Confetur: abertura destaca potencial turístico de São Paulo

Agora há pouco, no WTC Events Center, em São Paulo, foi aberta a 2ª Confetur (Conferência Internacional de Turismo), realizada pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, e apoio do São Paulo Negócios e SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau), trazendo diversas discussões relevantes para o setor.

Na cerimônia de abertura do evento, que acontece entre hoje (30) e amanhã (31) e tem como tema São Paulo: turismo para todo mundo, estiveram presentes nomes como Marta Suplicy, secretária Municipal de Relações Internacionais; Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo; Carlos Henrique Sobral, secretário Nacional de Infraestrutura, Crédito e Investimentos no Turismo do MTur (Ministério do Turismo); e Rodolfo Marinho, secretário Municipal de Turismo de São Paulo.

Abrindo oficialmente a Confetur, Marta falou sobre o potencial turístico da capital paulista. “Isso é possível graças ao comprometimento das gestões até aqui, à dedicação dos paulistanos, e à eficiência dos serviços do setor. Isso atrai turistas de diversos continentes, sempre com olhar inclusivo, respeitando a pluralidade cultural e com atenção à agenda 2030 das Nações Unidas”.

“Todas as áreas, do turismo às relações internacionais, se dedicam arduamente na construção de uma cidade cada vez mais justa, inclusiva, inovadora, criativa, global, e principalmente sustentável. Temos apostado muito nas oportunidades de promover o turismo sustentável e os chamados empregos verdes, tendência que cresce cada vez mais no turismo de diversos destinos”, complementou.

Potencial turístico

Dando continuidade à abertura do encontro, Lucena ressaltou a importância de eventos como o Confetur para discutir temas relevantes para o turismo. “É necessário trabalhar com planejamento a longo prazo, e isso exige a capacidade de antevermos cenários. Para isso, precisamos olhar no retrovisor e fazer a leitura correta dos dados, números, estatísticas, e entender o que temos feito com políticas públicas, e assim definir o que precisa ser revisto e reposicionado”, afirmou o secretário.

“Quando enxergamos o turismo como negócio e indústria, com 2,3 milhões de empregos gerados, compreendemos a importância do setor, que tem consigo oportunidades estratégicas para o desenvolvimento econômico”, acrescentou Lucena.

Fechando a cerimônia de abertura da segunda edição da Confetur, Marinho destacou a importância do encontro e das discussões trazidas para o setor. “Serão dois dias de imersão, troca e conversas sobre o que estamos fazendo de bom e o que precisa melhorar”, pontuou.

Confetur - Rodolfo_Marinho

Marinho destacou a importância de discussões e debates para o setor

Durante sua fala, o secretário falou sobre desafios do turismo no período pós-pandemia. “Nós aceitamos os desafios e estamos indo muito bem, criando políticas públicas e dialogando com o trade de uma forma bem ajustada. Fecharemos o ano com 2,6 mil eventos geridos pela Secretaria Muncipal de Turismo e pela SPTuris. É um marco extremamente importante”, reforçou.

Segundo Marinho, só o Autódromo de Interlagos gerou, em 2023, 120 mil empregos. “Fico muito feliz com os desafios que foram entregues a nós e de estarmos hoje aqui discutindo as melhores práticas para o turismo, não só em São Paulo, mas no país inteiro”, finalizou.


Estratégias de fomento para o turismo brasileiro

Dando continuidade à programação da Confetur, aberta há pouco, aconteceu o painel Estratégias para o crescimento do turismo no Brasil: diálogos com o estado e capital paulista.

O momento contou com as presenças de Carlos Henrique Sobral, secretário nacional do MTur (Ministério do Turismo); Cândido Ramos, prefeito de Nazaré Paulista (SP) e presidente da Amitesp ( Associação das Prefeituras dos Municípios de Interesse Turístico do Estado de São Paulo); Fábio Montanheiro, coordenador de Informação e Inteligência em Dados da Embratur; Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo; e mediação de Rodolfo Marinho, secretário Municipal de Turismo de São Paulo.

Dando início ao debate no primeiro painel da Confetur, Lucena destacou que a Setur-SP está qualificando e “envelopando os destinos turísticos de São Paulo para colocá-los na prateleira para os turistas”. “Temos a capital como um grande indutor do turismo, mas precisamos também voltar os olhos para outros destinos, que oferecem diversos atrativos ao visitante, seja no turismo religioso, de lazer, de negócios, ecoturismo, entre outros”, afirmou.

