Após atingir o faturamento de R$ 10,87 bilhões em setembro, o segmento de viagens corporativas volta a crescer em outubro. Segundo dados da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas) em parceria com a FecomercioSP, o setor atingiu a marca de R$ 11,32 bilhões no décimo mês de 2023 — o que representa incremento de 5,1% no comparativo anual ou acréscimo de R$ 548 milhões. No acumulado em 12 meses houve aumento de 14,5%.

De acordo com o estudo, embora os gastos com viagens corporativas estejam aumentando, não significa necessariamente que esses valores sejam impulsionados por uma elevação expressiva da demanda por viagens. Em maior número, o incremento está associado ao encarecimento das passagens, especialmente no segmento aéreo, decorrente do crescimento nos custos operacionais das companhias.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o preço médio das passagens aéreas subiu 67,2% no acumulado de setembro a novembro de 2023. Mas, de acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o volume de passageiros em voos domésticos permaneceu estável nesse intervalo, mantendo-se em torno de 7,58 milhões mensais. Vale ressaltar que essas informações fazem referência à média geral, sem diferenciar o setor corporativo, mas é fato que grande parte das empresas não antecipa a compra das passagens, pagando mais pelos traslados e contribuindo em maior grau com o aumento das receitas.

Em relação ao melhor desempenho registrado em outubro da série histórica, observado em 2013 e analisado pela pesquisa, o patamar atual apresenta uma queda de 4,4%, visto que, naquela ocasião, o faturamento atingiu R$ 11,84 milhões, já corrigido pela inflação do período.

O estudo ressalta que a prática comum de adquirir os bilhetes em datas muito próximas da viagem impacta significativamente o orçamento das empresas no atual cenário de preços elevados. Grandes corporações, com um planejamento mais robusto, conseguem ajustar suas despesas em viagens corporativas, muitas vezes redistribuindo recursos de outras áreas. Já as pequenas e médias, com opções mais limitadas, precisam fazer escolhas criteriosas, adiando participações em reuniões e eventos, participando remotamente para lidar com as restrições orçamentárias.

Preços pressionados

O levantamento demonstra também que, considerando o atual período de alta temporada e a impossibilidade de aumento da oferta, os preços deverão permanecer pressionados até, pelo menos, o primeiro trimestre do próximo ano. Isso implica na revisão dos planos para 2024 por parte das empresas, incluindo ajustes e possíveis cortes, o que pode impactar o setor de viagens corporativas.

No entanto, é notável que o volume de passageiros está elevado, devido à retomada das atividades presenciais e à realização de eventos. Assim, não é esperada uma retração, mas uma manutenção no nível de atividade que, em certa medida, limita o crescimento das receitas do setor, não de forma prejudicial, mas com uma restrição ao avanço.

“As viagens corporativas continuam impulsionando o setor. Esse incremento, embora seja bem-vindo, está relacionado ao encarecimento de diversos serviços. O mercado permanece robusto, mas a capacidade de ajuste das empresas é crucial para superar os desafios e garantir uma sustentabilidade financeira a longo prazo. A análise desses dados indica a necessidade de uma gestão ainda mais flexível e eficiente”, observa Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev.

(*) Crédito da capa: Pixabay