Um importante e fundamental aviso aos navegantes desse planeta: relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial) aponta que os últimos oito anos provavelmente sejam os mais quentes já registrados. A agência da ONU (Organização das Nações Unidas) também alerta que ondas de calor extremas, secas e inundações devastadoras afetaram milhões de pessoas e custaram bilhões de dólares somente este ano.

O estudo serve de alerta para empresas de todos setores, bem como para a organização civil, sobre o impacto provocado pelas mudanças climáticas na Terra. Para a hotelaria, um sinal claro de que ocorrências como calor extremo, secas e inundações são, além de graves problemas ambientais, riscos reais para o negócio, o que demanda do setor acelerar a implementação de medidas que mitiguem as alterações atuais no meio ambiente.

Em um setor pulverizado como a hotelaria, o alerta é mais do que válido. Enquanto redes internacionais e nacionais anunciam iniciativas e compromissos sustentáveis, hotéis independentes parecem depender da consciência ecológica dos proprietários. Não é uma crítica a esses valorosos empresários, que geram milhares de empregos, mas uma constatação do cenário encontrado no país.

Por isso, a disseminação cada vez ampla do conceito ESG no mercado hoteleiro é tão importante. Isso porque esse fenômeno tende a levar boas práticas ecológicas, sociais e de governança para toda hotelaria, sem distinção de tamanho ou perfil de hotel. E, indo além, o desafio maior do setor está no desenvolvimento da letra G do acrônimo, o que também se relaciona com as motivações de cada organização.

“Vemos um movimento de todos os setores preocupados com a agenda ESG. Agora, cada empresa tem sua motivação nessa jornada: umas querem abrir capital, outras têm uma cobrança vinda do Conselho de Administração ou estão implementando regras mais rígidas de compliance para atender à demanda de acionistas. Varia muito”, afirma Daniela Coelho, diretora de Riscos e Sustentabilidade da ICTS Protiviti, em entrevista recente ao Hotelier News.

Aos hoteleiros que leem esse conteúdo, seu desafio é entender sua motivação, porque o desafio maior não estão na realização de ações sociais ou ambientais. É na letra G do acrônimo o seu desafio maior. É ali que é estruturada uma cultura empresarial que se dissemina pela organização e gera a mudança necessária.

Mais sobre o estudo

De acordo com a OMM, a temperatura média mundial aumentará cerca de 1,15°C em 2022, patamar que deixará o período acima da marca pré-industrial. Com isso, a agência ressalta que é bem provável que os anos que compõem o intervalo de 2015 a 2022 provavelmente sejam os oito anos mais quentes já registrados.

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Inundação no Paquistão: risco aos negócios

E essa tendência de aumento se confirmará mesmo com a influência do La Niña, um evento climático natural que manteve as temperaturas globais relativamente “baixas” nos últimos dois anos. Tudo isso tem uma explicação: o aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa e o acúmulo constante de calor.

“Quanto maior o aquecimento, piores os impactos. Temos níveis tão altos de dióxido de carbono na atmosfera agora que o 1,5°C do Acordo de Paris está mal ao nosso alcance”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, durante a apresentação do estudo, que aconteceu no primeiro dia da COP 27, evento que está sendo realizado no Egito.

“Muitas vezes, os menos responsáveis pelas mudanças climáticas sofrem mais – como vimos com as terríveis inundações no Paquistão e a seca mortal e prolongada no Chifre da África”, acrescenta Taalas.

E aí, vamos mudar? Ainda dá tempo… Vamos deixar de ser meros navegantes desse navio, para nos tornarmos comandantes dessa nau!.

(*) Crédito da capa: ShutterStock

(**) Crédito da foto: Fida HUSSAIN/AFP