Em fato relevante divulgado hoje (23), a CVC Corp informou que movimentou R$ 549,9 milhões em seu follow on, que envolveu a emissão de 166,6 milhões de ações ordinárias, o volume máximo previsto. Os papéis da companhia foram precificados em R$ 3,30, aponta o NeoFeed.

Do montante total, a cifra de R$ 114,9 milhões foi direcionada ao capital social da CVC Corp, que passa a ser de R$ 1,52 bilhão. Já os R$ 439,9 milhões restantes foram destinados à reserva de capital da empresa de turismo. No dia 15 desse mês, quando a companhia protocolou a oferta, ressaltando que planejava usar parte dos recursos obtidos na recompra de duas emissões de debêntures.

Outra parcela seria destinada ao reforço do capital de giro e melhoria da estrutura de capital da empresa. Como parte do processo, voltado a acionistas e investidores, o fundo GJP, de Guilherme Paulus, fundador e antigo controlador da CVC Corp, subscreveu o equivalente a R$ 100 milhões em ações ordinárias. O acordo envolvendo a injeção de recursos da GJP foi anunciado em 2 de junho e previa, inicialmente, aporte de R$ 75 milhões em uma potencial oferta pública de distribuição primária de ações.

A quantidade de ações inicialmente ofertada foi acrescida em 100% do total, ou seja, 83.333.333 ações ordinárias de emissão da companhia e 41.666.666 bônus de subscrição, que também foram destinados a atender o excesso de demanda que foi constatado no momento em que foi fixado o preço por ação.

Crise

No começo de junho, a CVC Corp comunicou que seu Conselho de Administração havia aprovado a nomeação de Fábio Godinho como novo CEO, substituindo Leonel Andrade, que renunciou ao cargo no fim de maio. Um mês antes, Marcelo Kopel, executivo que até então exercia a função de CFO, já havia decidido deixar a companhia.

A debandada foi mais um capítulo de um momento conturbado da empresa, cujo ponto de partida, há três anos, foi a descoberta de distorções contábeis na operação. Em 2020, quando foi nomeado CEO, parte do desafio de Andrade era reverter a crise de imagem gerada pelo caso. Entretanto, a gestão do executivo foi marcada por um desafio ainda maior: a chegada da pandemia, que impactou fortemente o turismo, e consequentemente, a CVC Corp. Neste contexto, o grupo fez três aumentos de capital privados e um follow on para reduzir sua dívida, que chegou a R$ 2 bilhões.

A empresa também apostou em duas renegociações na tentativa de equilibrar a operação. A mais recente ocorreu em março desse ano, quando alongou uma dívida de R$ 700 milhões que venceria em curto prazo. Uma das condições no processo era justamente fazer um novo follow on. Em outra frente, ainda segundo o NeoFeed, a empresa vinha negociando uma fusão com a Decolar. No entanto, a possibilidade de um acordo esfriou após a oferta subsequente de ações pela CVC Corp.

As ações da empresa encerraram o pregão de ontem (22) em queda de 3,53%, cotadas a R$ 3,83. No acumulado de 2023, os papéis registraram recuo de 14,6%. A empresa está avaliada em R$ 1,12 bilhão.

(*) Crédito da foto: Divulgação/CVC Corp