A retomada trouxe consigo novas tendências e comportamentos dos consumidores, que afetam diretamente as demandas do setor de viagens e turismo. Buscando entender melhor essas mudanças de hábitos, a KPMG realizou a pesquisa Hunger Signs (Sinais de fome), que evidencia a consideração dos consumidores sobre atributos além da conveniência, marca, funcionalidade e preço para decidir o que, de quem e quando comprar.

O levantamento, divulgado pela SA Varejo, aponta que 31% dos entrevistados estão mais conscientes sobre suas decisões de compra, incluindo sobre o produto e a motivação para esse ato. Enquanto 43% preferem comprar marcas alinhadas a valores pessoais, 38% tiveram maior conhecimento destas questões após a pandemia. É evidente que a hotelaria deve, mais do que nunca, focar nas questões e temas globais que cercam a sociedade.

“A pesquisa deixa claro, também que aqueles que são impulsionados por valores pessoais preferem produtos e serviços alinhados com preocupações econômicas, sociais, morais e ecológicas”, afirma Fernando Gambôa, sócio-líder de consumo e varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul.

Gastronomia saudável

Com a gastronomia em alta no pós pandemia, os hotéis precisam ficar atentos ao que os hóspedes buscam em seus restaurantes. O estudo da KPMG aponta que 56% dos entrevistados melhoraram sua visão sobre alimentação saudável no último ano, sendo que 88% acreditam que uma dieta saudável pode aumentar a expectativa de vida e fortalecer o sistema imunológico. Ainda assim, 78% dos consumidores admitem escolher guloseimas que possam ser apreciadas em função do gosto e satisfação, desconsiderando os valores nutricionais.

“Sabemos que a maior parte das pessoas acredita nos efeitos positivos da comida sobre o humor e recorreram a isso para se sentir melhor”, pontua Maurício Godinho, sócio-líder do segmento de Alimentos & Bebidas da KPMG no Brasil. “As empresas do ramo alimentício estão atentas a essa tendência, oferecendo aos consumidores pequenos prazeres, mas em porções menores e, consequentemente, com redução de calorias, carboidratos e gorduras, por exemplo”, acrescenta.

Inflação versus orçamento

Quando se trata do tamanho do bolso do consumidor, a situação se complica. Com a inflação em alta, cerca de 33% dos entrevistados considera mudar de hábitos, seja optando por promoções e descontos, procurando pechinchas ou buscando lojas mais acessíveis. Para 20% deles, no entanto, a solução encontrada foi reduzir o consumo.

A preocupação é ainda maior quando 54% dos consumidores não sabem se conseguirão manter o padrão de consumo de produtos alimentícios básicos. Em virtude disso, muitos consumidores passam a optar por diferentes marcas e em atacado para reduzir gastos, dividindo o total com amigos e familiares e até substituindo produtos favoritos por outros mais em conta.

(*) Crédito da capa: Viki Mohamad/Unsplash