Envolto em um cenário de possíveis mudanças, o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) foi, sem dúvida, um socorro para a hotelaria, que se recuperava das duras perdas impostas pela pandemia. Entre os principais benefícios, a iniciativa garantiu aos empreendimentos melhor fluxo de caixa para investir em retrofits, atualização de serviços e, principalmente, em pessoas, ajudando a reter mão de obra de qualidade, que tem andado em falta no setor. Assim, cabe entender como o programa contribuiu com a manutenção desses profissionais e como isso refletiu no dia a dia das operações.

Em entrevista ao Hotelier News, Angela Landmann, diretora de Recursos Humanos da Royal Palm Hotels & Resorts, ponta que a rede já trabalha a retenção da mão de obra há mais de 10 anos, com diversos programas internos e iniciativas que visam manter os profissionais no quadro de colaboradores por mais tempo. “Temos um PPR (Programa de Participação nos Resultados) desde 2011, focando justamente nessa retenção dos colaboradores. Em 2022, quando o Perse surgiu, foi um grande facilitador no sentido de otimizar nossos resultados sem necessidade de um faturamento maior, e isso refletiu na base de colaboradores, que foram contemplados com um ambiente mais atrativo”.

“No ano passado, só no Plaza Hall, pagamos R$ 3,6 milhões em PPR, dentro desse formato de prezar pelo bom resultado e pela satisfação do hóspede. Nas demais unidades, o Perse também contribui muito para um PPR ainda mais satisfatório, ou seja, o programa teve reflexo positivo direto em todo o nosso ecossistema, com benefícios como pagamento de 14º e 15º para colaboradores, o que também contribui grandemente para a retenção”, completa Angela.

A executiva destaca, ainda, que no operacional da empresa, foi possível trabalhar com salários mais atrativos, acima da média de mercado. “O grupo gerencial também está incluso no PPR, que continuará existindo mesmo se o Perse for extinto, mas com alcance e ganho menores, porque o resultado fica mais enxuto. O time sabe que o programa existiu e viu valor na existência dele e, no nosso caso, esse valor também foi mostrado em ações de engajamento de pessoal, oferecendo um ambiente de trabalho mais acolhedor para os funcionários, com vestiários reformados, áreas de descanso, entre outros pontos. Tudo isso ajuda a reter a mão de obra”.

Formação de equipes

Perse - Deyzi_Weber

“Foi muito benéfico para o setor”, diz Deyzi

Deyzi Weber, diretora corporativa de Gente & Cultura da Intercity Hotéis, também conversou com o Hotelier News sobre o tema, analisando as contribuições do Perse para o setor. “De modo geral, visualizo que essas discussões sobre o fim do Perse como conhecemos ligou o alerta da hotelaria como um todo, porque o setor sofreu muito nos dois anos de crise. Então, não só na Intercity, mas acredito que na maioria das empresas, o programa esteve muito presente na parte de elaboração de orçamentos, criando dois cenários: com ele, abrindo possibilidades para diversas iniciativas, e sem ele, tornando a atuação um pouco mais limitada”.

Segundo a executiva, no pós-pandemia houve aumento da preocupação com a renovação de ativos (assunto que também se relaciona diretamente com o Perse e do qual já tratamos aqui) e com o investimento em pessoas para garantir maior competitividade no mercado, visto que os hóspedes hoje estão ainda mais exigentes, e o setor precisa se adequar.

“Assim, tivemos possibilidade de apostar mais no nosso time, colocando novos projetos na mesa, oferecendo um pacote de benefícios mais atrativo, mas sempre com o pé no chão, porque imaginávamos que esse fim antecipado poderia acontecer. Caso mudanças muito drásticas sejam concretizadas, as empresas (e isso também nos inclui) terão que fazer escolhas e eleger prioridades, porque algumas iniciativas poderão ser realizadas e outras não”, finaliza Deyzi.

(*) Crédito da capa: Pixabay

(**) Crédito da foto: Arquivo HN