O primeiro trimestre de 2023 foi encerrado com alta na taxa de desemprego do país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O indicador subiu para 8,8% no período, de acordo com informações da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). No trimestre finalizado em março, o número absoluto de brasileiros desocupados chegou a 9,4 milhões — alta de 10% frente ao trimestre anterior.

Apesar do avanço no desemprego, este é o menor resultado para o primeiro trimestre desde 2015, quando fechou em 8%. Em relação ao período entre outubro e dezembro de 2022, o aumento foi de 0,9 ponto percentual (7,9%) na taxa de desocupação. No mesmo trimestre de 2022, o indicador era de 11,1%.

Sobre o total de pessoas ocupadas, o IBGE aponta recuo de 1,6% frente ao trimestre anterior, chegando a 97,8 milhões de brasileiros. Na comparação anual, o crescimento foi de 2,7%.

“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia”, diz Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Informalidade

De acordo com a PNAD, o índice de empregados com carteira assinada no setor privado apresentou estabilidade no primeiro trimestre de 2023. Logo, boa parte do recuo na ocupação pode ser atribuída à redução de trabalhadores sem carteira no setor público (-7%) e privado (-3,2%).

Setores como outros serviços (-4,3%), administração pública (-2,4%), agricultura (-2,4%), construção (-2,9%) e comércio (-1,5%) registraram quedas no total de profissionais sem carteira. Em contrapartida, o total de trabalhadores autônomos com CNPJ caiu 8,1% (559 mil pessoas).

O resultado é uma taxa de informalidade na casa dos 39% da população ocupada do país — o equivalente a 38,1 milhões de pessoas. No trimestre anterior, o percentual era de 38,8%, mas estava em 40,1% no mesmo trimestre do ano anterior.

Brasileiros ocupados

O IBGE revela que o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, chamado nível de ocupação, chegou a 56,1%. Ou seja, trata-se de uma queda de 1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (57,2%). Na comparação anual, a alta foi de 1 p.p. (55,2%).

O contingente fora da força de trabalho foi estimado em 67 milhões de pessoas no primeiro trimestre de 2023. O incremento foi de 1,1 milhão de trabalhadores frente ao trimestre anterior. Na comparação anual, o indicador subiu em mais de 1,5 milhão.

Já a taxa de subutilização — percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação a força de trabalho ampliada — foi estimada em 18,9%. É uma alta de 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (18,5%) e uma queda na comparação anual (23,2%).

O rendimento real habitual ficou estável frente ao trimestre anterior em R$ 2.880. No ano, o avanço foi de 7,4%. Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 277,2 bilhões. O resultado também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas subiu 10,8% na comparação anual.

(*) Credito da foto: Amanda Perobelli/Reuters