Abrindo o calendário de eventos de 2024, o Turistech Hub promoveu hoje (12) a primeira edição do Turistech Summit. Focado em inovação, o encontro reuniu players do setor para debater o futuro da indústria de viagens e o papel da tecnologia nos próximos anos. O dia de conteúdos foi realizado no Cubo Itaú, em São Paulo.

Para abrir a programação, Eduardo Lorea, CEO e fundador da Numerik — consultoria idealizadora do hub de inovação, deu as boas-vindas aos presentes e compartilhou números do primeiro ano de atividades do Turistech Hub.

“O hub foi desenvolvido para criar valor e encontrar maneiras de inovar a partir de modelos de negócios. Em um ano, contamos com a força dos sete fundadores, mas nosso trabalho começou em 2018 a partir da primeira competição global de startups de turismo”, comentou Lorea.

O Turistech Hub foi oficialmente lançado no dia 28 de fevereiro de 2023, mas só iniciou suas atividades no dia 15 de março do ano passado, quando sua sede no Cubo Itaú foi inaugurada. Desde então, foram 900 startups curadas, totalizando 400 empresas residentes, quatro acelerações, 25 eventos e oito desafios de inovação aberta.

Para 2024, o hub pretende fomentar novas parcerias, desenvolvendo um ecossistemas voltado para inovação com foco em atender as necessidades de cada segmento do turismo. As iniciativas ainda preveem acesso ao capital, educação, sustentabilidade e eficiência operacional.

Mobilidade aérea

Na sequência, o primeiro case do Turistech Summit foi o AeroShark: o futuro da mobilidade aérea contou com as participações de Cristina Barragan, Account executive na Lufthansa e Alan Jacch, Key Account manager na companhia.

“Quanto é a emissão global de CO2 da aviação?”, questionou a executiva, respondendo que a meta da Lufthansa é reduzir suas emissões até a metade em 2023 para, em seguida, tornar-se uma empresa carbono neutro em 2050. “Sabemos que apenas compensar não adianta, precisamos reduzir para atingir metas”, acrescentou.

Para alcançar os objetivos, a companhia investiu cerca de € 36 bilhões em novas aeronaves. Jacch complementou destacando que a inovação e a tecnologia foram caminhos para conseguir ganho de eficiência de 1.1%, que aplicada em grande escala representa 59 voos entre São Paulo e Zurique.

Duarte e Patricia participaram de forma remota

Futuro do turismo

O primeiro painel do Turistech Summit foi focado no futuro do turismo. Juliana Bettini, especialista em Turismo no BID; Valter Duarte, Innovation Management coordinator no NEST e Patricia Boo, Area director for Central & South America da STR, protagonizaram um debate sobre tecnologia, dados e benchmarking.

Duarte contou a história do NEST, que nasceu de uma parceria público-privada com o governo de Portugal, reunindo players e entidades. “Foi uma possibilidade de ver o setor crescer, assim como as áreas que estão ligadas ao turismo que geram empregos. Não foi fácil no início, pois existia uma distância entre o governo e a iniciativa privada”.

Mediadora do debate, Juliana questionou os participantes sobre a importância dos dados, base dos estudos da STR. Há 10 anos na empresa, Patricia explicou que o foco do grupo é fornecer informações de benchmarking para uma melhor tomada de decisões.

“Atuamos com KPIs de desempenho e disciplinas como RM para análises e previsões. Hoje, somos alimentados por 81 mil hotéis a partir da colaboração de informações com regras anticompetitivas, trazendo dados de forma segura e transparente para o setor”, disse Patricia.

A executiva da STR ainda pontuou que os dados ajudam a entender tendências, atrair capital de investimento, além de inteligência de mercado em vendas, marketing e RM. “Todos atuam com base nas mesmas informações. Desta forma, o segmento tem uma visão holística, que gera vantagem não apenas para os hotéis, mas para os destinos como um todo”.

Ecossistemas integrados, inovação e experiência

Na sequência da programação do Turistech Summit, Sylvio Ferraz, vice-presidente de Produtos e Novos Negócios da BeFly apresentou a empresa e seus serviços. Pegando o gancho, Alcides Silva, gerente de Inovação e Projetos Estratégicos na operadora e Mateus Egídio, co-founder & CEO na YouVisa, debateram seus cases baseados em inovação para o turismo.

Executivos debateram tendências em agências

Desafios e tendências de agenciamento

Para finalizar a rodada de conteúdos da manhã, Luciano Guimarães, vice-presidente de Negócios na BeFly; Marina Figueiredo, presidente executiva na Braztoa; Michael Barkoczy, presidente na Easy Travel Shop e Aroldo Schultz, presidente na Schultz Turismo, promoveram um bate-papo sobre a jornada de inovação no segmento.

