O setor de viagens corporativas voltou a apresentar bom desempenho em fevereiro. De acordo com levantamento da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), o segmento faturou R$ 908 milhões no período. O resultado representa aumento de 76% frente ao mesmo mês de 2022 e 10% acima de fevereiro de 2019, ano pré-pandemia.

A entidade destaca que a boa performance no mês deveu-se principalmente ao desempenho positivo dos serviços aéreos, que faturaram R$ 587 milhões, 9% acima do mesmo mês de 2019. Eles são responsáveis por 64% de todo o volume dos 11 serviços analisados.

“O cenário das viagens corporativas mudou muito em relação ao que vimos em janeiro. Por isso, mantemos nossas atenções no preço das passagens aéreas, que continuam elevados, afetando consideravelmente o volume de passageiros”, afirma Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp.

Hotelaria

O setor hoteleiro também se destacou no mês passado, com receita de R$ 235 milhões, 22% acima do observado em fevereiro de 2019. Os cruzeiros marítimos, um dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19, faturaram R$ 199 mil, mais de 900% acima de fevereiro de 2022, mas ainda abaixo do mesmo período de 2019, quando a receita foi de R$ 337 mil.

“Esse é um ótimo sinal, pois o setor está atrelado à realização de eventos corporativos, feiras, congressos e convenções, que estavam represados por muitos anos e estão retornando paulatinamente. Porém, ainda enfrentamos outro problema: a falta de mão de obra”, acrescenta Tanabe.

No ano passado, as viagens corporativas já mostravam tendência de recuperação, com faturamento de R$ 11,2 bilhões, queda de apenas 1,62% quando comparado ao desempenho de 2019 (R$ 11,3 bilhões). No consolidado do ano, os maiores destaques na mesma base comparativa foram locação de veículos, com crescimento de 83%, e transporte rodoviário, com incremento de 117%.

Perse e NDC

A Fundação Dom Cabral elaborou estudo importante sobre a relevância do Perse (Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos). Os dados apontaram que os cofres públicos têm potencial para arrecadar R$ 18 bilhões com a iniciativa. Isso é um sinal do vigor da capacidade de recuperação que o setor vem demonstrando.

Além disso, 2023 iniciou colocando na pauta do setor a discussão do NDC (New Distribution Capability), que a IATA (International Air Transport Association) define como um programa lançado para o desenvolvimento e adoção de um novo padrão de transformação. A entidade diz que o padrão NDC aprimora a capacidade de comunicação entre companhias aéreas e agentes de viagens e está aberto a qualquer terceiro.

“Nós da Abracorp vemos que essa capacidade de comunicação entre companhias aéreas e agentes de viagens está muito aquém do esperado para uma relação de uma transação seamless, como as companhias costumam dizer. De maneira sintetizada, trata-se de uma forma de distribuição para a companhia aérea, na qual ela detém o controle total sobre o conteúdo e processo. Portanto, virá dela o que, por quanto, quando e para quem distribuir”, finaliza Tanabe.

(*) Crédito da capa: Briana Tozour/Unsplash