, com hotéis da região da cidade que historicamente não tinham movimento durante o período da prova também registando bons resultados.”

Em relação aos preços, o executivo da OTA Insight revela que as tarifas estão, em média, 60% acima do observado no ano passado no final de semana – e superando em muito a inflação. “Há uma variação muito grande em toda cidade, o que mostra que a hotelaria está sendo efetiva no aumento de preço para corresponder ao equilíbrio entre oferta e demanda”, comenta Souza.

“Mais ainda, e o nosso mapa de calor deixa isso evidente, essa demanda latente está proporcionando alta nas tarifas em outras regiões da cidade. Isso vai ter um impacto muito grande na diária média de novembro, em um fenômeno muito parecido com o impacto do Rock in Rio no Rio de Janeiro”, finaliza.

Internacional

Outra coisa que chamou atenção nos dados da OTA Insight foi a força da demanda internacional. Segundo Souza, em dias específicos da semana, chega a ser quase 30% do movimento total. “Destaque para as buscas do mercado norte-americano, que soma 10% do total”, diz o executivo. Na visão dele, que tem um longo histórico de trabalho atuando como RM, esse percentual elevado é um bom sinalizador para o mercado paulista.

“Eu penso que, no ano passado, já poderia ter acontecido um movimento internacional desse porte, até pela grande audiência de norte-americanos pelo automobilismo, mas não havia ainda oferta de voos para isso. Com a retomada da malha, temos visto uma boa exposição da F1 para a demanda internacional. Digo isso porque, historicamente, esse é um período que tem 94% das buscas nacionais e, em 2022, este índice está em 78%”, completa.

Principais insights

  • Last minute: F1 gerando ainda muito volume de buscas de voos e hotéis de última hora.
  • Internacional: EUA respondem por 10% do volume.
  • Tempo médio de permanência: de duas a três noites.
  • Preços públicos: tarifas para F1 este ano estão 52% mais altos que em 2019 e 32% superiores a 2021.

OTA Insight - Infográfico

(*) Crédito da capa: Sebastian Pociecha / Unsplash

(**) Crédito dos infográficos: OTA Insight