A demanda de grupos é uma fatia extremamente importante para os hotéis. No entanto, vale lembrar que cada empreendimento possui seu perfil de estrutura e público, seja para lazer ou negócios. Pesquisa divulgada recentemente pelo Hotel News Resource mostra que hotéis com mais de 2,5 mil metros quadrados (m²) tiveram maior ocupação de grupos às terças e quartas-feiras. Assim, como a localização e o tamanho dessas propriedades refletem na demanda?

Fernanda Oliveira, diretora de Vendas de Hotelaria do WAM Group, pontuou que hoje os grupos respondem por 23% do share total da companhia. “Falando especificamente do Dom Pedro Laguna, que é um de nossos empreendimentos de maior destaque, o share é de 16%. É uma propriedade com 102 apartamentos, um tamanho um pouco menor, e isso acaba influenciando diretamente na captação dos grupos, por escolha própria das companhias que contratam, que entendem que a venda individual é mais aquecida”, diz em entrevista ao Hotelier News.

Hotéis - Fernanda_Oliveira

Fernanda fala de estratégias para grupos

“Além disso, temos uma questão no destino, de a própria malha aérea incentivar uma estadia maior. Hoje, nosso stay médio é de cinco noites, mas temos muitos hóspedes que ficam até sete noites no complexo. Os grupos, por outro lado, possuem uma estadia menor. Pensando no tamanho do hotel, procuramos captar esse tipo de negócio, porque temos uma boa estrutura de negócios, uma área externa para realização de eventos. E essa captação é focada, principalmente, nos dias de semana”, complementa, reforçando a premissa mostrada pela pesquisa do Hotel News Resource.

Fernanda aponta que a estratégia do WAM Group foca em captar demanda de grupos na baixa e média temporadas. “Na baixa, a média de ocupação fica em 70%, e na alta chegamos a 100%. É um hotel com muita procura, por conta do destino e da estrutura, e isso ajuda a equilibrar bem os indicadores entre os períodos”, analisa.

Principais pontos

Fernanda explica que, como o Dom Pedro Laguna é um hotel relativamente pequeno, isso garante maior possibilidade de personalização da experiência dos grupos. “Temos essa oportunidade de oferecer um atendimento personalizado no A&B, por exemplo. A sensação de exclusividade é muito grande”, afirma.

“Os grupos têm um consumo maior nos hotéis, e é essa receita complementar que nos aproxima da diária média ideal. Oferecemos diversos espaços, como parque aquático, campo de golfe, entre outros, e tudo isso nos diferencia dos tradicionais hotéis corporativos”, conclui.

Felipe Castro, diretor de Operações do Grupo Tauá de Hotéis, explica que o primeiro ponto para escolha de um destino, seja ele para lazer ou negócios, é a localização. Os hotéis e resorts que têm acesso rodoviário perto de grandes centros têm um grande diferencial. “O tamanho impacta, pois resorts de grande porte podem atender a grupos pequenos, médios e grandes. Um grande exemplo disso é o Tauá Atibaia, que atende a grupos de até 1,8 mil pessoas”, reforça.

“Localização, estrutura, atendimento, negociação comercial e experiências. Tudo isso influencia muito. Nos grupos de eventos, o grande diferencial é a variedade de salas e espaços para confraternizações, além de uma gastronomia de qualidade. Quando analisamos um grupo de lazer, o grande diferencial é o entretenimento + gastronomia”, complementa.

O executivo aponta que, hoje, os grupos de eventos respondem por 54% do share do Grupo Tauá. No lazer, geralmente esse percentual é menor, chegando a 6%. “Hoje, nossa estratégia é ter um atendimento exclusivo para esse tipo de reserva e conseguir proporcionar opções de exclusividade para esses grupos. Não podemos esquecer que grupos possuem diferenciais em negociações comerciais”, diz.

E da perspectiva de quem contrata os serviços?

Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), explica que o objetivo final é sempre a experiência do viajante e do participante de eventos, além do atingimento dos objetivos. “Quando falamos do tamanho dos hotéis, temos que pensar se eles conseguem absorver os eventos grandes não só nas salas de reuniões, mas também na estrutura de hospedagem”, ressalta.

“Não é só ter um grande espaço de eventos. Outros fatores influenciam, como logística de transportes, capacidade de fluidez de check-in e checkout para os grupos, entre outros. Os hotéis precisam estar preparados para entradas massivas em horários específicos, porque os grupos chegam de uma vez só”, acrescenta.

Em relação à localização, Luana diz que o principal ponto é a segurança. Na visão da executiva, os hotéis precisam estar bem localizados, com segurança garantida para entrar e sair, além de fácil acesso a vias principais para maior fluidez.

“Em muitos casos, todo o evento é concentrado dentro de um único local. Se esse ponto de chegada e saída é fácil de fazer, temos programações com horários para que isso aconteça de forma bem fluida. Além disso, é preciso analisar pontos como a sazonalidade. Se temos uma programação de evento em uma área externa, por exemplo, é necessário sempre ter um plano B em caso de chuvas. Tudo isso impacta na decisão”, analisa.

Luana diz que a demanda aumentou consideravelmente. Em agosto, houve incremento de 3,7% nas viagens corporativas frente ao mesmo período do ano passado. “Já superamos os patamares de 2019 e, com esse crescimento, é crucial que os hotéis busquem essa economia mista para equilibrar o mix de produtos para ter uma regularidade de receita durante todo o ano”, aponta.

Hoje, as empresas seguem buscando cada vez mais interações presenciais entre os times, e isso traz para os hotéis uma série de desafios. Um dos principais, segundo Luana, é a organização da oferta e preparação dela para aumentar a carteira de produtos para eventos. “Também precisamos de um olhar sobre qualificação e adequação de mão de obra para um público que é extremamente exigente e tem tido necessidades adicionais”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Grupo Tauá de Hotéis

(**) Crédito da foto: Divulgação/WAM Group