Mesmo antes de 2023 chegar, as expectativas para o turismo já eram altas. No início de dezembro, a FecomercioSP projetou incremento acima de 50% frente a 2022. Após a virada do ano, as perspectivas seguem otimistas, considerando a quantidade de feriados e demanda reprimida no segmento de viagens. Para a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o setor deve ter aumento real de 2,9% nas receitas nos próximos 12 meses.

Levando em conta o aperto nas finanças das famílias e menor nível de atividade econômica esperados este ano, os números são positivos. Para o setor de serviços, a entidade prevê que o volume de receitas cresça 1,6%.

Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, a perspectiva é de desaceleração da retomada da pandemia em 2023. “Mesmo tendo sido um dos mais castigados pelas consequências econômicas decorrentes da pandemia, quando comparado aos demais setores, os serviços apresentam o maior avanço na comparação setorial, em relação ao nível de atividade verificado antes do início da crise sanitária”, aponta Tadros.

Estabilidade dos serviços

A PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de novembro de 2022, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) hoje (12) registrou variação nula (0%) na comparação com o mês anterior, já descontados os fatores sazonais. Em relação a novembro de 2021, houve avanço de 6,3% – o 21º consecutivo.

Se, por um lado, os transportes e os serviços profissionais e administrativos tiveram altas de 0,3% e 0,2%, respectivamente, a prestação de serviços às famílias e o segmento de informação e comunicação impediram o avanço das atividades terciárias (com quedas de 0,8% e 0,7%, nessa ordem). O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também medido pelo IBGE, registrou variação de 0,13% em novembro, o menor desde a deflação de maio de 2021.

“Esse foi um dos fatores que evitaram que o setor de serviços apresentasse queda”, explica Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelas projeções

Segundo o especialista, como a prestação de serviços é menos dependente do comportamento da taxa de juros, diferentemente do consumo de bens duráveis, por exemplo, observa-se um avanço mais intenso desse segmento em relação aos demais. Enquanto o setor de serviços aumentou 11% em relação a fevereiro de 2020, o varejo cresceu 3%, o turismo teve queda de 3% e a indústria reduziu 2% seu nível de atividade.

Turismo em reconstrução

Por conta do cenário econômico desfavorável da segunda metade de 2022, a PMS apontou leve recuo nas atividades do turismo, em novembro, de 0,1%. Em relação ao mesmo mês de 2021, no entanto, houve avanço de 11,8%. “Isso indica uma constância na recuperação do segmento após as perdas significativas nos anos de 2020 e 2021”, acrescenta Bentes.

A principal trava do crescimento do turismo continua sendo o aumento das passagens aéreas, que fechou 2022 com alta de 23,5%. Mesmo com preços elevados, o fluxo de aeronaves, que teve queda de 89% durante a primeira onda da pandemia, hoje é apenas 6% inferior ao verificado em fevereiro de 2020.

Feriados dão boas perspectivas

A maior quantidade de feriados neste ano do que em outros anos deve contribuir para o processo de regeneração do nível de atividade do turismo ao longo de 2023. Ao contrário do ano passado, o calendário de 2023 contará com diversos feriados ou pontos facultativos prolongados. De acordo com a CNC, cada um desses períodos pode injetar até 2,1% no volume anual de receitas do setor. Assim, a projeção da receita real das atividades turísticas deve receber o maior incremento desde 2018: R$ 74,3 bilhões, o equivalente a aproximadamente 18% do faturamento do setor.

Sem contar comemorações regionais e das datas fixas de carnaval, Sexta-Feira Santa e Corpus Christi, o turismo deve apresentar movimentações extras nos Dias da Independência, de Nossa Senhora Aparecida e de Finados (todos celebrados neste ano em quintas-feiras), Tiradentes, que cai em uma sexta-feira, além do Dia Internacional do Trabalhador, Natal e Ano-Novo – celebrados em segundas-feiras.

(*) Crédito da foto: Rogério Cassimiro/MTur Destinos