No início de 2023, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou o fim do estado de emergência da pandemia — marcando oficialmente o começo do fim de uma crise sem precedentes, principalmente para o turismo. Mesmo antes do anúncio da entidade, o setor já vinha se recuperando dos baques gerados pelas restrições sanitárias, após um 2022 atípico em termos de demanda. Agora, a indústria de viagens do Brasil vive um momento de abraçar oportunidades com números otimistas em diferentes frentes.

A retomada do turismo é uma tendência mundial, que avança liderada pelo lazer. No acumulado de janeiro a agosto, mesmo com um fluxo de visitantes ainda abaixo dos níveis de 2019, os turistas estrangeiros deixaram cerca de R$ 22,2 bilhões no país — 7% acima do movimentado no mesmo período pré-pandemia. Apenas em agosto, os gastos foram 38,7% superiores em relação ao mesmo mês em 2022, de acordo com dados divulgados pelo MTur (Ministério do Turismo).

“O Brasil voltou à prateleira”, diz o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, segundo divulgado pelo jornal O Globo. O editorial do veículo de imprensa salienta que o comandante da agência de promoção do país no exterior acredita que a reconexão do país com seus principais mercados emissores de turistas — América Latina, EUA e Europa — são grandes oportunidades para o setor.

Atração de turistas estrangeiros

Não é de hoje que o Hotelier News bate na tecla sobre o potencial do Brasil para atrair mais turistas estrangeiros, já que estamos falando de um país de dimensões continentais e detentor de uma grande diversidade cultural e de belezas naturais. Entretanto, os diferenciais da nação ainda são pouco explorados como deveriam. Entidades do setor alegam que a promoção do destino lá fora ainda é afetada por fatores como a baixa qualidade dos serviços ou o recrudescimento da violência.

Mesmo aquém de suas potencialidades, o Brasil recebeu 4 milhões de estrangeiros nos oito primeiros meses de 2023 — 11% a mais que os 3,6 milhões do ano passado. Em 2019, 6,4 milhões de visitantes passaram por aqui. Para fins comparativos, o país recebe menos da metade de turistas que viajam ao Peru para conhecer Macchu Picchu, de acordo com Cesar Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Turismo Receptivo, em entrevista ao O Globo. Já a Grécia recebe 30 milhões de visitantes por ano — ou seja — o triplo de sua população.

Alexandre Sampaio, presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), afirmou que as dimensões do turismo brasileiro são indicadores para um crescimento em potencial. “Há enorme demanda por lazer, experiência e novos destinos no pós-pandemia. O Brasil é competitivo, com oferta de voos e câmbio favorável. Hotéis que investiram em modernização estão surfando nesta onda. Já vemos hotéis e resorts anunciando expansão no Nordeste, em Minas Gerais e mesmo no interior do Rio.”

Há pouco, a pedido do Rio, o Conselho Nacional de Política Fazendária autorizou governos estaduais a devolver o ICMS a turistas que fazem compras no país, o tax refund, amplamente utilizado no exterior. É um bom exemplo da necessidade de conexão entre o setor privado e o público.

O governo também precisa colocar a segurança pública como prioridade, de modo a reverter a imagem deteriorada do Brasil no quesito violência, que afasta visitantes e reduz a movimentação econômica gerada pelo turismo internacional.

(*) Crédito da capa: Pixabay