Desde o golpe quase fatal da pandemia na indústria de viagens, o setor vem se recuperando gradualmente. De janeiro a julho deste ano, as chegadas de turistas internacionais cresceram 172% frente a igual período de 2021, segundo o último Barômetro Mundial de Turismo da OMT (Organização Mundial de Turismo). Isso quer dizer que, de acordo com a entidade, o turismo internacional recuperou cerca de 60% dos níveis pré-pandemia.

“O turismo continua a se recuperar de forma constante, mas vários desafios permanecem, de geopolíticos a econômicos”, pondera Zurab Pololikashvili, secretário-geral da OMT. “O setor está trazendo de volta esperança e oportunidades para as pessoas em todos os lugares. Agora também é a hora de repensar o turismo, para onde ele está indo e como isso impacta as pessoas e o planeta”, acrescenta.

Durante o período analisado, o relatório da OMT estima que 474 milhões de turistas viajaram internacionalmente, frente aos 175 milhões na comparação com 2021. Junho e julho somam quase metade do total (44%), com mais de 207 milhões de chegadas, mais que o dobro do registrado nos mesmos meses do ano passado.

Embora o destaque fique para a Europa, que ao receber 309 milhões de turistas internacionais contabilizou mais da metade do total registrado no mundo (65%), as Américas também registraram forte crescimento. De janeiro a julho de 2022, o novo mundo registrou aumento de 103% no volume de chegadas internacionais em relação aos níveis de 2021, o que representa 65% dos níveis verificados em 2019.

Gastos, desafios e perspectivas

De acordo com a OMT, a recuperação do turismo internacional de janeiro a julho pode ser vista tanto nos gastos com o mercado emissor dos principais mercados de origem, como no tráfego aéreo internacional de passageiros. Os gastos da França e da Alemanha subiram, respectivamente, para -12% e -14% frente ao mesmo período de 2019, enquanto na Itália e nos EUA ficaram em -23% e -26%, respectivamente.

Segundo a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), houve aumento robusto de 234% nos voos internacionais, ainda que 45% abaixo dos níveis de 2019, e uma recuperação de cerca de 76% e 70% dos níveis de tráfego pré-pandemia em junho e julho, respectivamente.

Vale dizer que a demanda mais forte também trouxe desafios operacionais e de força de trabalho nas empresas de turismo e infraestrutura, principalmente aeroportos. Segundo a entidade, a situação econômica, agravada pela guerra no Leste Europeu, as taxas de juros crescentes, o aumento dos preços de energia e alimentos e as previsões de recessão global são as principais ameaças para o setor para os próximos anos.

Esses fatores refletem diretamente na perspectiva dos especialistas em turismo internacional sobre o futuro, que em uma escala de 0 a 200, classificaram os meses restantes do ano com uma pontuação de 111. Para vias de comparação, o Painel de Especialistas em Turismo da OMT classificou o período de maio a agosto de 2022 com uma pontuação de 125, revelando queda no otimismo.

Entre os especialistas, 47% têm perspectivas positivas para o período de setembro a dezembro, enquanto 24% não esperam mudanças e 28% estão pessimistas. Já em 2023, o otimismo se recupera consideravelmente, com 65% dos especialistas avaliando desempenho melhor que em 2022.

(*) Crédito da capa: Unsplash/Philip Myrtorp