No mês passado, o endividamento das famílias bateu novo recorde, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Dados da entidade apontam que a maior utilização do cartão de crédito está entre os principais responsáveis por alavancar o indicador. A Confederação afirma ainda que, no período, 77,7% das famílias fecharam o mês com alguma dívida, frente a 77,5% em março.

Na comparação com o mesmo período do ano passado – quando a parcela de endividados correspondia a 67,5% do total – a alta foi de 10,2 pontos percentuais. Por sua vez, o número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas chegou a 10,9%, contra 10,8% em março e 10,4% na comparação anual. O resultado contribui para o aumento da inadimplência, apontado recentemente pelo Banco Central.

Na avaliação da CNC, a tendência é de que o endividamento se mantenha crescente diante do cenário de alta da inflação e dos juros mais elevados. “A inflação alta, persistente e disseminada mantém a necessidade de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para a manutenção dos níveis de consumo”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC, em entrevista ao G1.

Dívidas mais comuns

No período, o endividamento do cartão de crédito foi a única modalidade que apresentou aumento, representando 88,8% do total de famílias endividadas. O número revela também que o avanço está ocorrendo principalmente no consumo de curto prazo.

Carnês de lojas (18,2%) e financiamento automotivo (11,2%) foram os outros principais destaques nas participações do indicador. Na sequência, aparecem crédito pessoal (9,4%) e o financiamento de casa (8,3%).

A proporção das famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou principalmente entre os mais pobres. “Os orçamentos mais acirrados têm levado mais famílias a atrasarem o pagamento de contas e dívidas e usarem mais o cartão de crédito, que é a modalidade de dívida para o consumo de curto prazo”, finaliza Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa.

(*) Crédito da foto: AhmadArdity/Pixabay