Parte importante do share dos hotéis, a demanda de grupos vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, após a pandemia. Na América Latina, por exemplo, houve forte incremento em diversos destinos, e a perspectiva é de que esse nicho siga crescendo em 2024 em vários mercados ao redor do mundo, principalmente nos EUA. A tendência deve se refletir no Brasil.

Para muitas redes hoteleiras, este será um ano marcante, de acordo com artigo do CoStar. Tammy Routh, vice-presidente sênior de Vendas Globais da Marriott International, afirma que a maioria dos mercados hoteleiros dos EUA, por exemplo, continua a ver uma “demanda crescente” por grupos. “O ritmo da recuperação certamente varia, particularmente em mercados específicos que têm circunstâncias subjacentes no que se refere aos grandes negócios. São Francisco e Seattle são dois exemplos que não se recuperaram tão rapidamente, em comparação com os anos de pico”, destaca.

Ambas as cidades, no entanto, estão trabalhando para melhorar essas percepções por meio da realização de eventos. Peter Hart, gerente geral do complexo do Hilton San Francisco Union Square, ressalta que embora o ritmo dos eventos na cidade continue a ser desafiador em 2024, há grande otimismo para o futuro. Quanto aos tipos de grupo que lideram a demanda, o executivo aponta que ainda são as reuniões regionais de pequeno e médio portes.

“À medida que as reuniões se tornam mais regionalizadas, continuamos a ver reservas de curto prazo, num período de 12 a 18 meses. No entanto, ainda há um apetite por reuniões que reservam prazos mais longos, especialmente aquelas que têm presença nacional ou internacional”, diz Hart.

Retomada da demanda

Embora as pequenas e médias empresas tenham liderado a recuperação da procura de grupos em todo o portfólio da Marriott, Tammy destaca que as reuniões maiores estão participando cada vez mais do share. A executiva diz que a equipe de eventos voltou aos níveis normais de pessoal, o que ajudará a sustentar o volume da demanda.

Asad Ahmed, vice-presidente sênior de Serviços Comerciais da Hyatt Hotels Corporation nas Américas, pontuou que 2024 deverá ser um ano marcante para a rede. Segundo ele, a demanda e receita de grupos continuaram a crescer ao longo de 2023. No terceiro trimestre, o faturamento foi 10% superior em comparação com o ano anterior e 5% frente a 2019.

A empresa obteve reservas particularmente fortes nos principais destinos urbanos, como o Hyatt Regency Chicago, Manchester Grand Hyatt San Diego, Park Hyatt New York e Park Hyatt Chicago. As reservas nessas propriedades, inclusive, já estão ultrapassando os níveis de 2023.

O início deste ano incluiu obstáculos aos grupos, como agitação política e conflitos sociais que, segundo Ítalo Bustíios, vice-presidente de Vendas e Marketing da Highgate para América Latina e Caribe, causaram atraso na recuperação dos grupos. “Projetamos estar entre 80%-90% [recuperados] em relação a 2019, tanto em grupos, quanto em eventos”, salienta. “Esperamos estar 40% acima em diárias em relação a 2023 e 80% acima em receita, isso porque a diária média aumentou nos últimos anos”, analisa. O período de reservas para grupos continua reduzido e muitos clientes de viagens corporativas estão aumentando os orçamentos para enviar funcionários em viagens, aponta.

No Peru, a demanda de grupos no Westin Lima Hotel and Convention Center, da Highgate, está aumentando consideravelmente, em relação a 2023.

Pete Sams, diretor de Operações do Davidson Hotel Group, pontua que reuniões e negócios em grupo são uma parte importante e ampla dos negócios. Sua empresa está projetando 1,5 milhão de quartos coletivos em 2024, em seus 83 hotéis. Em entrevista ao Hotelier News, Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), disse que hoje as empresas estão buscando cada vez mais interações presenciais entre os times, e isso traz uma perspectiva clara de aumento da demanda por aqui.

“É um desafio para os hotéis, que precisam reforçar o olhar sobre a qualificação e adequação da mão de obra, porque se trata se um público extremamente exigente e com necessidades adicionais”, avaliou.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News