Ao fim do terceiro trimestre deste ano, os resorts brasileiros registraram desaceleração na taxa de ocupação em relação ao mesmo período do ano passado. É o que aponta a 9ª edição do Radar Resorts Brasil, produzido pela Resorts Brasil em parceria com a JLL, myHotel, Senac São Paulo e STR. Apesar da demanda permanecer estável, o indicador se manteve acima de 60%. Além disso, TrevPor e TrevPar apontaram ligeira alta no período.

Além de dados referentes à performance hoteleira, o levantamento, cuja amostra analisada compreende 25 hotéis e 16.974 quartos, também apresenta informações sobre macroeconomia, reputação online e aviação. Sobre este último ponto, os números do Radar mostram que, tanto nos voos domésticos quanto nos internacionais, os números do terceiro trimestre de 2022 foram superados.

Na demanda doméstica, o total de passageiros foi de 24,2 milhões, contra 21,9 milhões do mesmo período de 2022, superando também 2019. Já em relação aos turistas internacionais, o volume chegou a 5,3 milhões no terceiro trimestre, frente a 4,2 milhões no mesmo período do ano passado. Apesar do aumento, o número segue abaixo do patamar de 2019, quando o total de passageiros no terceiro trimestre foi de 6 milhões.

Em relação à oferta de resorts no Brasil, o país hoje conta com 131 empreendimentos (31.196 quartos). No recorte por região, o Nordeste detém a maior estrutura, com 66 resorts e 16.542 quartos. Em seguida, aparecem Sudeste (34 empreendimentos, 7.326 UHs), Sul (21 propriedades, 4.965 quartos) e Centro-Oeste (10 empreendimentos, 2.363 acomodações). A região Norte não conta, até o momento, com nenhum resort.

Sobre o perfil dos hóspedes nos resorts brasileiros, em comparação com os hotéis da América Latina, o Brasil segue apresentando um número mais significativo de famílias entre os principais perfis. Também vale observar que, no terceiro trimestre, o número de famílias que visitaram os empreendimentos de julho a setembro aumentou consideravelmente em relação ao mesmo período de 2022.

Reputação e desempenho

O relatório mostra que a reputação dos empreendimentos vem em uma crescente ao longo de 2023, evidenciada pelo aumento da pontuação geral, que passou de 4,40 no primeiro trimestre para 4,53 no terceiro. Destaque neste último período para a pontuação atribuída ao tópico Serviço, o qual, mesmo em período de alta ocupação durante o mês de julho, teve crescimento.

Acerca do desempenho, não houve variação na taxa de ocupação dos resorts no terceiro trimestre, repetindo o número do mesmo período de 2022 (61%) e ficando abaixo do trimestre anterior. Já o TrevPor e TrevPar cresceram 6%. “Na minha percepção, esse crescimento do TrevPor nos últimos anos se deve à retomada e fortalecimento dos eventos corporativos nos resorts, dado que neste ano estamos tendo receitas maiores em PDVs”, diz Maitê Teixeira, gerente de Vendas do Cana Brava All Inclusive Resort e membro do Comitê de Inteligência de Mercado da Resorts Brasil.

“Já sobre a ocupação na análise 2022 x 2023, podemos concluir que em 2023 os resorts brasileiros passaram a ter muito mais concorrência com pacotes internacionais e uma procura mais estabilizada por viagens em geral, além das sazonalidades voltarem a ser mais perceptíveis”, complementa.

Em entrevista ao Hotelier News, Juliana Salles, gerente executiva da Resorts Brasil, diz que o movimento de desaceleração na ocupação já era esperado pela entidade. “Desde a última edição do Radar, já tínhamos observado essa tendência de estabilização. Os dados mostravam que o setor já estava caminhando para isso. O primeiro desafio foi a retomada das viagens internacionais. Se analisarmos os dados a fundo, percebemos que a demanda internacional, especialmente agora no terceiro trimestre, está muito próxima ao que era 2019. As pessoas estão viajando mais para fora. Esse público é o que vai para resorts”, analisa.

“Além disso, houve mudança no público de lazer, portanto não é a mesma demanda do ano passado. Dessa forma, os resorts estão tendo que se esforçar mais. No Mice, percebemos pelos comentários que ouvimos internamente, que o segmento está menos previsível. Os eventos estão sendo agendados com menos antecedência”, endossa a gerente da entidade.

Para 2024, a executiva salienta que as expectativas são desafiadoras. Diante desse cenário, os resorts terão que se esforçar cada vez mais para se manter nesses patamares que conquistaram, pois não de trata mais do crescimento orgânico observado no pós-pandemia.  “No TrevPor e TrevPar, tivemos um pequeno crescimento, uns meses mais, outros meses menos evidente. Mas é uma recuperação de preços. Vivemos um período intenso de inflação, de pandemia em que os resorts ficaram fechados. É um movimento natural de recomposição de preços, recuperando essas perdas do passado. Não é nada gritante, é um movimento de crescimento normal. Os dados apontam que os resorts precisarão se esforçar muito mais para atrair demanda”, finaliza Juliana.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Wyndham Hotels & Resorts 

(**) Crédito dos infográficos: Divulgação/Resorts Brasil