Pai do Kauã e da Isabella, Felipe Castro é viajante profissional e cozinheiro de mão cheia. Aos 44 anos, o diretor de Operações do Grupo Tauá de Hotéis procura manter uma rotina de treinos na academia nos períodos em que não está debruçado na rotina dos hotéis da rede mineira.

Natural de São Paulo, Castro é graduado em Administração de Hotéis e Restaurantes pelo SBCC, em Santa Bárbara, na Califórnia. Sua formação ainda contempla cursos de ESG na Cornell University, Skills Competency in Restaurant and Culinary também pela SBCC, entre outros.

Com mais de 22 anos de experiência no setor hoteleiro, o executivo tem passagens por empreendimentos que vão do econômico ao luxo. “Atuei por dois anos nos EUA, quando comecei minha trajetória na empresa Tree Inns. Comecei como recepcionista e após um ano assumi a primeira gerência geral de um hotel econômico, o Orange Tree Inn”, relembra.

Castro trabalhou na Accor por mais de seis anos, onde atuou em cargos como assistente de gerente das unidades Ibis Interlagos e Congonhas, e, mais tarde, como gerente geral de hotéis em Indaiatuba, Vitória, Macaé e Congonhas.

“Neste meio tempo, trabalhei por quase um ano e meio no Vitória Apart Hospital, maior hospital de Vitória, como gerente de Operações”, conta Castro, que também foi colaborador da Intercity Hotels por cinco anos.

“Assumi minha primeira diretoria em 2018, na Rede GJP, onde trabalhei durante dois anos fazendo toda a reestruturação da área de Operações”, acrescenta.

Há quase quatro anos no Grupo Tauá como diretor de Operações, Castro é responsável por todas unidades hoteleiras, setor da qualidade, auditorias internas e externas, financeiro operacional e orçamento, além de desenvolver as experiências da marca junto com a equipe. “Hoje sou também Conselheiro da Resorts Brasil focado no segmento Operações”, finaliza.

Castro está confirmado como participante do Hotel Trends Orçamentos, marcado para acontecer no dia 21 de agosto, no Novotel Morumbi, em São Paulo.

Três perguntas para: Felipe Castro

Hotelier News: O Grupo Tauá vem avançando em sua agenda ESG. De que forma essas iniciativas impactam os custos operacionais? Quais as principais vantagens para o dia a dia hoteleiro?

Felipe Castro: As iniciativas ESG ajudam a reduzir os custos operacionais do Tauá, principalmente em termos de ecoeficiência. A rede se preocupa com o seu legado na natureza, com as pessoas envolvidas em nosso meio, em equilíbrio com a lucratividade e perenização do negócio.

Por exemplo, temos o programa de descarbonização, que além de compensar mensalmente nossas emissões de CO2, busca reduzir e mitigar emissões advindas dos nossos processos operacionais. Participamos do mercado livre de energia, pela aquisição dos certificados CEMIG RECs, que garantem o nosso consumo energético de matrizes renováveis e limpas, que também são mais economicamente viáveis. Além de termos equipamentos energeticamente eficientes como chillers, os hidrokits, lâmpadas LED, redutores de vazão de água dentre outros.

Essa e outras ações são monitoradas dentro do Programa Eleva, que audita a performance das unidades dentre os aspectos de Gestão, Manutenção, BPMA, Vendas, Qualidade, Clientes, ESG e Recursos Humanos. Inclusive , a temática foi incluída nas metas dos executivos operacionais e é abordada na nossa avaliação de desempenho, compartilhando com os nossos emocionadores a nossa visão de crescimento sustentável.

As vantagens de uma hotelaria mais sustentável são inúmeras, pois os empreendimentos que adotam as iniciativas ESG são mais responsáveis, confiáveis, rentáveis e atraentes para funcionários, investidores e consumidores. Eles também são mais propensos a estar em conformidade com as regulamentações ambientais e a reduzir o impacto ambiental.

HN: A hotelaria viveu um momento de grande aquecimento com a demanda reprimida, mas tudo indica que o cenário está para mudar. De que forma a rede vem se planejando para um possível recuo do setor?

FC: Sim, tivemos um aquecimento nos últimos anos bem forte na área de lazer e entendemos que este cenário já mudou. Estamos nos preparando em ambas vertentes para manter nosso negócio crescendo e gerando impacto na vida dos nossos clientes. Entendemos que no lazer vai acontecer uma queda, porém vemos uma crescente em eventos, que em 2019 representava 50% do nosso negócio. Melhoramos as estruturas de eventos, com novos coffees breaks, além de experiências diferenciadas para este segmento.

O Tauá está investindo mais de R$ 200 milhões em novas experiências em nossos resorts, com aberturas de restaurantes com temáticas japonesas e italianas, como o Nigori e o Coppola; as cafeterias e docerias JCandy; inauguração do restaurante Mineiro, além de bares com design único para nossos clientes, Torcida e Boteco.

Também teremos muitas novidades pela frente em 2023, como nova área de piscina em Caeté, um parque aquático em Alexânia e um parque aquático outdoor, com ampliação das acomodações, bem como novos bares e restaurantes em Atibaia.

O investimento em experiência está sendo pesado e entendemos que este será um diferencial. Nada disso vai ter impacto se não tivermos uma equipe preparada, engajada e capacitada, e estamos investindo muito tempo para esta formação, além de termos aumentado nosso quadro de emocionadores fixos para garantirmos uma maior consistência na entrega.

Resumindo, quem estiver com os melhores produtos e serviços, entregando uma experiência diferenciada, não sofrerá este impacto.

HN: Como palestrante do Hotel Trends Orçamentos, qual sua expectativa para o evento? O que deve priorizado para 2024?

FC: As expectativas estão bem altas, pois entendo que um orçamento bem feito tem um grande impacto no negócio e no dia a dia da operação. É muito importante para nós, como trade, trocarmos experiências, idéias e boas práticas para que o setor cresça e tenham informações confiáveis com conteúdo, e assim as tomadas de decisões sejam mais assertivas.

O que deve ser priorizado em 2024 são projeções realistas de receitas por segmento, principalmente quando vemos a queda do lazer. As palavras da vez para o ano que vem serão: produtividade, eficiência financeira e experiência do cliente. Com esses pilares, recomendo atuar fortemente em uma excelente gestão de despesas variáveis, como custos de A&B, custo da hospedagem, lavanderia, produtos químicos e de higiene, entre outros.

A gestão das despesas fixas, seja por renegociações, trocas de fornecedores, BIDS constantes e cancelamento de contratos desnecessários, será fundamental para os resultados em 2024. Outro custo pesado, que deve ser muito bem acompanhado e parametrizado com indicadores e produtividade do mercado, é a mão de obra fixa e variável (principalmente resorts), pois temos um desafio duplo neste tópico: custo e qualidade. Além de entender onde o investimento deve ser priorizado, visto que temos que atacar as principais dores do negócio/cliente.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Grupo Tauá de Hotéis