Com o desemprego em queda em 22 estados brasileiros no segundo trimestre, era de se esperar que a taxa nacional viria a cair. Segundo o levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado hoje (31) pela Folha de S. Paulo, o índice de pessoas sem trabalho recuou para 9,1% no trimestre encerrado em julho, menor resultado desde o último trimestre de 2015. Além disso, pela primeira vez em dois anos, o rendimento habitual do trabalho voltou a crescer significativamente, chegando a R$ 2.693.

Contemplando apenas os ganhos com o trabalho, o indicador é 2,9% maior do que o verificado no trimestre encerrado em abril (R$ 2.618). “A última vez que houve crescimento significativo foi há exatos dois anos, no trimestre encerrado em julho de 2020”, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.

Vale destacar que a queda no desemprego e a recuperação da renda são boas notícias para o setor hoteleiro e para o turismo. A melhora de ambos os índices confere o potencial de fomentar o mercado, mesmo que apenas em um segundo momento, conforme o cenário macroeconômico se estabilize.

O resultado, no entanto, segue frágil em comparação com outros períodos da série histórica. Na comparação anual, por exemplo, o valor registrado foi 2,9% inferior ao mesmo período de 2021 (R$ 2.773). É o segundo menor resultado da série histórica para o trimestre encerrado em julho, superando apenas o verificado em igual período de 2012 (R$ 2.685).

O aumento do rendimento, segundo o IBGE, foi alavancado pela melhora na renda dos empregadores (6,1%, ou mais R$ 369), dos militares e funcionários públicos estatutários (3,8%, ou mais R$ 176) e dos trabalhadores por conta própria (3% ou mais R$ 63).

Desemprego abaixo dos 10 milhões

Em valores absolutos, o número de desempregados caiu para 9,9 milhões no trimestre até julho, baixa de 12,9% (menos 1,5 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior. É a primeira vez que o resultado fica abaixo da faixa dos 10 milhões desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016 (9,8 milhões), quando o Brasil atravessava recessão. Vale ressaltar que, no começo de 2021, segundo o IBGE, o número chegou a romper a faixa dos 15 milhões, sob efeito da pandemia.

A taxa de desemprego, que inclui apenas a população desocupada à procura de novas vagas, estava em 10,5% no trimestre até abril, contabilizando 11,3 milhões de desempregados. No trimestre encerrado em junho, a taxa se encontrava em 10%, sendo a última divulgação dos dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE.

Quanto ao contingente de pessoas ocupadas, tanto em trabalhos formais ou informais, o número bateu recorde ao alcançar 98,7 milhões, alta de 2,2% (somando 2,2 milhões) ante o trimestre anterior. O aumento no índice de oportunidades, contudo, coincidiu com a queda na renda média dos trabalhadores, com a disparada da inflação como um dos principais fatores.

(*) Crédito da foto: Agência Brasília