Durante décadas, o ápice da ascensão corporativa foi predominantemente alcançado por homens. Apesar disso, há indícios de que a coisas estão começando a mudar. Um estudo da empresa de recrutamento Spencer Stuart revelou que 49% das dos cargos c-levels das empresas listadas na Fortune 500 agora é composta por mulheres e pessoas de origens étnicas e raciais historicamente sub representadas. Esta conquista é motivo de celebração para os defensores da diversidade no meio empresarial estadunidense, marcando um progresso que, até recentemente, parecia fora de alcance, conforme enfatiza artigo da Bloomberg.

No entanto, a manchete aparentemente positiva também pode ser uma distração de tendências preocupantes ocultas nos dados. Para chegar a ocupar quase metade da diretoria executiva, profissionais que são mulheres ou pertencem a grupos minoritários capitalizaram, em grande parte, a criação do que é considerado “novos” cargos no alto escalão. De acordo com o relatório, esses dois grupos representam 89% de todos os diretores de inclusão e diversidade, além de 64% de todos os diretores de sustentabilidade – postos que, após um rápido crescimento, agora existem em mais da metade das empresas da Fortune 500.

Embora esses cargos tenham aberto caminho para a diretoria executiva para aqueles que foram historicamente excluídos, não proporcionaram uma trajetória clara para o topo.

Apenas 10% dos CEOs da Fortune 500 são mulheres, enquanto 12% são pessoas de grupos étnicos e raciais historicamente sub representados. Um estudo separado da Spencer Stuart, realizado no ano passado, descobriu que os CEOs tendem a ascender a partir de quatro cargos específicos: diretor de operações ou presidente, CEO de divisão, diretor financeiro e líderes promovidos a partir de níveis inferiores da diretoria executiva.

Esses cargos, no entanto, não são historicamente ocupados por mulheres ou executivos de minorias. Por exemplo, cargos em recursos humanos, onde as mulheres representam 70% dos diretores de RH da Fortune 500, não têm se traduzido em uma ascensão frequente ao posto de CEO.

E a hotelaria? 

Os dados do relatório Os números por trás das mulheres na liderança: lazer, desenvolvido no início de 2023 pela Aptamind Partners, em colaboração com o WTTC (World Travel & Tourism Council), adicionam uma perspectiva global ao cenário. Eles mostram que apenas 7% das mulheres ocupam cargos de presidência e CEO na indústria de lazer em todo o mundo.

Além disso, o relatório da Penn State’s School of Hospitality Management, divulgado em maio de 2023 e encomendado pela AHLA (American Hotel Lodging Association), destaca que as mulheres ocuparam 24% dos lugares no pódio em conferências de investimento hoteleiro, um aumento em relação aos 16% registrados em 2017. No palco principal, 37% das principais vagas de palestras em 2022 foram para mulheres, um aumento significativo em relação aos 22% de 2021.

Diante desses dados, fica evidente a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre o caminho para o cargo de CEO. Se as empresas estão verdadeiramente comprometidas com a diversidade nos cargos de liderança, é crucial que sejam mais intencionais sobre onde colocam talentos no início de suas carreiras, possibilitando uma posição mais estratégica para futuras promoções.

(*) Crédito da foto: prostooleh/Freepik