Ficou sem entender o título da matéria? Antes de explicar melhor, é bom esclarecer que não se trata de uma nova marca da Accor, que detém mais de 30 bandeiras no portfólio. Agora, indiretamente a expressão tem relação com o império lifestyle que a empresa vem construindo nos últimos anos. Sim, se a pandemia ensinou que o hotel precisa explorar cada metro quadrado ocioso existente para atrair um público muito além dos hóspedes, a rede francesa aposta tudo no A&B&E para chegar lá.

Trocando em miúdos, se o A&B (Alimentos & Bebidas) tem tudo para ser um gerador importante de receitas para a hotelaria, mesmo a econômica, a Accor resolveu acrescentar a letra E (de Entretenimento) para fechar essa equação. A afirmação é de Thomas Dubaere, CEO da Accor América do Sul, que conversou com exclusividade com a reportagem do Hotelier News durante a WTM-LA, aberta ontem (5), em São Paulo.

“Metro quadrado não usado, é metro quadrado vazio. São receitas que não estavam no radar, mas que vamos priorizar daqui para frente”, disse Dubaere, acrescentando que os investidores também já entenderam essa relevância. “Com o coworking é a mesma coisa. Por que não usar os quartos vazios para isso? Por que não usar o hotel como um ponto de encontro de entretenimento e negócios?”, completa o executivo, reforçando – mesmo sem falar diretamente – o papel do conceito das marcas lifestyle nisso.

Accor - A&B&E _ André Sena

Sena: confiança voltou e mercado acelera recuperação

E, de fato, a provocação de Dubaere é certeira. Nesta nova era de mobilidade, anywhere work e staycation, o hotel pode ser mesmo um ponto de encontro para as pessoas. “Que lugar está aberto 24h, sete dias por semana, 365 dias por ano? Podemos atender a essas pessoas que podem trabalhar de qualquer lugar, que querem entretenimento”, justifica.

Também presente à conversa, Andre Sena destacou que esse é uma das principais metas da Accor: fidelizar não somente os hóspedes. O CCO da Accor para América do Sul reconhece que há uma cultura a se quebrar, mas ele já vê esse movimento acontecendo. “O brasileiro, de certa forma, ainda pensa que o hotel é destinado apenas aos hóspedes. Temos que criar essa cultura, porque o resto é infraestrutura, e isso temos de sobra.

Como passar essa mensagem ao público é algo, contudo, que Sena confessa ainda não ter precisamente. “Ainda não temos essa fórmula. Se será no one to one com nossos parceiros ou se no digital… ainda não temos uma resposta. Se falar que tenho fórmula, estou mentindo. Vai ser na tentativa e erro”, comentou.

 Performance 2022

Tanto Dubaere, quanto Sena, fizeram questão de ressaltar a trajetória de recuperação da Accor. Se até o final do ano passado a operadora francesa mirava voltar aos níveis de 2019 somente no ano que vem, o primeiro trimestre trouxe alento e novas perspectivas.

“Como brasileiros, sempre brincamos que o ano começa depois do Carnaval, e agora começou com força. Sentimos que a confiança voltou e, claro, o controle de pandemia também contribui decisivamente”, destacou Sena. “Pensávamos que o segmento de eventos seria o último a retomar, mas veja quanta gente nessa feira? Isso é uma prova de que estávamos errados”, acrescentou Dubaere.

O CEO da Accor na América do Sul também disse que o movimento em praças mais corporativas, como São Paulo e Belo Horizonte, está acelerando além do inicialmente projetado. “Então, se esse ritmo de manter, acredito que estaremos nos níveis de 2019 ainda este ano.” Questionado pela reportagem se isso significaria ter de volta os mesmos padrões de RevPar, Dubaere foi além. “Sim, mas também de receita total. Não se esqueça do A&B&E e das receitas adicionais que não estava no nosso radar antes da pandemia”, sorriu o executivo.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News