A paixão pela hotelaria vai muito além do trabalho para Mario Pais. Quando não está se dedicando à operação do Hilton Garden Inn Winchester, nos EUA, o profissional gosta de viajar ao lado da esposa — que também é hoteleira — para se hospedar em empreendimentos únicos ao redor do globo. E os próximos destinos do casal são a Ilha da Madeira e as Ilhas Canárias.

Nascido e criado na capital paulista, o executivo aprendeu a língua inglesa ainda jovem. Sua trajetória profissional começou na loja de passagens da Transbrasil, onde fez carreira e galgou diferentes cargos e posições, como o de Pricing manager.

Formado em Turismo e Hotelaria pela UNIP (Universidade Paulista), Pais também se especializou por meio de cursos da Iata (International Air Transport Association). Em 2000, teve a oportunidade de morar em Washington para dar o pontapé em sua carreira no setor hoteleiro.

“Comecei onde muitos começaram: na recepção. Passei pelas áreas de vendas, operações e subgerência, até chegar a gerente geral do Comfort Inn Washington DC, a apenas quatro quarteirões da Casa Branca”, conta.

Em 2012, retornou ao Brasil para gerenciar o Estanplaza Funchal, em São Paulo e, em seguida, o Colonial Plaza (Pindamonhangaba) e Royal Atlantico (Macaé). “Foi difícil gerenciar hotéis no Brasil depois de trabalhar nos EUA. Em 2018, decidi voltar e hoje atuo como gerente geral do Hilton Garden Inn Winchester, que pertence ao Grupo Aikens”, finaliza.

Três perguntas para: Mario Pais

Hotelier News: O mercado norte-americano fez uma forte barreira para conter a pandemia, bloqueando a entrada de turistas estrangeiros. Sabendo da importância dessa demanda para o setor, qual a situação atual do país? E como está o retorno de visitantes internacionais?

Mario Pais: A demanda hoteleira pós-pandemia voltou desigual entre mercados e segmentos nos Estados Unidos, pois os preços atrativos facilitaram o aumento da ocupação de visitantes nacionais e internacionais. Entretanto, os grandes grupos de lazer da China e Coréia ainda não retornaram. Hoje, as viagens corporativas estão acontecendo normalmente, mas hotéis de categoria superior e com perfil convention foram os que tiveram mais dificuldade em retornar. Eu gosto de olhar a taxa de ocupação da aviação, que me ajuda a entender a demanda — esses índices estão quase de volta aos mesmos níveis pré-pandemia.

HN: No Brasil, os empreendimentos hoteleiros têm encontrado dificuldade em recompor as tarifas, principalmente devido às altas taxas de inflação. Nos EUA, a hotelaria já supriu as perdas neste sentido?

MP: Não, mas já existem vários hotéis operando com um aumento significativo de diária média e RevPar. Não há como fugir das leis de oferta e procura. Cada hotel precisa se reinventar e encontrar a sua melhor saída, sendo necessário observar atentamente o mix de segmentos e identificar oportunidades que antes não existiam, além de observar o aumento da demanda para voltar a cobrar um preço justo pelo produto.

Hotéis e bancos que financiaram empreendimentos hoteleiros foram rápidos em negociar dívidas durante o período da pandemia. E a ajuda do governo para manter a folha de pagamento foi essencial para que as propriedades continuassem operando mesmo em declínio, evitando falências e concordatas. Agora que o pior já passou, estamos todos nos reinventando.

Um exemplo são os Hotéis Hilton, onde todas as marcas passarão a receber animais de estimação a partir de hoje (1º de abril), nos EUA. As unidades cobrarão taxas de até US$ 75,00 para pets de com estadas de até cinco dias.

HN: O segmento de short-term rental avançou consideravelmente durante a pandemia, o que causou preocupação para a hotelaria. Qual a relevância desse nicho no mercado norte-americano? Como o setor hoteleiro está reagindo?

MP: O mercado aqui é diferente, os prédios são alugados por uma administradora e seguem as regras de contrato mínimo de pelo menos um ano. Hotéis com facilidade de moradia — como o Homewood Suites by Hilton — que possuem geladeira, fogão e máquina de lavar estão em alta demanda. Aqui é mais fácil o hotel roubar o business do short-rental do que o oposto.

A quantidade de aluguéis criados por sites como o Airbnb acaba atingindo outro tipo de público que não frequenta os hotéis regularmente. Hoje, o maior problema do mercado hoteleiro americano é a falta de mão de obra. São muitas as dificuldades de contratação em todos os cargos, os hospitais contrataram muita força de trabalho de limpeza hoteleira, o que obrigou os hotéis a aumentarem seus salários. Antes da pandemia, o pagamento para uma camareira estava entre US$ 9,00 e US$ 14,00 por hora, hoje está entre US$ 14,00 e US$ 19,00.

(*) Crédito da foto: arquivo pessoal