O momento não poderia ser pior. Depois de seguidos balanços negativos, reperfilamento de dívida e saída de CFO, agora a CVC Corp ficou sem sua principal liderança. Com a saída de Leonel Andrade, renúncia que pegou o mercado de surpresa ontem (24) à noite, a maior operadora do Brasil vai enfrentar pela frente mares turbulentos sem ter ninguém no leme. O executivo ficou pouco mais de três anos no posto.

A saída de Andrade do cargo coincide com o momento em que a ação da CVC Corp foi uma das maiores baixas da Ibovespa, recuando 7,57% e chegando a R$ 2,81, segundo conteúdo publicado no InfoMoney. No acumulado deste ano, as ações estão em queda de 37,4%, muito devido à perda de confiança dos investidores com o endividamento e os resultados aquém do esperado pelo mercado.

Segundo comunicado, o Conselho de Administração já iniciou o processo de sucessão dos executivos ao lado do Comitê de Pessoas e Sustentabilidade. Até a nomeação dos novos profissionais, a CVC criou um Comitê de Transição, que será liderado por Sandoval Martins e que começa a operar hoje (25).

Ainda, durante esse período, Eliane Silveira Lapa assumirá o cargo de diretora de Governança Corporativa e Compliance com o de diretora de Relações com Investidores. A ação da CVC foi uma das maiores baixas do Ibovespa nesta quarta-feira (24), recuando 7,57%, aos R$ 2,81.

Desafios da nova gestão

O sucessor de Andrade assumirá a maior operadora de viagens do país com capex limitado, competição acirrada com plataformas digitais e ações em queda. Com cerca de 1,1 mil lojas espalhadas pelo país, a CVC Corp está em fase de renegociação de dívida e muitos desafios operacionais, como rentabilizar a demanda por viagens, além de reconquistar a confiança dos investidores.

Segundo a Bloomberg, a operadora terminou março com uma dívida bruta de R$ 1,042 bilhão, composta por debêntures e contas a pagar de aquisição de participações em outras companhias. No início de abril, o grupo fechou um acordo de reperfilamento da dívida com debenturistas — em um processo de reorganização iniciado por Andrade. Atualmente, os principais credores da CVC são o Citigroup e a gestora JGP.

As negociações com os credores foram concluídas em abril e os termos serão refletidos no balanço do segundo trimestre. O ex-CEO teria capital limitado para investir e fazer a companhia crescer. No primeiro trimestre, a CVC Corp registrou prejuízo líquido de R$ 128 milhões, 23,3% menor do que o observado no mesmo período do ano passado.

Com a paralisação do turismo por conta da pandemia, a dívida da CVC explodiu. Agora, existem restrições definidas com os credores, como o limite máximo do capex (R$ 152 milhões) no ano e um nível de alavancagem que não pode ultrapassar 3,5 vezes.

No primeiro trimestre, o capex caiu 42% na comparação anual, para R$ 34,8 milhões, com reflexo na conclusão da maior parte do investimento na digitalização da companhia.

(*) Crédito da foto: Divulgação/CVC Corp