Entre novembro e dezembro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 0,41% para 0,62%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados pelo Correio Braziliense. Conforme antecipado pelo BC (Banco Central), a inflação fechou 2022 acima do teto da meta (5%) ao registrar alta de 5,79% no acumulado do ano. É evidente que a atenção aos custos seja essencial, pois a alta persiste e deve impactar ainda mais o setor hoteleiro, visto que o mix de produtos é diferente da cesta que compõe o índice.

A variação mensal registrada em dezembro surpreendeu o mercado, cujas expectativas eram de 0,46%. Ainda que os combustíveis tenham aliviado a situação no acumulado do ano, com o preço da gasolina e do etanol recuando 25,78% e 25,42%, respectivamente, o resultado foi especialmente impactado pela alta de preços dos alimentos, que verificou acréscimo de 11,64%. Com isso, o setor respondeu por 2,41 pontos percentuais do IPCA do ano, representando 41,6% da variação de 2022.

Embora o IPCA esteja muito abaixo dos níveis do ano anterior – quando acumulou alta de 10,06% em 2021, acima do teto da meta de 5,25% – o resultado de 2022 descumpre o teto estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), pelo segundo ano consecutivo. Isso significa que o BC falhou em sua missão de preservar a moeda brasileira pela sétima vez desde a implementação do regime de metas, em 1999.

Carta aberta

Em resposta ao novo estouro de metas, conforme divulgado pela Folha de S. Paulo, Roberto Campos Neto, presidente do BC, publicou a tradicional carta aberta explicando os motivos para a ocasião. Entre os fatores apontados pela autoridade monetária, estão a inflação herdada do ano anterior, fenômenos globais agravados pela guerra na Ucrânia e retomada na demanda de serviços e no emprego após a reabertura da economia.

“A elevação significativa da inflação em 2021 e 2022 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países emergentes”, alega Campos Neto, citando elevação dos preços de commodities, com destaque para o petróleo, desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, gargalos nas cadeias produtivas globais e choques em preços de alimentação, resultantes de questões climáticas.

Mesmo que nas projeções do BC a inflação siga em trajetória de queda em 2023, terminando o ano abaixo do nível de 2022, a entidade aponta que o resultado deve estourar a meta deste ano. Citados na carta de Campos Neto, os principais motivos para essa expectativa são a hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis neste ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022.

(*) Crédito da foto: Agência Brasil