A retomada do setor hoteleiro é uma realidade cada vez mais palpável, com indicadores subindo gradual e continuamente. Em movimento um pouco mais lento se comparado à demanda de lazer, o segmento de eventos volta a ficar otimista devido à diminuição das restrições impostas pela pandemia e o retorno dos encontros presenciais. Com o início do segundo semestre, muitos empreendimentos apostam na recuperação para impulsionar ainda mais suas ocupações. Mas afinal, o que esperar para os próximos meses? É o que vamos entender a seguir.

Em entrevista ao Hotelier News, Giovana Jannuzzelli, diretora executiva da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), afirmou que a expectativa para o período é superar os níveis registrados em 2019, ano pré-pandemia.

“O ano de 2022 começou um pouco devagar, devido ao surgimento da variante Ômicron. Quando olhamos para o segundo semestre, já percebemos um movimento mais intenso e, por isso, acreditamos que a demanda superará em cerca de 70% o volume do mesmo período de 2019”, explica a diretora.

A executiva reforça que, com o clima de otimismo, os gestores já estão realizando maiores investimentos em eventos. “É um cenário que nos deixa bastante animados, tanto nós enquanto associação, quanto nossos associados”, acrescenta.

Eventos - Raffaele_Cecere

Cecere: volta à “normalidade” acontecerá em 2023

Complementando o raciocínio da executiva, Raffaele Cecere, CEO do Grupo R1, ressalta que a demanda para o segundo semestre está bastante aquecida. “Digo isso com segurança, porque estando nos hotéis e acompanhando esse movimento de perto, posso afirmar que é uma retomada consistente”, avalia.

“Havia muita demanda represada, por conta dos dois anos de crise sanitária, e ela será toda compensada nestes seis meses. De fato, as empresas estão utilizando os eventos como ferramenta de marketing e relacionamento, e apesar de o híbrido ter contribuído bastante durante as restrições, o maior foco sempre será o presencial, que ainda é o que impulsiona boas experiências”, destaca Cecere.

 

Expectativas

Em conversa com a reportagem do Hotelier News, Odair Gonçalves, gerente geral do Bourbon São Paulo Ibirapuera, afirmou que o hotel está vivendo um momento bastante positivo. O profissional pontua que o cenário é resultado do trabalho realizado pela rede nos dois anos de pandemia.

“Nossa equipe fez um trabalho muito forte com o objetivo de manter o cliente. Só nos meses de maio e junho deste ano, tivemos mais de 90 eventos. Estamos bastante otimistas para o segundo semestre, período em que teremos grandes feiras na cidade, como a Fenatran. Tanto os eventos em São Paulo, quanto os do hotel, deverão impulsionar nossa ocupação para acima de 90%”, diz Gonçalves.

O executivo acrescenta que, no período, a demanda de eventos deverá superar 2019 em 30%. “Ficamos dois anos sem eventos e hoje as empresas querem reunir as pessoas”, complementa.

Ainda falando sobre o mercado paulistano, no Sheraton São Paulo o momento também é de otimismo, segundo Fernando Guinato, gerente geral do empreendimento. “Hoje, temos o seguinte cenário: uma demanda bastante aquecida, com contratos fechados antes da pandemia e também recentemente. Me arrisco a dizer que quem optar por esperar não vai conseguir achar espaços para eventos. Dificilmente teremos janelas maiores que quatro a cinco dias sem reuniões presenciais no hotel”, comenta.

Guinato observa ainda que a decisão dos organizadores de eventos tem acontecido muito próximo à realização dos mesmos. “Isso acontece por questões de orçamento, por exemplo. Ainda assim, digo com toda certeza que a recuperação está consolidada e, para o segundo semestre, esperamos performar 30% acima do volume de 2019, período em que foram realizados 800 eventos”, aponta o executivo.

As expectativas do mercado carioca, por sua vez, confirmam que a retomada não é uma tendência restrita a São Paulo. Isso porque os hotéis da rede Samba também estão com ótimas perspectivas para o segundo semestre. É o que diz Guilherme Castro, CEO da empresa.

“Os eventos são a segmentação que faltava para compor a demanda dos hotéis. Com eles crescendo, automaticamente outros setores, como Alimentos & Bebidas, também avançam. Os dois hotéis, de Ipanema e Jacarepaguá, possuem estrutura para eventos com capacidade para receber de 200 a 500 pessoas, e estamos investindo em novos espaços. Nossa expectativa no segundo semestre é crescer entre 100% e 110% na demanda de eventos, consolidando a recuperação”, conclui.

Captação de eventos

Neste cenário, entender como o setor está captando os eventos é fundamental. Giovana afirma que, entre os associados da Alagev, os times comerciais estão sempre atentos, investindo em divulgação dos espaços. “Ainda é a melhor estratégia, sem dúvida. A demanda está tão aquecida que, em muitos casos, ela se regula sozinha. Por outro lado, também temos que ter em mente que a falta de mão de obra qualificada ainda é um grande desafio nessa retomada”, afirma.

Castro, por sua vez, afirma que a Samba Hotéis está apostando em duas frentes distintas: eventos na cidade e também nos hotéis da rede. “Assim, ampliamos nossas possibilidades e, consequentemente, trazemos resultados mais expressivos.”, explica.

“Além disso, temos nos preparado reforçando nossa presença de A&B e aumentamos nossa equipe comercial para atuar na captação, porque é um atendimento um pouco mais especializado e detalhado”, finaliza o CEO da Samba.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Marriott International 

(**) Crédito da foto: Divulgação/Grupo R1