Três perguntas para: Toni Sando
5 de junho de 2020Sando: nesse processo, entendemos a importância da união do setor
Um dos principais nomes do turismo paulista na atualidade e à frente do Visite São Paulo, Toni Sando vem buscando soluções para a retomada consciente do setor unindo atores do governo e da iniciativa privada. Atuante em uma das, se não a mais importante, praça do país, o executivo conta quais são os planos para a volta do segmento na capital paulista.
Administrador de empresas, cursou pós-graduação de marketing na ESPM e tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Atuou no mercado financeiro em operações, marketing e produtos e, na hotelaria, na Accor como gerente geral de Marketing para a América do Sul.
Atualmente, é presidente executivo do São Paulo Convention & Visitors Bureau, fundação sem fins lucrativos mantida pela iniciativa privada, que atua há 36 anos na captação de eventos nacionais e internacionais, capacitação de profissionais e promoção do destino. Sando é também o presidente eleito da Unedestinos (União Nacional de CVBs e Entidades de Destinos), primeiro vice-presidente dos CVBs Latam e Caribe e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.
Três perguntas para: Toni Sando
Hotelier News: São Paulo iniciou sua flexibilização e se prepara para a retomada das atividades. Como o Visite São Paulo está trabalhando o retorno? Quais ações a entidade vem desenvolvendo para atrair turistas?
Toni Sando: O São Paulo Convention & Visitors Bureau, desde o início da pandemia, está em constante diálogo com o poder público, associações, entidades de classes e seus associados, tanto para debater os pleitos para superação da crise, quanto na criação das medidas de retomada, seguindo as orientações dos órgãos competentes, da ciência e medicina. Estamos engajados no atendimento às fases do Plano São Paulo e da boa execução dos protocolos criados em níveis municipais, estaduais e federais.
Para atração de visitantes, estamos incentivando todas as posturas necessárias para higiene e segurança dos equipamentos, entendendo e debatendo com a cadeia produtiva o retorno das feiras de negócios, importante fator para estimular a hotelaria e gastronomia, entre outros agentes da cadeia produtiva; abertura de atrativos; procura pelo turismo regional; recuperação da malha aérea; entre outros.
O momento exige cautela para não incentivar movimentos fora dos recomendados pelas autoridades. Mas estamos em conjunto, assim como os demais CVBs associados à Unedestinos, com nossos associados para a correta informação sobre os protocolos de abertura e diálogo com o poder público.
HN: A capital paulista tem um forte apelo de eventos culturais e corporativos. Com a pandemia, muitas ações foram canceladas ou remarcadas. Como o destino vai trabalhar essas lacunas em 2020?
TS: Como se é dito, a área de eventos foi a primeira a sentir a crise e será uma das últimas a superá-las, em especial eventos culturais, como shows, já que é de sua natureza a aglomeração de pessoas. Entretanto, aos poucos as atividades vão retomando, em novos formatos e seguindo os protocolos.
Já vemos o drive-in voltar para o cinema – formato que poderá se replicar para apresentações musicais; casas de espetáculo que poderão voltar com uma menor ocupação, assim como museus e restaurantes. O desafio será rentabilizar, neste primeiro momento, o retorno gradual. Por sua vez, grandes encontros precisarão se reinventar ou aguardar um momento seguro para sua realização, o que tornará o calendário de 2021 muito promissor e agitado. Praticamente dois anos em um.
Já eventos corporativos e feiras de negócios, o formato híbrido poderá funcionar muito bem neste momento de transição, com a face presencial seguindo os novos protocolos e a face digital mais completa e com uma experiência mais evoluída. O mais importante é executar os planos dentro das orientações oficiais e com a colaboração da população. A estratégia tomada agora irá refletir na imagem de São Paulo como destino de eventos no futuro.
HN: Para você, o que o turismo paulista levará de aprendizado? O que mudará no setor daqui em diante?
TS: Em um contexto tão inédito com um desafio mundial, é preciso tomar cuidado com exercícios de futurologismo, seja para o otimismo exacerbado quanto para pessimismo extremo. O aprendizado é global e todos os destinos estão enfrentando o mesmo problema, ainda que em condições diferentes. Questões como maior transparência em protocolos de higiene e saúde, uso de tecnologia touchless, maior turismo regional, eventos híbridos, novos formatos de encontros, hábitos de consumo de bens e produtos revistos, são fatores que todos os destinos vão e já estão se adaptando.
Agora, mais do que aprendizado, uma lição, é que essa é a hora de exaltar os atributos dos destinos domésticos, já que se registra um aumento pelo turismo regional – uma vez que as viagens internacionais irão depender muito da recuperação da malha aérea. Com a ansiedade gerada pela quarentena somada à fragilidade econômica oriunda de cortes de salários e desemprego, os destinos vizinhos, principalmente para a visita de familiares e amigos, serão os mais beneficiados com o retorno, em um primeiro momento.
Por fim, entendemos, em todo esse processo nos últimos meses, a importância da união do setor, com associações e entidades de classe, para assinar os pleitos junto ao poder público, pressionando e pautando para as melhores práticas. Essa união precisa existir com ou sem crise.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Visite São Paulo