Entre planos ambiciosos e resultados recordes, é seguro dizer que a transição entre 2023 e 2024 tem sido otimista para o Airbnb. Depois de um terceiro trimestre de desempenho positivo, a companhia divulgou seu balçano financeiro do último ano, com Ebitda Ajustado de US$ 3,7 bilhões, representando aumento de 28% em relação a 2022, informa o Phocuswire.

A empresa relatou, ainda, receita anual de US$ 9,9 bilhões, alta significativa em relação aos US$ 8,4 bilhões alcançados no ano anterior. O quarto trimestre também registrou crescimento robusto, com Ebitda Ajustado de US$ 738 milhões, incremento de 46% em comparação com o mesmo período de 2022, além de faturamento de US$ 2,2 bilhões, que representa avanço de 17% em igual base comparativa.

O inventário do Airbnb cresceu para 7,7 milhões de propriedades, com expansão de dois dígitos em todas as regiões. A empresa também alcançou a marca de 5 milhões de anfitriões, com listagens ativas aumentando 18% no quarto trimestre de 2023. A maior parte dessa expansão ocorreu nas regiões da Ásia-Pacífico e América Latina, que também registraram o maior aumento anual nas noites e experiências reservadas.

Em análise dos resultados anuais e do quarto trimestre, Brian Chesky, co-fundador e CEO do Airbnb, destaca que o crescimento do inventário é um indicativo da capacidade da companhia de sustentar uma expansão a longo prazo. Ele observou que grande parte do avanço é orgânico, com 36% dos novos anfitriões sendo hóspedes anteriores. Chesky enfatizou que ter mais propriedades no Airbnb é benéfico porque “quanto mais oferta, mais alívio em relação aos preços”.

Apesar da alta nos gastos com Vendas e Marketing, indo de US$ 1,5 bilhão para US$ 1,76 bilhão, a porcentagem de receita direcionada a essas áreas caiu ligeiramente para 17,8%, comparado a 18% em 2022. As noites e experiências reservadas aumentaram 14%, para 448 milhões durante o ano. Houve também crescimento de 12% no quarto trimestre, chegando a 98,8 milhões. O valor bruto das reservas alcançou US$ 15,5 bilhões no trimestre e US$ 73,3 bilhões para o ano, aumento de 16% em relação a 2022.

Airbnb e a IA generativa

Além disso, Chesky anunciou planos ambiciosos. O CEO pretende transformar o Airbnb com a adoção da IA (Inteligência Artificial), criando uma nova interface que ajudará a plataforma a atuar como uma companhia cross-vertical, como a Amazon e a Apple. Embora ainda não haja lançamentos de produtos concretos, o executivo prometeu anúncios relevantes ainda este ano, informa o Skift.

O CEO enfatizou que o foco não será na construção de um modelo de linguagem embasado em IA generativa, mas sim em desenvolver uma interface que permita uma experiência personalizada para os usuários. “Imagine um aplicativo que você sente que te conhece, é como o concierge perfeito, uma interface que é adaptativa e evolutiva e mudando em tempo real, diferente de qualquer interface que você já viu antes”.

A visão de Chesky é de uma plataforma que evolua para além de um único segmento de mercado, transformando-se em uma empresa horizontal que ofereça uma gama diversificada de serviços. “Isso nos permitiria ir de uma empresa de único vertical para uma empresa de múltiplos verticais. Porque uma das coisas que notamos é que as maiores empresas de tecnologia não atendem uma única vertical. Nós estudamos a Amazon no final dos anos 1990, início dos anos 2000, quando eles foram de vender livros para vender tudo, ou a Apple quando lançou a App Store. E essas empresas realmente grandes são plataformas horizontais. E eu acho que com a IA e o trabalho que estamos fazendo em torno de interfaces, é isso que o mercado pode esperar de nós”.

Brasil como pilar na estratégia de crescimento da companhia

Este ano, a empresa busca iniciar o processo de garimpar mais oportunidades de crescimento nos mercados internacionais, identificados por Chesky como “sub-penetrados”. “Estamos vendo ótimos resultados após o sucesso que tivemos nos últimos trimestres na Alemanha, Brasil e Coreia”, disse ele. “Agora estamos implementando nosso plano em outros países, incluindo Suíça, Bélgica e Holanda. Mas isso é apenas uma parte de uma estratégia muito maior. Porque sempre acreditamos que o Airbnb estava destinado a oferecer mais do que apenas um lugar para ficar. E agora é a hora de expandir o negócio principal e reinventar o Airbnb”.

A ideia é continuar a expandir o inventário, país por país. “Estamos apenas começando na Coreia”, revelou o CEO. “Estamos apenas começando na Alemanha. Estamos apenas começando no Brasil. O Brasil agora tem o dobro do tamanho do Oeste pré-pandemia, mas vai dobrar novamente. E então vamos continuar. Temos várias fases deste plano e a primeira fase está acontecendo na Coreia, Japão e Brasil. Mas vamos avançar para a próxima fase conforme continuamos a adicionar mais países”, finalizou.

(*) Crédito da foto: Freepik