Antes da pandemia, a China era o principal mercado emissor de viajantes internacionais do mundo. Seus 155 milhões de turistas gastaram mais de um R$ 250 bilhões de dólares fora do país em 2019. Nos últimos três anos, porém, estes valores se aproximam do zero, em função das rígidas restrições impostas pelo governo do país. Com o anúncio da reabertura de fronteiras, previsto para o próximo domingo (15), milhões de turistas chineses retornam ao cenário global, fomentando a esperança de recuperação da indústria hoteleira, informa a CNN Brasil.

Em 2019, a China registrou cerca de 12 milhões de saídas de passageiros aéreos por mês, número que caiu em 95% durante os anos de crise sanitária de Covid-19, segundo Steve Saxon, sócio do escritório da McKinsey em Shenzhen. A previsão do analista é que esse número se recupere para aproximadamente 6 milhões por mês até o final do semestre, impulsionado pela demanda reprimida de jovens chineses mais favorecidos financeiramente.

Para se ter uma ideia do impacto, quando a China anunciou que não submeteria viajantes que chegam à quarentena, as buscas por voos e acomodações internacionais na Trip.com triplicaram. Para o próximo Ano Novo Lunar, que ocorre entre 21 e 27 de janeiro, as reservas aumentaram 540% e o gasto médio por reserva, 32% frente ao ano anterior. Os principais destinos estão na região da Ásia-Pacífico, incluindo Austrália, Tailândia, Japão e Hong Kong, Estados Unidos e Reino Unido.

“O rápido aumento de depósitos bancários no ano passado sugere que as famílias na China acumularam reservas significativas de dinheiro”, explica Alex Loo, macroestrategista da TD Securities. “Os bloqueios frequentes provavelmente levaram a restrições nos gastos das famílias e pode levar a “gastos de vingança”, como aconteceu em muitos mercados desenvolvidos quando reabriram no início do ano passado”, acrescenta.

Beneficiados

Entre os principais países impactados, há destaque para Hong Kong, Tailândia, Vietnã CIngapura, segundo analistas do Goldman Sachs. Camboja, Maurício, Malásia, Taiwan, Mianmar, Sri Lanka, Coreia do Sul e Filipinas também devem se beneficiar com o retorno dos turistas chineses, segundo pesquisa da Capital Economics.

Considerando a importância deste público, muitos desses países relaxaram as restrições de entrada. Entretanto, outros governos estão mais cautelosos, como Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá, Japão, Austrália e Coreia do Sul, que devem continuar exigindo testes dos visitantes chineses. Dentro desses últimos, todavia, há um conflito entre as autoridades de turismo e as autoridades políticas e de saúde, segundo Saxon.

Embora o Brasil não esteja nesta lista, o país também se beneficia com o retorno dos turistas chineses. Além do impulso na fragilizada e turbulenta economia global e melhora nos indicadores das grandes redes hoteleiras aqui presentes, há muitos negócios chineses no país. Portanto, muitos empresários da China devem voltar a visitar as terras tupiniquins, reforçando a recuperação do segmento corporativo.

(*) Crédito da foto: Nathan John/Unsplash