No momento em que a hotelaria discute a queda de qualidade de seus serviços, a B&B Hotels vai na contramão e comemora a subida de seus indicadores. No primeiro trimestre, a rede francesa registrou diária média de R$ 295, superando os R$ 127 do mesmo período em 2019. Para Fabrice Collet, CEO do grupo, a boa entrega dos produtos e atendimento é o segredo para o aumento das tarifas.

Com seis unidades no Brasil, localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, São José dos Campos (SP) e Uberlândia (MG), sob a gestão de Flávia Lorenzetti, a B&B Hotels alcançou R$ 175 de RevPar nos três primeiros meses de 2023, contra R$ 45 registrados no ano pré-pandemia.

“Qualidade é o segredo para elevar a diária média. Quando você entrega valor nos produtos, serviços e atendimento, as pessoas ficam propensas a pagar mais”, comenta Collet em entrevista ao Hotelier News.

O CEO da rede recebeu a nossa reportagem B&B São Paulo Luz e revelou que espera um 2023 com resultados acima dos números de 2019. No primeiro trimestre deste ano, a empresa faturou R$ 16,2 milhões — alta de 55% no comparativo com 2022. Este foi o melhor trimestre da B&B Hotels desde 2017, ano de sua estreia no Brasil.

Collet afirma que ficou impressionado com o volume de passageiros transitando nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont — o que elevou as expectativas da rede para 2023. “As pessoas estão viajando muito e estamos investindo em nossos produtos. Estamos colocando muita energia em nossos serviços e os resultados mostram que estamos fazendo um bom trabalho”.

Sobre as praças com performance de destaque, o executivo cita os hotéis do Rio de Janeiro. “A recuperação está acontecendo em toda parte, mas o Rio está muito forte. São Paulo ganhou tração agora, demorou um pouco mais, mas já percebemos mais hóspedes chegando”.

Desenvolvimento

Quando questionado sobre possíveis novos hotéis no Brasil, Collet garante que o plano da rede é crescer em escala por aqui. “Vamos ter mais propriedades, mas não sei te dizer agora quando e onde. Nunca paramos nosso processo de desenvolvimento e não vamos ficar com apenas seis hotéis no Brasil”.

Estratégia de expansão amplamente adotada por outras redes internacionais, a B&B Hotels tem uma opinião dúbia sobre as franquias. “Temos algumas na França. É algo bom para conseguir mais alcance, pois você acaba tendo um networking maior. Porém, é preciso ter cuidado para manter a qualidade dos serviços e seguir um padrão. É um risco que se corre”.

No Brasil, muitas redes hoteleiras ingressaram no setor de short-term rental. Quando questionado sobre uma possível entrada da B&B Hotels no mercado, Collet não descarta a opção. “É uma boa pergunta. Talvez um dia, pois com certeza é um segmento muito atrativo”.

Mão de obra

Collet concorda que a escassez de mão de obra é um dos maiores desafios da hotelaria atualmente. Para o CEO da B&B Hotels, solucionar a questão passa pela otimização de processos e atratividade de mercado. “É preciso automatizar atividades, usar a tecnologia em processos que não são humanos. O check-in, por exemplo, é sobre papéis e cartões. É algo puramente administrativo. Quando você vai a um hotel, você quer conhecer pessoas e se sentir bem-vindo. Não podemos automatizar isso”.

“Este é um trabalho fantástico e divertido. Tornar a indústria atrativa é obrigatório e temos a responsabilidade de oferecer bons salários e investir em pessoas”, finaliza o CEO.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News