Se a virada de ano decepcionou alguns, por ter caído num domingo, o calendário de feriados de 2017 promete compensar o contratempo. Ao longo do ano, as chamadas "pontes", quando feriados acontecem próximos aos finais de semana e permitem "emendas" com mais dias de folgas, podem ocorrer com frequência. Ao todo, serão dez feriados ou pontos facultativos nacionais prolongados, o que anima o setor de viagens e preocupa o setor de varejo.

Sobre o tema, representantes do segmento varejista e das agências de viagem falaram ponderando seu ponto de vista e perspectivas para uma temporada atípica. 

Para Marcos Balsamão, presidente da Abav-SP (Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo), o aumento previsto de 5% a 6% na movimentação do turismo doméstico em 2017 tem como principal estímulo, além dos nove feriados prolongados, a qualidade da oferta de pacotes turísticos "com preços e condições comerciais compatíveis ao perfil da demanda, devido às negociações realizadas pelas operadoras turísticas com os fornecedores".

"Tomando por base o dado disponível sobre a participação direta do turismo no PIB brasileiro em 2015, que foi de 3,5% (R$ 182 bilhões), o impacto econômico do crescimento previsto pela Abav deve representar aumento de, no mínimo, R$ 9,1 bilhões a R$ 10,9 bilhões para a economia nacional em 2017", opinou Balsamão.

Em consulta a área técnica do Ministério do Turismo, a Abav-SP obteve uma estimativa ainda mais favorável. "O número que a área técnica trabalha é de movimentação da ordem de R$ 20 bilhões nos feriados, com exceção do Carnaval, Natal e Réveillon", disse a Assessoria de Imprensa da pasta.

Para a Fecomércio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o varejo brasileiro irá amargar um prejuízo de R$ 10,5 bilhões em 2017 devido aos feriados nacionais, pontos facultativos e pontes. Sobre esse dado, Balsamão pondera: "Vale lembrar que a economia do turismo é responsável por um a cada 11 empregos em âmbito global. Não faz sentido contrapor os setores (turismo e varejo), mas sim unir forças em favor da modernização das relações trabalhistas.

Cautela nas previsões
No entanto, de acordo com Fábio Pina, assessor econômico da Fecomércio-SP, "os feriados elevam os custos para manter as lojas abertas. O varejo também perde no consumo por impulso e no deslocamento deste consumo por conta da letargia dos dias de feriado".

Já a projeção dos segmentos de turismo, bares e restaurantes, de acordo ainda com o levantamento da Fecomércio-SP, é otimista, com incremento no período de até 14% e 40%, respectivamente. "Aumento, com certeza, nós iremos ter. Mas o setor ainda depende muito da situação econômica do País. As esperanças do setor estão concentradas nesses feriados", declarou Jorge Pinto, presidente da Abav-BA – Associação Brasileira de Agências de Viagem setor Bahia, cuja projeção para cada feriado é a de incremento no número de vendas de 8% a 14%.

Para Silvio Pessoa, presidente da Febha – Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação, o número de feriados não é o suficiente para o bom desempenho dos setores. "Na realidade, este excesso de feriados prejudicam o turismo, com a nossa economia em frangalhos, os primeiros itens a serem cortados são: lazer e alimentação fora do lar. Quero lembrar que o ano de 2016 foi o pior dos últimos 30 anos e os feriados em nada nos ajudaram. Pois quem viaja a negócios com o feriado no meio da semana também fica prejudicado em seus contatos comerciais", afirmou o presidente.

Segundo Pessoa, "nos últimos dois anos, a ocupação hoteleira nos feriados foi inferior a péssima ocupação normal que houve durante o ano (53%), até a semana santa, que tinha um excelente movimento, teve vendas fraquíssimas. O Brasil teve uma retração do PIB de 3,6% e projeta-se um crescimento pífio de 0,5% em 2017. Existem hoje 13 milhões de desempregados, sem perspectivas a curto prazo. Como a população vai poder gastar dinheiro e viajar ainda mais?".

Serviço
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* Foto de capa: arquivo HN