A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) revisou de 5,1% para 5,8% a projeção de crescimento do turismo em 2022. Já para o setor de serviços, a a estimativa foi revista de 2,9% para 3,4%. De acordo com a entidade, as alterações das expectativas são creditadas ao crescimento de 0,7% no faturamento dos serviços em agosto, apontado recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao mesmo período do ano passado, o avanço foi de 8%, o 18º consecutivo.

“Esse movimento favoreceu a quarta alta seguida das atividades terciárias, impulsionadas pela retomada gradual no pós-pandemia, que vem sendo observada desde a segunda metade do ano passado”, avalia José Roberto Tadros, presidente da CNC.

Por outro lado, apesar das boas perspectivas para o turismo, os gastos de turistas estrangeiros no Brasil permanecem 24% abaixo de 2019, segundo o Banco Central. O fluxo diário de aeronaves nos dez principais aeroportos do país também segue abaixo do pré-pandemia, estando 11% inferior ao início de 2020. Fabio Bentes, economista da CNC, explica que ainda assim as boas expectativas se mantêm, principalmente pelo potencial de regeneração dos visitantes no Brasil na próxima alta temporada.

Além disso, um dos fatores que podem frear este movimento de recuperação é o preço das passagens aéreas, segundo a CNC. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado mensalmente pelo IBGE, apontou elevação de 47,7% nas tarifas no acumulado de 12 meses encerrados em setembro.

CNC: expectativas

Ainda segundo a pesquisa da CNC, existe expectativa de que os postos de trabalho no turismo brasileiro voltem ao patamar anterior à pandemia a partir do início do período de contratações para a próxima alta temporada. Em 2020, a queda da atividade levou o setor a eliminar 469,8 mil vagas formais, encolhimento de 12% da força de trabalho.

Neste cenário, as contratações foram sendo retomadas gradativamente e, em agosto deste ano, 86% das vagas eliminadas já foram novamente ocupadas. Os destaques foram o segmento de bares e restaurantes (295,2 mil novos trabalhadores) e o de serviços de hospedagem (71,8 mil).

“Desde maio do ano passado, os saldos mensais entre admissões e desligamentos no turismo têm se mostrado positivos e, se o ritmo se mantiver dentro do esperado, 2022 deve encerrar com 309,3 mil postos de trabalho criados”, complementa Bentes.

Segundo ele, os efeitos do aperto monetário devem atingir gradualmente as atividades terciárias nos próximos meses, desacelerando o ritmo da recuperação, mas sem comprometer o avanço do setor.

(*) Crédito da foto: masteroblima/Pixabay