O ano de 2022 foi de sorte mista para os hoteleiros. À medida que iniciamos 2023 e a hotelaria começa a fazer planos, é a oportunidade ideal para olhar para os últimos 12 meses e refletir sobre algumas das tendências que moldaram a indústria, e quais lições e aprendizados podem ser tirados disso, em particular para os profissionais de revenue management, aponta o Hotel News Resource.

Assim, é importante analisar como a recuperação ocorreu globalmente e como os hoteleiros administraram esse momento. Além disso, também é preciso se atentar às tendências notáveis do setor em 2022 e que provavelmente continuarão a influenciar o gerenciamento de receitas neste ano.

Principais lições

Revenge travels decolaram: o aumento do ritmo da vacinação e abrandamento das restrições impostas pela pandemia de Covid-19 provocaram aumento da demanda das chamadas “viagens de vingança”, principalmente nos destinos que se reabriram mais rapidamente. Isso significa que, em relação a 2020 e 2021, os hotéis tiveram, em 2022, desempenho muito melhor, por mais que ainda estivessem abaixo de 2019, ano pré-pandemia.

À medida que ficou mais claro que as restrições seriam suspensas, pesquisas sobre demanda de voos e hotéis começaram a apontar aumento em diversos destinos, como São Paulo, Paris, Cidade do México, Londres e Dubai.

Ocupação hoteleira crescendo: as taxas de ocupação também mostraram aumento em relação aos anos anteriores, mas ainda abaixo dos níveis de 2019. Muito disso se deve ao fato de que, no primeiro trimestre do ano, ainda havia restrições e a invasão russa na Ucrânia também influenciou o segmento de viagens. Nos trimestres seguintes, houve melhor desempenho global, com destinos como Berlim, Bruxelas, Istambul e Orlando se aproximando ou mesmo superando o patamar pré-pandemia.

Tarifas refletiram recuperação: o cenário de retomada também se refletiu nas diárias médias. O gráfico abaixo mostra a diferença de preço mês a mês entre 2019 e 2022. Assim, pode-se observar que muitos destinos da amostra tinham tarifas significativamente abaixo do nível de 2019, especialmente no início do ano.

Lições - Hotelaria_gráfico_diária_média

 

Neste cenário, mercados que demoraram mais para reabrir, como Tóquio, tiveram uma recuperação muito mais lenta.

Inflação, cenário geopolítico e eventos afetaram os preços: embora as revenge travels tenham sido um fator para aumentar as diárias na fase de recuperação, a inflação e aumento do custo da energia também impactaram substancialmente as tarifas de hotéis em 2022. A eclosão da guerra na Ucrânia também colocou pressão nas cadeias de suprimentos em muitas economias, o que também influenciou as tarifas.

Grandes eventos, como a Copa do Mundo FIFA no Catar, também tiveram influência direta nos preços dos hotéis. No país sede do evento esportivo, as diárias chegaram a ser 500% mais altas em relação ao mesmo período de 2019.

Viagens de negócios demoraram a retornar: enquanto as viagens de lazer se recuperavam mais rapidamente, as de negócios levaram um pouco mais de tempo. No entanto, os principais centros financeiros do mundo começaram a dar sinais de retomada, conforme observado por meio da alta nas pesquisas nos Sistemas de Distribuição Global.

Revenue management focou em equilíbrio: os custos trabalhistas também aumentaram no setor hoteleiro, impulsionados pelo excesso de demanda e oferta limitada no mercado de trabalho. Assim, os hoteleiros tiveram que oferecer salários mais altos para preencher as vagas, custos que inevitavelmente são absorvidos pelo consumidor.

Uma pesquisa realizada pela OTA Insight apontou que 68% dos hoteleiros independentes estavam lutando com as mudanças nas condições de trabalho, 39% estão preocupados com a crise de pessoal e 35% mencionaram que não têm tempo durante o dia para gerir tudo que precisam.

Confiança nas viagens retornou, mas com mais complexidade para revenue managers: as revenge travels estimularam a recuperação da demanda, dos preços e da ocupação, mas os hoteleiros ainda tinham que lidar com um cenário mais competitivo e complexo, refletindo diretamente na gestão de receita.

Além disso, a taxa global de cancelamento de reservas ainda é de 28%, 3,6% maior do que o período pré-pandemia. Isso fez com que muitos destinos e hotéis passassem a utilizar cada vez mais tarifas não reembolsáveis em função dos níveis de procura.

Hospedagens alternativas criam cenário complexo: adicionado à complexidade de 2022 e à compreensão do cenário competitivo, está o aumento das hospedagens alternativas. O crescimento da oferta dessas acomodações significa mais escolhas para o consumidor. Com as hospedagens alternativas sendo gerenciadas usando padrões hoteleiros, a oferta de experiências atrai os mesmos hóspedes dos hotéis.

(*) Crédito da foto: JanClaus/Pixabay