Booking Holdings se posiciona contra possível multa na Espanha
23 de fevereiro de 2024A Booking Holdings se vê envolta em uma situação difícil com órgãos reguladores na Espanha. Isso porque, recentemente, a empresa foi surpreendida por uma decisão que alegava violação das leis de concorrência no país. Dessa forma, alegou-se que a companhia capitaneada por Glenn Fogel deveria ser multada em US$ 530 milhões. O CEO disse que a OTA “não poderia discordar mais” da determinação, aponta o Phocuswire.
O executivo ainda defendeu a maior marca da empresa, dizendo que a Booking.com fornece um mercado que permite aos hotéis parceiros atrair viajantes de todo o mundo “a um custo inferior ao de muitos canais de marketing”. “Não poderíamos discordar mais deste projeto de decisão e da multa arbitrariamente grande que eles propuseram, que é desproporcional à suposta conduta”.
Segundo ele, se o projeto de decisão se tornar definitivo, a empresa planejará apelar. A Booking Holdings já está trabalhando com a Comissão Europeia em relação à aplicabilidade da Lei dos Mercados Digitais, destinada a garantir alto nível de concorrência no comércio digital em toda a Europa. “Planejamos registrar nossa notificação para designação sob o processo DMA, e acreditamos que as preocupações levantadas pela autoridade espanhola coincidem com as da DMA”, acrescenta o CEO.
“Continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com estes órgãos reguladores para manter regras consistentes. E o mais importante, continuaremos que oferecemos a melhor plataforma possível aos nossos parceiros e clientes”, ressalta.
Booking Holdings: trâmite e balanço de 2023
Por outro lado, a multa, juntamente com as despesas relacionadas a uma questão de fundo de pensões para os funcionários da empresa nos Países Baixos, resultou em prejuízo de US$ 276 milhões em 2023 e elevou o lucro líquido no quarto trimestre para US$ 222 milhões, queda de 82% na comparação com o mesmo período de 2022.
Uma questão regulatória separada – a decisão da Comissão Europeia, em setembro, de bloquear a aquisição da Etraveli Group pela Booking Holdings – não foi abordada na reunião do CEO com analistas, embora em novembro Fogel tenha afirmado que a empresa entraria com um recurso. A Etraveli fornece a plataforma tecnológica para as vendas de passagens aéreas da Booking.com.
Apesar dessa disputa, as reservas de passagens aéreas foram um fator de crescimento para a OTA em 2023, com incremento de 57,6%, totalizando 36 milhões de passagens reservadas em comparação com os 23 milhões em 2022, e aumento de 400% em relação a 2019.
“Vemos essa vertical trazendo novos clientes para nossa plataforma, ao mesmo tempo em que oferecemos uma oferta mais completa aos nossos clientes existentes”, afirmou Fogel. As room nights aumentaram 17% ano a ano, atingindo recorde de mais de 1 bilhão em 2023, 21% a mais do que o número reservado em 2019, antes do impacto da pandemia.
Elas foram apenas uma métrica que atingiu níveis recordes para a empresa. As reservas brutas de viagens para o ano foram de US$ 150,6 bilhões, aumento de 24% em comparação com 2022. A receita foi de US$ 21,4 bilhões, em comparação com US$ 17,1 bilhões em 2022, e 40% superior à receita de 2019, pré-pandemia, que foi de US$ 15,1 bilhões. O lucro operacional em 2023 foi de US$ 5,8 bilhões, incremento de 14% no recorte anual.
As despesas de marketing para o ano foram de US$ 6,8 bilhões, em comparação com US$ 6 bilhões em 2022. O Ebitda Ajustado em 2023, por sua vez, foi de US$ 7,1 bilhões, um aumento de 24% ano a ano. Os resultados do quarto trimestre de 2023 também foram positivos em todos os aspectos. As reservas brutas de viagens totalizaram US$ 31,7 bilhões para o trimestre, aumento de 16% em comparação com o quarto trimestre de 2022. As room nights cresceram 9%, e as passagens aéreas vendidas aumentaram quase 46% ano a ano.
A receita total no quarto trimestre foi de US$ 4,8 bilhões, e o Ebitda Ajustado chegou a US$ 1,5 bilhão, ambos com aumento de 18% em comparação com o quarto trimestre de 2022.
Planos de crescimento
Na reunião com analistas, Fogel afirmou que a empresa é “significativamente maior e cresce mais rapidamente” do que era em 2019, e no momento está focada em aumentar as reservas brutas, a receita e o lucro por ação a uma taxa mais rápida do que antes da pandemia.
Um elemento para impulsionar esse crescimento, disse ele, será testar a expansão do programa de fidelidade Genius, que atualmente está integrado a estadas e aluguel de carros, para todas as verticais, como voos, atrações, seguros e passeios, proporcionando valor aos clientes em todos os elementos de sua viagem.
“Vamos experimentar. Isso remete à IA (Inteligência Artificial) e como você utiliza dados. Quando se tem esses modelos, é possível descobrir a melhor maneira de fornecer um benefício em nosso programa de fidelidade Genius de uma forma que agregue valor ao viajante. É por isso que eles retornam a nós diretamente. Ao mesmo tempo, o Genius é financiado principalmente por nossos parceiros, pois eles veem valor em oferecer um desconto ou algum outro benefício que incluímos na oferta para que o viajante reserve o que o fornecedor deseja vender”, diz.
Fogel também destacou outros elementos do plano de crescimento, incluindo a expansão da plataforma de comerciantes na Booking.com, que processou cerca de metade de suas reservas brutas em 2023, continuando a expandir suas ofertas de voos, melhorando a eficiência do marketing de desempenho e expandindo o negócio de acomodações alternativas da Booking.com, especialmente nos Estados Unidos.
Ele também falou com otimismo sobre o potencial da inteligência artificial generativa e as vantagens da empresa com essa tecnologia. “Em alguns sinais iniciais, vemos que isso será fantástico para nós. Eu realmente acredito que temos uma vantagem devido ao nosso tamanho e escala e às capacidades de nossas pessoas em ajudar o viajante ou nos bastidores para ser mais eficiente. Certamente temos posição de destaque na indústria de viagens”, finaliza.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Booking Holdings