Pelo terceiro mês seguido, os comerciantes vivenciam um cenário pouco otimista, de acordo com o Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), apurado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), que prevê aumento da geração de empregos no turismo para a alta temporada. A pesquisa da entidade aponta que, em novembro, o indicador teve redução mensal de 1,3%. Por outro lado, o resultado não anula o desempenho da confiança empresarial, que cresceu 9,7% em 2021.

Mesmo caindo oito vezes em 11 meses, indicando cenário de oscilação do otimismo, o índice registrou 119 pontos e permaneceu na zona de satisfação, ou seja, acima de 100. Os resultados foram influenciados por variações negativas do subíndice Condições Atuais do Empresário do Comércio, que observou redução em todos os itens que o compõem: condições atuais da economia, do setor e da empresa.

De acordo com José Roberto Tadros, presidente da CNC, os números demonstram que, apesar do aumento da circulação de pessoas nas ruas, o cenário econômico ainda tem afetado significativamente a confiança empresarial.

“Os dados indicam que, apesar de fundamental, o avanço da vacinação já não tem sido mais suficiente para injetar ânimo no comércio. Será preciso que a situação da economia melhore para a recuperação acontecer”, avalia.

CNC: inflação contribui para redução de confiança

De acordo com Antonio Everton, economista responsável pela pesquisa, fatores como a inflação, a desvalorização da moeda, os juros, a escalada nos preços dos combustíveis e o aumento da energia próximo à chegada do verão contribuem constituem cenário instável para vendas.

Entre os componentes analisados pelo Icec, apenas o que se refere às intenções de investimento teve variação positiva no mês, apresentando crescimento de 0,5%, resultado que pode ser atribuído, segundo a análise, ao término do ano e à sazonalidade de compras de Natal. O item relativo a condições atuais do empresário do comércio teve a maior queda mensal, com 4,1%. Por fim, o item expectativas do empresário do comércio obteve a menor retração, 0,7%.

Somados aos fatores diretos, outros itens corroboram para compor o cenário de redução de confiança dos empresários, como o encerramento do auxílio emergencial, o aumento do endividamento das famílias e a elevada taxa de desemprego.

“Na prática, compõem um conjunto de elementos que se tangenciam na contramão da virtuosidade, tornando a fase de recuperação mais complexa. O contexto ajuda a explicar, então, por que há maior circulação de pessoas, e a movimentação parece não impactar no crescimento das vendas e do otimismo”, finaliza Everton.

(*) Crédito da foto: Alexas_Fotos/Pixabay