*Matéria publicada originalmente no site Que Gostoso!, de Claudio Schapochnik

Aprecio comida nordestina, seja da costa ou do interior, e no mês passado conheci uma super bacana casa cearense no eclético bairro de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. O restaurante é Cantinho do Baião de Dois, onde saboreei o prato que dá nome ao estabelecimento. O lugar, do casal Milton e Vilma (que prepara a comida), é honesto e entrega muito bem o que se propõe.

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No alto detalhe do baião de dois do restaurante Cantinho do Baião de Dois e, acima, a singela entrada da casa, em Pinheiros

 

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O muito bom baião de dois da casa

 

Minha ida ao Cantinho foi graças a uma dica do jornalista Sérgio Ripardo, que também é cearense como o casal proprietário. Ele escreveu na página dele no Facebook, em outubro de 2021, um post sobre o restaurante. Gostei da sugestão e fiquei de ir numa oportunidade.

Conheço o Ripardo da virada do milênio, quando trabalhamos juntos, por pouco tempo, no então “Agrofolha”, suplemento semanal de agropecuária da Folha de S.Paulo. Eu cobri um período de férias e saí, e o Ripardo permaneceu. Tempos depois, ele voltou para Fortaleza. No ano passado, salve engano, retornou à capital paulista. Na calçada da estação Vila Madalena do Metrô, sem combinar nada, reencontrei meu colega de profissão. Foi bem bacana.

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O jornalista Sérgio Ripardo e o seu Milton, em outubro de 2021

BASTANTE SIMPLES

O restaurante cearense é muito simples, a começar pela entrada com parede pintada de verde, com uma samambaia, um cardápio escrito a giz e um cartaz já bastante desbotado pelo sol.

Dentro, com a parede já pintada de amarelo, há algumas mesas com cadeiras e o caixa em cima do balcão refrigerado onde ficam as cervejas, os refrigerantes e as duas sobremesas da casa — doce de leite de caroço e cocada de colherada.

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Destaques do cardápio, escrito a giz, voltado para a rua

 

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Mesas no interior do salão do restaurante; há mais mesas no andar de cima

Neste local que fica o “QG” seu Milton, um cearense super simpático, educado e conversador radicado há muitos anos em São Paulo. De lá, em frente à escada, ele anuncia o pedido à sua esposa, Vilma, que fica na parte superior do restaurante. Seu Milton sobe e desce aquela escada muitas vezes, portanto, faz seu exercício no horário do trabalho.

Foi nesse ambiente bastante simples e simpático, que iria começar meu almoço com as entradas, no caso, salgadinhos. Mas só ficou na vontade, pois o bolinho de carne de sol com macaxeira e coxinha de galinha com massa de jerimum (nome dado à abóbora no Nordeste) somente são preparados sob encomenda.

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Parte da parede interna da casa serve de menu também

ALMOÇO

Minha estreia na casa foi com o prato que dá nome ao restaurante: baião de dois com carne de sol, macaxeira (mandioca) cozida na manteiga de garrafa e queijo coalho grelhado na manteiga (R$ 22). Sem coentro. Para beber pedi uma cerveja (R$ 15, 600 ml).

O prato chegou rápido à mesa e super bem servido, com cerca de 700 gramas de comida no total, assegurou o seu Milton. O prato é de ágata, um charme.

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Outro detalhe do baiao de dois do restaurante

 

O baião de dois estava bem quente, como eu gosto — herança do meu querido pai, Edison, que falava que comida salgada se come quente. Concordo 100%. Havia uma boa quantidade de comida, o suficiente para uma pessoa ficar bem satisfeita.

O baião de dois é, como destacou o seu Milton, autêntico, sem modas ou firulas, “como sempre comi lá no Ceará”. Deve haver variações entre os Estados nordestinos ou até de cidade pra cidade, então comi o baião de dois cearense. E gostei muito.

O prato vem com uma bela “cama” de baião de dois e, por cima, belos nacos de carne de sol, alguns pedaços de macaxeira e a linda fatia tostada de queijo coalho. Tudo em harmonia e bem temperado. Que gostooooooso!

A fatia do queijo coalho… Que gostoooooso! Por outro lado, alguns dos pedaços de macaxeira, que pena, não estavam macios.

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Hummm… A cobertura do queijo coalho frito

TRATAR SUPER BEM O CLIENTE

Havia molho de pimenta na mesa mas, no meu gosto, não era forte. Aí entra a componente “atender bem o cliente”, e o seu Milton foi um gentleman.

Após ele ouvir que o molho de pimenta não me agradou, ele sugeriu trazer uma das pimentas mais ardidas do mundo: a carolina reapper. Aprovei e agradeci. Minutos depois chegou uma unidade num prato.

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A carolina reapper que o seu Milton me ofereceu

 

Cortei apenas um pedaço e coloquei no meu baião de dois… Aí a temperatura aumentou bastante. Que gostooooooso!

SUCO DE CAJU SENSACIONAL

Ainda no quesito bebida, pedi o suco de caju da casa (R$ 10, 300 ml). O que é isso?!?! Foi o mais gostoso suco de caju que bebi na minha vida até aquele momento, sério.

De polpa ou industrializado? Jamais. Anos luz de distância. O suco é batido da própria fruta e, de fato, bebi a fruta na forma líquida. Que gostooooooso! Repeti o suco.

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Ah, esse suco de caju… É MARA!

Poderia beber um litro dessa delícia.

Ainda sobre o caju, o restaurante oferece refrigerante de cajuína (R$ 12, 1 l).

SOBREMESA

As sobremesas da casa são bem brasileiras: doce de leite de caroço e cocada de colherada. Os nomes soaram diferentes para mim.

Ambos os doces fecharam super bem o almoço típico nordestino e cearense. Que gostooooooso!

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A cocada e o doce de leite: muito bons

 

Se o baião de dois foi excelente, imagino os demais pratos da casa: arrumadinho, escondidinho de camarão com massa de gerimum, escondidinho de carne de sol com massa de macaxeira, peixada à moda cearense, bobó de camarão com camarão frito e nhoque de macaxeira ao sugo com carne de sol na manteiga de garrafa, entre outros.

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O casal Milton e Vilma, dono do Restaurante Cantinho do Baião de Dois

 

Recomendo pra caramba o Cantinho do Baião de Dois. Comida bem saborosa, ambiente simples e atendimento nota dez. Pretendo voltar.

SERVIÇO:
Restaurante Cantinho do Baião de Dois
Rua Ferreira de Araújo, 881, Pinheiros, São Paulo/SP
Whatsapp: (11) 94519-1069
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 11h às 17h; sábado, das 11h às 15h; fecha aos domingos
Instagram

(*) Crédito das fotos: Claudio Schapochnik e reprodução das redes sociais