Guimarães começou o painel do Turistech Summit destacando os benefícios de estreitar relacionamentos com startups, complementando as dificuldades de integrar sistemas e tecnologias no turismo. “Cada empresa tem o seu padrão, sua tecnologia e ferramenta. E cada uma possui seu próprio tempo de resposta, o que gera uma grande dificuldade no mercado”. O executivo da BeFly usou a hotelaria como exemplo, uma vez que o segmento opera com diferentes canais de distribuição.

Barkoczy reforçou os desafios de inovar no turismo e pontuou que, ao contrário do que muitos acreditavam, a tecnologia não retirou os agentes de viagem do mercado. “Cada vez mais temos que investir em ferramentas, isso é fato, mas com pessoas que entendem também de turismo”.

O presidente da Easy Travel Shop ainda comentou que no passado os principais insumos de viagens eram aéreo e hotelaria. Todavia, o cenário mudou. “Nos dias atuais, a experiência é o principal. A pessoa não está viajando pelo hotel ou para aproveitar o avião, mas para vivenciar o destino”.

Schultz também explicou o desenvolvimento de uma ferramenta de fotos e vídeos livres de royalties criada em parceria com as secretarias de Turismo. “Desta forma, os governos podem compartilhar seus conteúdos. Funciona de forma responsiva e utilizamos IA para gerar textos melhores”.

Transformação digital

Após uma pausa para o almoço, o Turistech Summit trouxe dois cases de transformação digital. O primeiro, comandado por Gustavo Fragoso, head of Business Hacking Brazil da Globant, e o segundo, ministrado por Ricardo Amaral, CEO da R11 Travel, com exemplos da Royal Caribbean.

Destinos e produtos inteligentes

Já o primeiro painel da tarde contou com as participações de Rodolfo Marinho, secretário de Turismo da cidade de São Paulo, Marina Arruda, gerente de Projetos Especiais na Embratur, e Talita Uzeda, gerente de Sustentabilidade no Grupo Cataratas.

“A Setur foi extinta em 2021 e retomada em 2022. Reestruturamos a pasta após entender o que precisava ser aprimorado. Seguimos com o trabalho do Observatório do Turismo, que é uma referência na América do Sul, mas ainda havia muito a ser feito, principalmente após a pandemia”, disse o secretário.

Marinho destacou que a pasta também atua fortemente no segmento de eventos como uma facilitadora. “Hoje, temos dados de eventos in loco, como o Réveillon. Em 2023, desenvolvemos 72 relatórios mensais do Observatório. Queremos ajudar a trazer inovação para a cidade na prática”.

Inovação e viagens corporativas

Bob Rossato, VP Air Partners Brazil na Decolar trouxe o case da OTA, fazendo um paralelo com a linha do tempo do turismo. Em seguida, Luana Nogueira, diretora executiva na ALAGEV; João Fornari, head of Information Technology and DPO na Copastur e Luana Spínola, embaixadora de Soluções na Voll, debateram tendências de viagens corporativas.

Antes do último painel do dia, Marina Arruda, gerente de Projetos Especiais na Embratur e João Del Nero, Sales and Business manager na Claro, apresentaram um case de compartilhamento de dados.

Experiência do cliente fechou a grade de conteúdos

Experiência do cliente

Para encerrar a programação de conteúdos do Turistech Summit, Ana Biselli, presidente executiva na Resorts Brasil; Gabriela Schwan, CEO da Swan Hotéis; Rony Stefano, CEO & founder na Audaar e Ernesto Luiz Otero, CEO na Lobie debateram os desafios da inovação na experiência do cliente.

“Durante os conteúdos de hoje, observamos diferentes dores do setor, como mão de obra e tecnologia. Outro tema que discutimos muito no hub é a experiência do colaborador e como otimizar espaços nos resorts”, disse Ana.

Gabriela apresentou seu case de inovação na Swan Hotéis, empresa familiar que vem passando por um processo de modernização, agora se posicionando como um hub de hospitalidade no Sul do país.

“Somos o único hub de hospitalidade do país e temos feito um trabalho muito bacana. Levei 22 anos para me tornar CEO e iniciar a revolução que eu acredito. Peguei as dores dos clientes e me esforço para que o Turistech seja um hub engajado, principalmente para pequenas empresas. A hotelaria ainda é muito pobre em inovação”, destacou a Gabriela.

Stefano pontuou que muitos empreendimentos brasileiros independentes carecem de tecnologias básicas, como channel managers. “Muitos deles dependem de OTAs e acabam vazios, isso sem contar com a concorrência dos aluguéis de temporada. É muito difícil competir”.

Por fim, o Turistech Summit apresentou o Prêmio Turistech Hub, conduzido por Lorea e Ana.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News