Nos últimos anos, o setor hoteleiro tem testemunhado uma transformação significativa, impulsionada, em partes, pelo aumento do turismo de bem-estar. Com projeções indicando que o mercado de wellness atingirá US$ 2,1 trilhões até 2030, líderes do segmento estão repensando suas estratégias para se adaptar a essa mudança nas preferências dos viajantes. Nesse contexto, o Hospitality Net levantou a pergunta: para maximização de receitas, o bem-estar é o novo A&B (Alimentos & Bebidas)?

A pandemia redefiniu as prioridades dos turistas, levando uma boa parte deles a buscar destinos que não apenas ofereçam acomodações, mas também promovam saúde física e psicológica. Além disso, em 2023, o setor viu o auge das viagens de vingança, o que acarretou um crescimento global desafiador.

Agora, o foco para 2024 deve incluir a maximização de receitas de forma ampla, e é aí que o bem-estar entra. Entre grandes redes, como a Hilton, a tendência vem sendo reconhecida, com as empresas expandindo seus serviços para incluir mais experiências holísticas.

De acordo com o Relatório de Imóveis de Bem-Estar 2023 da RLA Global, o RevPar aumentou em mais de 53% em 2022 em hotéis com ofertas de ‘bem-estar leve’ e cerca de 47% em propriedades com ‘bem-estar significativo’. Este dado destaca a crescente importância do segmento como uma fonte lucrativa para hotéis, quase que em pé de igualdade com a tradicional receita de A&B.

O que pensam os especialistas?

Frederica Salvatori, especialista em estratégia de receitas e comercialização e fundadora da Federica Salvatori Consulting, enfatiza que a implementação bem-sucedida de programas de bem-estar pode criar uma vantagem competitiva, mas ressalta a importância de uma abordagem estratégica para a entrega de serviços e gestão financeira. “É essencial considerar os custos operacionais associados à gestão de serviços e áreas de bem-estar. O sucesso da integração do bem-estar depende da gestão eficaz de custos, precificação estratégica, ações de marketing e da capacidade de oferecer serviços alinhados com as demandas do mercado”, aponta a executiva.

Já para Thibault Catala, fundador da Catala Consulting, a integração de tratamentos de bem-estar é uma estratégia fundamental para atender às necessidades em evolução dos viajantes. Ele sugere que essa abordagem não deve ser uma escolha entre focar exclusivamente em A&B ou wellness, mas sim uma integração eficaz de ambos, alinhada à posição única do hotel no mercado. “Uma oferta maior em práticas de bem-estar funciona como uma vitrine, atraindo hóspedes pela experiência especializada. Agora, aí está o truque para maximizar a receita: os hóspedes escolhem sua propriedade por causa da sua posição nesse segmento, mas ainda precisam das ofertas de A&B durante as estadias”.

Raul Moronta, CCO da Remington Hospitality, reforça a visão de que o bem-estar não é apenas uma fonte adicional de receita, mas sim um estilo de vida oferecido aos hóspedes. Ele destaca que hotéis podem atrair os viajantes  através de diversas ofertas, desde quartos especializados até menus saudáveis e espaços fitness.

(*) Crédito da foto: Pixabay