Samara Ferreira tem 24 anos e nunca pensou, até 2016, em trabalhar com hotelaria. Mesmo assim, ela não titubeia em acordar às 6h30 de uma terça-feira chuvosa e preparar-se para mais um dia cheio. Antes de ingressar no tecnólogo de Gestão de Turismo no Instituto Federal, em São Paulo, a supervisora de Recepção do Intercity Ibirapuera, formada há três anos, sonhava em estudar Jornalismo, mas questões financeiras podaram esse caminho. Não pense que isso é triste, pois nossa personagem hoje é uma pessoa totalmente diferente. Como o próprio título trata de iniciar o assunto, ela é vista como a grande joia do hotel e a coringa do escopo de colaboradores.

 

Samara Ferreira

A rotina de Samara começa pela recepção

 

O turno das 8h às 18h, atualmente de segunda a sexta-feira, é cumprido com prazer todos os meses. Há pouco mais de cinco anos no empreendimento, Samara lida com a aleatoriedade da profissão de forma tranquila e pacífica. O papo bom e leve que tivemos reflete no trato gentil e atencioso com clientes.

“O Intercity Ibirapuera foi minha primeira experiência na hotelaria. Comecei como estagiária em 2016 e sinto que desde então eu tenho cada vez mais oportunidades de mostrar meu trabalho. No tempo em que estou aqui, tive cinco gerentes gerais e todos foram decisivos para que eu desenvolvesse minhas competências profissionais. Aliei isso à minha vontade de aprender constantemente sobre as mais diversas áreas”, conta.

Samara

Ao longo do dia, ela resolve pendências internas do hotel

Ao olhar de fora, a rapidez e voluntarismo são as características que se destacam nela. A atuação na recepção coloca o profissional em várias frentes e resoluções, exigindo o máximo de quem está ali. O senso de equipe e o fato de ajudar no que for necessário tornam Samara Ferreira a coringa que ela nunca esperou ser e a Intercity Hotels não esperava achar. É aquele tipo de situação que, se combinasse, não daria tão certo.

Talvez diferente de parte dos graduandos e graduados no universo hoteleiro, Samara apresenta certa paciência com os processos do segmento. Por mais questionáveis que sejam aos moldes da geração de áudios com velocidade dobrada, cada etapa é entendida como necessária por ela. E para contrair ainda mais algumas máximas vistas nas reportagens especiais anteriores, ela é a primeira da família a atuar no setor hoteleiro.

“Estou habituada a fazer muitas coisas ao mesmo tempo e entendo que a carga pesada de trabalho pode ser usada ao meu favor. O crescimento nessa profissão exige resiliência e atenção aos detalhes, do operacional ao gerencial, da área de eventos ao A&B (Alimentos & Bebidas). Se houver curiosidade sobre todas as camadas do hotel, é mais fácil de saber se virar em problemas futuros”, salienta a profissional.

A frequência e imprevisibilidade do mercado é algo a ser levado em consideração. A questão do nomadismo, então, também foi colocada à Samara no momento de saber as ambições dela. “Eu precisaria avaliar bem”, diz. Ela ‘esbarra’ nos fatores citados por Osvaldo Julio Neto, CEO da Hotel College, sobre o assunto. Quem tem família precisa ser seduzido por uma boa oportunidade. Mesmo assim, quando insisto na pergunta, a resposta é, de certo modo, até cômica: “É uma saia justa entre profissional e pessoal”. Não está mais aqui quem falou.

Samara Ferreira: liderança

Samara

Samara encontra motivação na vontade pessoal e família

O senso de liderança é notável em Samara e, como se a conexão fosse telepática, ela mesma confirmou. “Gosto de aprender e já entendi que preciso explorar mais esse lado. Mesmo assim, já vejo meu perfil de líder e facilidade para gerir pessoas e processos. Ao adicionar a hospitalidade nisso, vejo que o desafio de instigar a chefe dentro de mim será um desafio constante, principalmente para lidar com pessoas. O jeito de aprender é continuar motivando meus colegas e trocando experiências todos os dias. Como já disse, ter curiosidade e vontade permeiam o cotidiano de qualquer profissional que deseja crescer na carreira. Contudo, a hotelaria exige mais. É conhecimento aliado ao sorriso no rosto e empatia com equipe e público”, relata.

É chocante cogitar que alguém tão longe da hotelaria pode representar tão bem um grupo de novos gestores em desenvolvimento. Bem como Ruan Santana, estudante de hotelaria da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), e outros jovens profissionais não encontrados — ainda — pelo Hotelier News, Samara é a prova de que as lideranças estão mudando e para melhor.

(*) Crédito das fotos: Lucas Kina/Hotelier News