A Booking Holdings se vê envolta em uma situação difícil com órgãos reguladores na Espanha. Isso porque, recentemente, a empresa foi surpreendida por uma decisão que alegava violação das leis de concorrência no país. Dessa forma, alegou-se que a companhia capitaneada por Glenn Fogel deveria ser multada em US$ 530 milhões. O CEO disse que a OTA “não poderia discordar mais” da determinação, aponta o Phocuswire.

O executivo ainda defendeu a maior marca da empresa, dizendo que a Booking.com fornece um mercado que permite aos hotéis parceiros atrair viajantes de todo o mundo “a um custo inferior ao de muitos canais de marketing”. “Não poderíamos discordar mais deste projeto de decisão e da multa arbitrariamente grande que eles propuseram, que é desproporcional à suposta conduta”.

Segundo ele, se o projeto de decisão se tornar definitivo, a empresa planejará apelar. A Booking Holdings já está trabalhando com a Comissão Europeia em relação à aplicabilidade da Lei dos Mercados Digitais, destinada a garantir alto nível de concorrência no comércio digital em toda a Europa. “Planejamos registrar nossa notificação para designação sob o processo DMA, e acreditamos que as preocupações levantadas pela autoridade espanhola coincidem com as da DMA”, acrescenta o CEO.

“Continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com estes órgãos reguladores para manter regras consistentes. E o mais importante, continuaremos que oferecemos a melhor plataforma possível aos nossos parceiros e clientes”, ressalta.

Booking Holdings: trâmite e balanço de 2023

Por outro lado, a multa, juntamente com as despesas relacionadas a uma questão de fundo de pensões para os funcionários da empresa nos Países Baixos, resultou em prejuízo de US$ 276 milhões em 2023 e elevou o lucro líquido no quarto trimestre para US$ 222 milhões, queda de 82% na comparação com o mesmo período de 2022.

Uma questão regulatória separada – a decisão da Comissão Europeia, em setembro, de bloquear a aquisição da Etraveli Group pela Booking Holdings – não foi abordada na reunião do CEO com analistas, embora em novembro Fogel tenha afirmado que a empresa entraria com um recurso. A Etraveli fornece a plataforma tecnológica para as vendas de passagens aéreas da Booking.com.

Apesar dessa disputa, as reservas de passagens aéreas foram um fator de crescimento para a OTA em 2023, com incremento de 57,6%, totalizando 36 milhões de passagens reservadas em comparação com os 23 milhões em 2022, e aumento de 400% em relação a 2019.

“Vemos essa vertical trazendo novos clientes para nossa plataforma, ao mesmo tempo em que oferecemos uma oferta mais completa aos nossos clientes existentes”, afirmou Fogel. As room nights aumentaram 17% ano a ano, atingindo recorde de mais de 1 bilhão em 2023, 21% a mais do que o número reservado em 2019, antes do impacto da pandemia.

Elas foram apenas uma métrica que atingiu níveis recordes para a empresa. As reservas brutas de viagens para o ano foram de US$ 150,6 bilhões, aumento de 24% em comparação com 2022. A receita foi de US$ 21,4 bilhões, em comparação com US$ 17,1 bilhões em 2022, e 40% superior à receita de 2019, pré-pandemia, que foi de US$ 15,1 bilhões. O lucro operacional em 2023 foi de US$ 5,8 bilhões, incremento de 14% no recorte anual.

As despesas de marketing para o ano foram de US$ 6,8 bilhões, em comparação com US$ 6 bilhões em 2022. O Ebitda Ajustado em 2023, por sua vez, foi de US$ 7,1 bilhões, um aumento de 24% ano a ano. Os resultados do quarto trimestre de 2023 também foram positivos em todos os aspectos. As reservas brutas de viagens totalizaram US$ 31,7 bilhões para o trimestre, aumento de 16% em comparação com o quarto trimestre de 2022. As room nights cresceram 9%, e as passagens aéreas vendidas aumentaram quase 46% ano a ano.

A receita total no quarto trimestre foi de US$ 4,8 bilhões, e o Ebitda Ajustado chegou a US$ 1,5 bilhão, ambos com aumento de 18% em comparação com o quarto trimestre de 2022.

Planos de crescimento

Na reunião com analistas, Fogel afirmou que a empresa é “significativamente maior e cresce mais rapidamente” do que era em 2019, e no momento está focada em aumentar as reservas brutas, a receita e o lucro por ação a uma taxa mais rápida do que antes da pandemia.

Um elemento para impulsionar esse crescimento, disse ele, será testar a expansão do programa de fidelidade Genius, que atualmente está integrado a estadas e aluguel de carros, para todas as verticais, como voos, atrações, seguros e passeios, proporcionando valor aos clientes em todos os elementos de sua viagem.

“Vamos experimentar. Isso remete à IA (Inteligência Artificial) e como você utiliza dados. Quando se tem esses modelos, é possível descobrir a melhor maneira de fornecer um benefício em nosso programa de fidelidade Genius de uma forma que agregue valor ao viajante. É por isso que eles retornam a nós diretamente. Ao mesmo tempo, o Genius é financiado principalmente por nossos parceiros, pois eles veem valor em oferecer um desconto ou algum outro benefício que incluímos na oferta para que o viajante reserve o que o fornecedor deseja vender”, diz.

Fogel também destacou outros elementos do plano de crescimento, incluindo a expansão da plataforma de comerciantes na Booking.com, que processou cerca de metade de suas reservas brutas em 2023, continuando a expandir suas ofertas de voos, melhorando a eficiência do marketing de desempenho e expandindo o negócio de acomodações alternativas da Booking.com, especialmente nos Estados Unidos.

Ele também falou com otimismo sobre o potencial da inteligência artificial generativa e as vantagens da empresa com essa tecnologia. “Em alguns sinais iniciais, vemos que isso será fantástico para nós. Eu realmente acredito que temos uma vantagem devido ao nosso tamanho e escala e às capacidades de nossas pessoas em ajudar o viajante ou nos bastidores para ser mais eficiente. Certamente temos posição de destaque na indústria de viagens”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Booking Holdings