Em seguida, Ramos pontuou a participação de municípios como Nazaré Paulista no turismo do estado de forma geral. “O turista que vem para a capital, em muitos casos sente vontade de visitar e conhecer destinos próximos. Assim, é necessário nos organizarmos pensando justamente nessa possibilidade”, complementou.

Estratégias

No painel, Marinho reforçou que, atualmente, os municípios têm se preparado de forma mais assertiva para atrair demanda turística. “Isso é um exemplo do que políticas públicas mais orgânicas podem fazer, não necessariamente com um orçamento grandioso”, analisou.

Confetur - Painel_Estratégias

Painel discute estratégias de fomento do turismo

“O Brasil é um país que respeita a diversidade e isso é muito bom para o turismo da capital e do estado como um todo. Quando o estado e os municípios elaboram roteiro que contemplam essa diversidade de atrações e culturas, os indicadores do setor, sem dúvida, irão aumentar”, acrescentou Montanheiro.

Durante sua fala, o executivo da Embratur ressaltou o aquecimento da demanda internacional no Brasil, com o número de chegadas crescendo exponencialmente e se igualando ao período pré-pandemia. “Dessa forma, estamos trabalhando em estratégias para aumentar esse número, e o estado de São Paulo segue liderando o ranking de chegadas de turistas estrangeiros, entre 2018 e 2023, com 8,3 milhões”, endossou.

No debate, Sobral mencionou o crescimento das viagens corporativas, que faturaram R$ 1,2 bilhão em agosto, 27,7% superior ao mesmo período de 2019, segundo dados da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas).

Além disso, ele comentou dados da hotelaria, que terá 108 novos hotéis até 2027, segundo o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), com investimento total de R$ 5,7 bilhões. Sete em cada 10 hotéis, apontam os dados, são construídos em destinos do interior. “Isso mostra claramente o crescimento do potencial turístico fora das capitais, o que é muito positivo para o setor, e o MTur tem trabalhado alinhado com essas tendências”, concluiu.


Como a tecnologia e inovação contribuem com o turismo?

O segundo painel da programação da Confetur, intitulado Tecnologia, desenvolvimento e sustentabilidade no turismo: iniciativas que fazem a diferença, teve participação de Roberto Antunes, diretor Executivo do Nest (Centro de Inovação do Turismo de Portugal); e Eduardo Lorea, CEO da Numerik.

No momento inicial do debate, Lorea falou do Turistech Hub, iniciativa que parte do princípio de que a agenda da inovação é pautada por quem participa do ecossistema do turismo. “É um convite para que os atores envolvidos participem das iniciativas, tornando o turismo mais atrativo, sustentável e competitivo”, ressaltou.

O hub, segundo o executivo, promove diversas atividades ao longo do ano, como mentorias, pesquisas, grupos de aceleração de startups, desafios de negócios, formação de líderes, entre outras ações.

Inovação e turismo

Iniciando sua participação na Confetur, Antunes falou sobre as iniciativas do Nest. “Hoje, Portugal está em uma posição muito importante, quando falamos de turismo. E o Nest trabalha gerando dados de inteligência para o setor, que é extremamente relevante para nossa economia. Assim, estamos trabalhando com foco na inovação para o segmento, elevando seu crescimento”, pontuou.

Confetur - Roberto_Antunes

“Digitalização é fundamental se quisermos elevar o turismo a outro nível”, disse Antunes

 

“Nosso objetivo é disseminar a tecnologia e a digitalização pelo setor. É um espaço muito amplo para oportunidades, desde o turismo inteligente, passando por novos canais de venda, digitalização do processo como um todo. Enfim, são diversas ações, estratégias e iniciativas”, acrescentou.

Dentro desse ecossistema, o Nest trabalha com outras entidades, como Turismo de Portugal e Portugal Ventures, para trazer cada vez mais soluções e recursos para o setor.


O turismo 360° nas grandes metrópoles

Dando prosseguimento à programação da segunda Confetur, aconteceu o painel São Paulo para todo mundo: turismo 360° na maior metrópole do Brasil.

O bate-papo contou com participação de Hubber Clemente, fundador da startup Afroturismo HUB; Gabriel Menezes – Mena, artista urbano; Dika Vidal, secretária adjunta Municipal da Pessoa com Deficiência; Luis Fernando de Almeida, diplomata; Ricardo Gomes, coordenador de Turismo da Aliança Nacional LGBTQIA+; e Amâncio de Oliveira, professor e vice-diretor do Museu do Ipiranga.

