O clima rústico de Itacaré (BA) pode até não remeter à tecnologia, mas os empresários Max e Gabriella Ziegler apostaram na mistura da simplicidade do destino com inovação. Proprietários da Casa de Gabriella, pousada de luxo localizada a poucos metros das praias Conha e Resende, eles adotaram as criptomoedas como uma alternativa para meios de pagamentos.

O empreendimento, fundado em dezembro de 2018, abraçou a tecnologia há cerca de um ano. Além de autonomia, a Casa de Gabriella ainda oferece descontos de até 20% em suas reservas virtuais para pagamentos com criptomoedas. “Hoje, realizar um pagamento com a criptomoeda é fácil. Basta possuir um exchange, ao contrário de alguns anos atrás, que era difícil transferir valores”, comenta Ziegler em entrevista à reportagem do Hotelier News.

Executivo que vem do setor de tecnologia, o proprietário da hospedagem atuou nos EUA, onde acumulou bitcoins. “Já conhecia a criptomoeda como uma forma de investimento, até que foi algo que começou a se popularizar. Hoje, se não me engano, o Brasil já ultrapassou o sétimo lugar na adoção de criptomoedas”, acrescenta.

Na Casa de Gabriella, tanto as reservas quanto consumo interno podem ser acertados com criptomoedas. Para Ziegler, a possibilidade é uma conquista de liberdade e democracia financeira. “Por tal razão, implantamos na pousada um sistema de algoritmos de IA (Inteligência Artificial), que analisam dados como taxa de ocupação, diária média, RevPar, e cesta competitiva, que nos indicam em tempo real o melhor preço a oferecer”.

De acordo com o proprietário, o pagamento em cripto é a lógica sequencial para acessar descontos no mercado digital. “Recentemente a IA foi certificada com o título Binance Merchant, e, portanto, estamos habilitados a aceitar pagamentos com até 50 tipos de moedas virtuais”.

Com a plataforma de IA que atualiza os tarifários em real time, a Casa de Gabriella atua com ferramentas omnichannel para fazer sua gestão de canais. Entretanto, Ziegler afirma que as empresas do setor ainda não estão preparadas para aceitar criptomoedas como meios de pagamento.

“Nossos descontos de 20% é algo benéfico para ambos os lados. Como se trata de um pagamento sem comissões e impostos, conseguimos dar condições especiais e recebemos diretamente”, salienta o proprietário.

criptomoedas - interna

Pousada possui 14 suítes

Adoção dos clientes

Atualmente, cerca de 7% dos pagamentos realizados na pousada são via criptomoedas, principalmente no caso de clientes estrangeiros. Ziegler explica que a alternativa substituiu o dinheiro em espécie, enquanto o cartão ainda detém 60% dos acertos e o Pix, 30%.

“Destes 7%, cerca de 5% são estrangeiros e nem todos os links aceitam cartão internacional. Com a criptomoeda, eles podem pagar diretamente para nós”, afirma o executivo.

Apesar de aceitar diferentes tipos de criptomoedas, a Casa de Gabriella recomenda que os hóspedes deem preferência ao dólar digital. “Em outros casos, existe a oscilação de valores, mas o dólar digital não. Recomendamos para evitar essa variação de câmbio que pode beneficiar um lado e prejudicar o outro”, destaca.

E os resultados?

Com um rígido controle financeiro, a Casa de Gabriella encerrou 2023 com faturamento bruto de R$ 2,3 milhões e lucro líquido de R$ 980 mil. A ocupação ficou em 67% anual, além de diária média de R$ 653. Para Ziegler, um resultado satisfatório.

Blockchain ainda é algo que estã entrando no dia a dia das pessoas, no comércio e nas vendas. Em breve, a criptomoeda vai rapidamente tomar posse do mercado, pois também é uma defesa contra a inflação”, avalia.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Casa de Gabriella