Considerando a evolução do processo de desinflação, ou seja, de queda da inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu reduzir, em comunicado divulgado ontem (20), a taxa Selic em 0,50%, indo de 13,25% para 12,75%, menor patamar desde maio de 2022. Sem prejuízo no objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, a decisão implica na suavização das flutuações do nível de atividade econômica.

Além disso, o Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. Se confirmado o cenário esperado, os membros do Copom, de forma unânime, preveem redução na mesma proporção nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política necessária para o momento, de queda da inflação.

Cabe ressaltar que, nos EUA, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) manteve sua taxa básica de juros entre 5,25% e 5,50%, confirmando a expectativa dos analistas. Além disso, a instituição sinalizou que a Selic deverá ficar mais alta por mais tempo e que pode haver nova subida neste ano, mas sem especificar quanto. Isso acontece porque o país está em um ciclo diferente em comparação ao do Brasil, que vem conseguindo conter a inflação mais rapidamente.

Projeções

No comunicado informando a redução da taxa Selic, o Copom também divulgou as projeções da inflação em seu cenário de referência. O Comitê prevê 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. Já as previsões para a inflação de preços administrados são de 10,5% neste ano, 4,5% em 2024, e 3,6% em 2025.

A instituição ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os elementos de alta para o cenário inflacionário, destacam-se maior persistência das pressões inflacionárias globais, maior resiliência da inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.

Já entre os riscos de baixa, ressaltam-se maior desaceleração da atividade econômica global e impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.

(*) Crédito da foto: Pedro Lareira/Folhapress