Iniciando a conversa, Mena falou sobre a contribuição da arte como fator determinante para tornar a cidade mais atrativa para os turistas. “A arte está presente na vida de todos nós, embeleza a cidade, e minhas intervenções nos prédios de São Paulo atuam muito nesse sentido. É uma capital banhada de arte, que pode ser ainda mais colorida e bonita”, destacou.

Representatividade no turismo

Na continuidade do bate-papo, Clemente destacou a importância do chamado afroturismo. “É o maior movimento de identidade e representatividade racial no turismo, focando no turista negro, no aliado da causa antirracista. Então, a ideia é contemplar toda essa inclusão por meio do ciclo do turismo”, apontou.

“Quando falamos da cidade de São Paulo, podemos dizer que ela tem um potencial enorme nesse sentido. Afinal, é a cidade com mais habitantes negros fora do continente africano. Nesse cenário, é preciso que essas pessoas se reconheçam e se identifiquem quando forem participar de alguma atividade turística”, complementou Clemente.

Durante sua fala, o palestrante destacou o consumo identitário, ou seja, de conteúdos voltados à representatividade étnica e racial, consideravelmente forte dentro do cenário do afroturismo. “Por isso, é importante que promovamos eventos, encontros, sempre voltados para essas pessoas”, concluiu Clemente.

Criando atrativos

Em seguida, Oliveira falou sobre a ampliação do Museu do Ipiranga, que agora tem capacidade de receber 900 mil turistas por ano. “Ele tende a ser o segundo museu mais visitado do país, ficando atrás apenas do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro”.

“O museu é todo dotado de recursos digitais e tecnológicos, que reforça a cultura material, com exposições bastante diversas, com áreas atrativas e imersivas. Nosso trabalho em acessibilidade nos fez ganhar diversos prêmios, e isso é um grande orgulho para nós. É um equipamento extremamente importante para ajudar a impulsionar o turismo brasileiro”, acrescentou o professor.

Cultura inclusiva

Prosseguindo com o debate, Dika falou sobre a importância de criar atrativos para as PCDs. “A pessoa com deficiência existe e merece ser amada, respeitada e incluída. Uma das nossas iniciativas é o Sampa Tátil, que disponibiliza 15 superfícies táteis com a fachada de pontos turísticos e históricos da capital paulista”, explicou.

“As pessoas não sabiam quais eram os pontos turísticos acessíveis da cidade. Por isso, traçamos um mapa desses locais. É necessário quebrar as barreiras comunicacionais, digitais e promover a acessibilidade, de fato”, complementou Dika.

Entre as outras iniciativas da secretaria, está a CIL (Central de Intermediação em Libras), serviço que, por meio de videochamada, promove a comunicação entre pessoas surdas.

Confetur - Painel_Turismo_360

Painel debate políticas inclusivas no setor

Gomes falou sobre a promoção do turismo LGBTQIA+ no Brasil, e fomento do negócios voltados a esse grupo. “Hoje, 77% dos LGBT dão preferência a empresas que prestam serviços que tenham um viés de inclusão. Todo turista pertencente a essa comunidade procura produtos inclusivos”, ressaltou.

De acordo com dados apresentados da OutNow apresentados pelo executivo, o Brasil é o segundo mercado no turismo LGBT, ficando atrás apenas dos EUA. “É um turismo muito importante e rentável, mas ainda há um caminho longo a percorrer e gargalos para superar, como representatividade na publicidade, sensibilização e capacitação, entre outros pontos. Seguimos trabalhando para mudar esse cenário”, afirmou Gomes.

Desenvolvimento sustentável

Fechando o painel, Almeida fez considerações acerca da importância de fomentar o desenvolvimento sustentável no turismo. “O turismo, além de preservar, traz muita renda e não agride o meio ambiente. A gente não precisa sair de São Paulo para ter acesso a ecoturismo e turismo de aventura”, enfatizou.

“Conheça e surpreenda-se. Temos diversas áreas naturais, com trilhas, mata preservada e contato com povos originários. Sâo Paulo, definitivamente, não é só prédio. Há muito o que se ver e aproveitar”, finalizou Almeida.

(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa/Hotelier News