Você que nos lê rotineiramente e trabalha em hotel certamente já ouviu a pergunta do título antes, certo? Sim, com o turismo voando de carona na demanda reprimida pós-pandemia, a indústria segue “lutando” para dar conta de tamanho movimento – e a hotelaria em meio ainda a uma escassez de mão de obra preocupante. Então, afinal, como fazer mais com menos?

Embora o Hotelier News já tenha tocado no tema escassez de mão de obra em diferentes conteúdos e até mesmo em um evento, há poucas pesquisas que ratifiquem esse cenário por aqui. Então, vamos nos valer de números da AHLA (American Hotel & Lodging Association), reproduzidos pela Hotel News Resource, para mostrar quão crítica é a situação. Mais ainda, pode-se notar que é um problema que rompe as fronteiras brasileiras.

Então, vamos aos números: segundo estatísticas da AHLA, mais de 80% dos hotéis norte-americanos estão enfrentando escassez de mão de obra. Além disso, entre as propriedades entrevistadas pela entidade, 26% delas caracterizam esse problema como grave.

Outro levantamento, desta vez da STR, aponta que a falta de mão de obra, além dos custos, é um dos principais problemas da hotelaria em nível global. Na Europa, por exemplo, o setor busca atrair colaboradores mais jovens, visto que a força de trabalho do Velho Continente já está envelhecida.

Retrospectiva

No auge da pandemia, a hotelaria teve que, diante de um cenário menos trabalhadores na operação em função da pressão de custos, reduzir horas, limitar a capacidade dos hotéis (muitas vezes por conta de decretos governamentais) ou fechar áreas específicas da propriedade, levando à queda nas vendas.

Mesmo com a demanda crescendo, os hotéis tiveram que manter a folha de pagamento mais ou menos no mesmo patamar, já que o caixa seguia ainda bastante pressionado. Foi a partir daí que a frase “fazer mais com menos” virou mantra, só que isso ressaltou um efeito colateral: a escassez de mão de obra.

Então, quando operadoras hoteleiras e hotéis independentes não contam com um número de trabalhadores suficiente, a carga de trabalho geralmente recai sobre aqueles que estão disponíveis, levando ao esgotamento, fadiga e baixa produtividade.

Além disso, conforme a demanda por viagens e lazer cresceu ainda mais, os clientes ficaram ainda mais exigentes quando suas necessidades não são atendidas. A experiência negativa de um hóspede como resultado do aumento das expectativas pode ser difícil para uma empresa superar, como debatemos na série se sobre a queda na percepção de qualidade nos serviços do setor.

O que fazer? 

Com tantos desafios ecoando no setor, soluções podem e devem ser encontradas pelos próprios hoteleiros. No Brasil, uma alternativa encontrada pelas redes hoteleiras foi o reforço na realização de capacitações com as equipes. Isso porque a chave está em alavancar as infraestruturas existentes para otimizar a eficiência operacional, e isso começa pela reavaliação de processos internos e experimentação de novas estruturas.

Outra alternativa que os hoteleiros estão considerando para aumentar a receita é o uso de automação e tecnologia para elevar a satisfação do hóspede, gerar negócios e melhorar a eficiência. Essas soluções são projetadas para agilizar e priorizar o trabalho para que as equipes se sintam mais engajadas e os hóspedes desfrutem de novas experiências.

Sim, há ainda um longo caminho pela frente. Testar novos modelos de escala de trabalho, por exemplo, é também algo que não pode ser descartado. Certo é que, à medida que a indústria de hospitalidade continua a evoluir, encontrar novas soluções para lidar com a escassez de mão de obra será crucial para os hotéis se eles quiserem ter sucesso a longo prazo.

(*) Crédito da foto: davidlee770924/Pixabay