Diante da piora nas projeções para o crescimento econômico brasileiro e das discussões acerca da atuação do BC (Banco Central) na questão, economistas vêm tentando antecipar as decisões da entidade. De acordo com a Folha de S. Paulo, a expectativa do mercado para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que acontece na quarta-feira (22), é que o BC preserve sua postura rígida. A atitude implicaria manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% pela quinta sessão consecutiva. 

A pesquisa da Reuters, realizada entre segunda-feira (13) e ontem (16), com a participação de diversos economistas, também prevê que o BC provavelmente afastará as esperanças de qualquer afrouxamento iminente da política monetária. Vale dizer que não há dissidência nas expectativas, pois entre os todos os 30 especialistas entrevistados, nenhum deles apontou alguma projeção diferente. 

Em função da turbulência do mercado acerca de questões do setor bancário, analistas também consideraram a possibilidade do BC suavizar a postura caso o Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) modere o aperto. Entretanto, autoridades do Brasil e de outras economias de mercados emergentes devem evitar seguir potenciais movimentos, visto que a crise bancária se mantém ainda nos Estados Unidos e na Europa.

Visando evitar alimentar pressões inflacionárias, o BC deve seguir preparando terreno para um período mais longo de juros elevados. Em virtude disso, as projeções dos entrevistados para o terceiro trimestre se encontram em 13,75%, ante 13,50% no mês passado. 

Sem cortes, seja qual for o caso

Para alguns, no entanto, a decisão do BC deve permanecer a mesma, independentemente do anúncio de um novo arcabouço fiscal que agrade o mercado antes do anúncio do Copom. É o caso de Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, segundo a Bloomberg Línea. De acordo com o economista, o comitê pode até acenar para o governo ao reconhecer avanços sobre o plano fiscal, mas sem qualquer sinalização de corte de juros.

“É cedo demais para falar em corte da Selic. Temos a inflação fora da meta e um problema fiscal que não foi resolvido”, afirma Loyola, que liderou a autoridade monetária do país em dois períodos, no governo de Itamar Franco e no de Fernando Henrique Cardoso. “Ainda que a regra fiscal seja bem recebida, os investidores ainda precisariam aguardar a aprovação do Congresso”, acrescenta.

Para ele, o corte de juros deve vir apenas em setembro, embora creia que possa acontecer antes se um “arcabouço robusto” for aprovado ou se a economia se deteriorar com a tensão externa. No entanto, no que diz respeito às turbulências geradas pelo Credit Suisse, na Europa, e pelo Silicon Valley Bank, nos Estados Unidos, Loyola não vê indícios de uma crise global semelhante à de 2008. “Os reguladores americanos e europeus estão agindo e a crise não deve se espalhar”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Pedro Lareira/Folhapress