Após bater novo recorde em abril, o número de famílias endividadas desacelerou em maio. Segundo dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), apurada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), cerca de 77,4% dos brasileiros relataram ter dívidas a vencer no mês — o que representa recuo de 0,3 ponto percentual frente ao mês anterior.

A proporção de endividados, no entanto, avançou 9,8 p.p. na comparação com maio de 2021. Já a parcela da população que declarou ter contas ou dívidas em atraso apresentou aumento de 0,1 p.p. na passagem mensal, chegando a 28,7%.

Em maio, o comprometimento médio da renda familiar com dívidas chegou a 30,4%, o maior percentual desde agosto do ano passado. Do total de endividados, 22,2% precisaram de mais de 50% da renda para pagar dívidas com bancos e financeiras, proporção mais elevada desde dezembro de 2017. De acordo com a análise da CNC, a dificuldade em honrar as dívidas é influenciada, entre outros fatores, pela inflação, ao consumidor, persistente acima dos 12% anuais.

Por outro lado, após sucessivas altas desde abril de 2021, a proporção de endividados desacelerou nas duas faixas de renda, com destaque para o grupo com ganhos até dez salários mínimos, que recuou 0,3 p.p. e chegou a 78,3%.

Com a dinâmica explicada pela melhora do mercado de trabalho e os programas de transferência de renda, como saques extras do FGTS, antecipações do 13º salário e o Auxílio Brasil, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca a importância desse tipo de ação. “São medidas essenciais para apoiar as famílias no pagamento de dívidas e despesas e que permitem ainda a manutenção do consumo e a consequente movimentação da economia”, avalia.

Gastos com serviços

O tipo de dívida mais comum, por cartão de crédito, apresentou queda mensal de 0,3 p.p., chegando a 88,5% do total de famílias endividadas. No entanto, em um ano, a proporção de endividados na modalidade avançou 7,6 p.p., taxa acima da média trimestral.

A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que esse resultado foi motivado por mais gastos no cartão entre os consumidores com ganhos acima dos dez salários mínimos, já que o endividamento na modalidade aumentou 12 p.p., alcançando históricos 92,9% de famílias neste grupo. “A flexibilização da pandemia e a vacinação contra Covid-19 têm possibilitado a retomada do consumo de serviços, como viagens, lazer e entretenimento, habitualmente pagos com cartão de crédito pelos consumidores na faixa de maior renda”.

(*) Crédito da foto: Firmbee/Pixabay