Silmara Ambrósio - três perguntas Silmara possui mais de 10 anos de experiência no setor hoteleiro

Menos é mais. É com esse conceito que Silmara Ambrósio vem operando as pousadas upscale Vila Kalango e Rancho do Peixe, ambas no Ceará. Mesmo antes da pandemia, os empreendimentos prezavam por oferecer uma experiência de luxo consciente e, com o novo normal, a tendência é que a procura por esse tipo de hospedagem cresça ainda mais.

“O luxo que defendemos é o que te transforma, é conhecer uma cultura diferente, viver algo único, com serviço de alta qualidade e cuidado com os detalhes”, ressalta. Com as duas unidades fechadas até agosto, a CEO aposta em diferentes certificações para tranquilizar os hóspedes. “As pousadas aderiram aos selos de entidades reconhecidas no trade como o Selo Safe & Clean do Circuito Elegante, Turismo Responsável Limpo e Seguro do Ministério do Turismo, Manual de Boas Práticas BLTA e o selo Safe Travels do WTTC, a fim de  que que os hóspedes se sintam mais seguros com a garantia que há um padrão elevado de segurança sanitária”.

Formada em Direito e com formação técnica em Administração, Silmara acumula mais de 10 anos de experiência na hotelaria. Sua trajetória começou em 2008, quando foi contratada como assistente financeira. Aprendendo cada vez mais sobre o setor, galgou diferentes posições como gerente administrativa, diretora Operacional e agora, CEO.

Como uma boa hoteleira, é apaixonada por assuntos sobre as relações humanas e viagens. Em seu tempo livre, a executiva aproveita para se divertir com a família e assistir filmes.

Três perguntas para: Silmara Ambrósio

Hotelier News: Qual a atual situação dos hotéis? Estão operando? Caso não, qual a previsão de retorno?

Silmara Ambrósio: Em meio à pandemia do Covid-19 e a preocupação em preservar a saúde dos hóspedes e funcionários, nossas estruturas seguem todas fechadas seguindo as determinações impostas pelos órgãos municipais, estaduais e federais. Todas as atividades de turismo dentro do parque de Jericoacoara foram suspensas, além de circulação de pessoas e veículos. Hoje, buscamos encontrar saídas para continuar mantendo nossos negócios, além da preservação de empregos.

Sabemos que a situação de crise mundial afetará muito o setor hoteleiro, mas estamos atentos para enfrentar essa batalha de frente. Contamos com a compreensão dos nossos hóspedes, que na maioria dos casos, estão colaborando com a remarcação da viagem e apoio ao turismo. Na expectativa de uma possível proximidade do período de flexibilidade do isolamento social, nossas pousadas Vila Kalango e Rancho do Peixe se preparam para a reabertura em agosto, ainda respeitando as normas de higiene estabelecidas, como forma de combater a disseminação da Covid-19.

Por esse motivo, criamos um Manual de Procedimentos de Prevenção, com medidas de segurança que reforçam esse cuidado interno. Entre as medidas, estão um espaço de tempo de 24h entre uma hospedagem e outra nos quartos, check-in e check-out eletrônicos, disponibilização de máscaras para clientes e funcionários, álcool em gel 70% distribuído pela pousada, e outros procedimentos mais rigorosos de limpeza e higienização dos ambientes e superfícies. As pousadas também aderiram aos selos de entidades reconhecidas no trade como o Selo Safe & Clean do Circuito Elegante, Turismo Responsável Limpo e Seguro do Ministério do Turismo, Manual de Boas Práticas BLTA e o selo Safe Travels do WTTC, a fim de  que que os hóspedes se sintam mais seguros com a garantia que há um padrão elevado de segurança sanitária.

HN: A malha aérea brasileira vem retomando suas atividades de forma gradativa, o que pode prejudicar o retorno das operações em um primeiro momento. Como os empreendimentos pretendem contornar esse agravante?

SA: A pandemia da Covid-19 limitou nosso espaço enquanto pessoa. Os deslocamentos estão sendo questionados, mas acreditamos que há uma demanda reprimida, as pessoas não mudaram de ideia – ainda querem ir a lugares, viajar. Mas não temos dúvidas de que isso será um processo gradativo com muito mais cautela com o que e como fazemos. Sem dúvida, o interesse do brasileiro em conhecer o Brasil estará em evidência neste período de restrições às viagens internacionais. Por isso, a princípio, estamos focando no público local e sabemos que grandes deslocamentos ainda estarão fora das prioridades. Focamos em clientes que possam viajar com seu próprio carro para lugares próximos, e posteriormente temos a certeza de que os voos domésticos começarão a ganhar mais espaço – o que ajudará ao crescimento do turismo pelo nosso país.

HN: Qual a sua expectativa para a retomada do mercado de luxo em 2020? O que o segmento aprendeu com a crise?

SA: A crise, na dureza do trágico e da dor, sempre traz também a oportunidade de ares novos. Jeri/Preá pós-coronavírus, podem voltar às suas origens. Ser um vilarejo tranquilo de pescadores e descanso.  Conectar o mundo nativo com o mundo digital, conectar as origens e a originalidade deste vilarejo mágico, com a tecnologia avançada, o chamado “novo normal”. Locais que ofereçam refúgio em meio a natureza, ao ar livre, serão boas opções para um descanso seguro e envolvente no pós-pandemia e na flexibilidade do isolamento social. E isso é o que oferecemos,  temos a nosso favor o ar livre, muito espaço, brisa constante, ventilação natural, ambientes abertos além de um cuidadoso protocolo de proteção e higiene para receber nossos hóspedes com segurança.

Com sorte, a humanidade sairá um pouco mais sábia desse episódio, com novas visões de mundo. As pessoas já estão manifestando desejo de maior contato e preocupação com a natureza, sustentabilidade, além de valorizar as coisas simples da vida. O menos será mais. Caminhar descalço pela areia, aguardando o pôr do sol, será necessidade de todos. Acreditamos num luxo diferenciado, experiências essenciais, comprometido com a natureza e a comunidade. O luxo que defendemos é o que te transforma, é conhecer uma cultura diferente, viver algo único, com serviço de alta qualidade e cuidado com os detalhes. As viagens como conhecemos serão transformadas. Temos, ainda, um mundo à nossa espera.

(*) Crédito da foto: Divulgação