Otimismo. Essa é a principal mensagem que a maior operadora hoteleira presente no Brasil tem para 2022. A fala, portanto, está bem em linha com o que Sebastian Bazin passou ontem (24) aos investidores na divulgação dos resultados da Accor no ano passado. E há razão para isso. Ao fim de 2021, o RevPar global da rede francesa cedeu 46% frente a 2019, enquanto, na América do Sul, a queda observada foi de 42%. Melhor ainda, em dezembro, o indicador já se aproximava dos níveis de 2019 (-11%), o que vem deixando Thomas Dubaere com um sorriso no rosto.

“Os últimos quatro meses foram muito melhores do que os primeiros seis meses”, comentou o CEO da Accor para América do Sul, durante café da manhã com jornalistas hoje (25) pela manhã, no Pullman Ibirapuera, em São Paulo. “O avanço da vacinação proporcionou essa melhora e, pela primeira vez desde o início da pandemia, tivemos em dezembro um mês melhor do que o registrado em 2019”, completa.

Segundo Dubaere, a variante Ômicron atrapalhou um pouco, mas menos do que o previsto. “Houve alguns cancelamentos, mas nada significativo”, revela o executivo, no cargo há pouco mais de um ano. Em paralelo, a diária média vem subindo, gradualmente se aproximando dos níveis de 2019, o que vem protegendo as margens dos hotéis frente aos riscos inflacionários. “Em dezembro, por exemplo, superamos os níveis pré-pandemia, assim como em algumas datas importantes. Um exemplo foi a F1 em São Paulo”, acrescentou André Sena, CMO da Accor para América do Sul.

Sena, por sinal, abordou no encontro movimentos feitos pela rede francesa durante a pandemia para gerar receita além de hospedagem. Este “ensinamento” da era Covid-19 foi destacado por Dubaere na entrevista exclusiva cedida ao Hotelier News no ano passado, e ressaltado novamente nesta manhã. “Hoje, temos mais 150 de pontos de serviços Wojo no Brasil. Nosso plano para o primeiro semestre é expandir com mais 50 nos países hispânicos. É um conceito que, junto com outros, de aproveitar esse momento que as pessoas estão mudando o comportamento de utilização dos espaços nos hotéis para captar negócios”, acrescenta o CMO.

Accor - coletiva de resultados_interna

Executivos se reuniram com jornalistas no Pullman Ibirapuera

Pipeline

O maior otimismo de Dubaere com a operação se reflete diretamente no desenvolvimento de hotéis. Em 2021, a Accor abriu 22 propriedades na América do Sul, após inaugurar exatamente a metade um ano antes (auge da pandemia). Além disso, a rede francesa espera colocar em funcionamento 25 unidades este ano, algumas delas bem aguardadas, como o Jo&Joe Largo do Boticário, no Rio de Janeiro. “A previsão é chegar a 700 hotéis em operação e no pipeline até 2025”, acrescenta o CEO da Accor na região, que atualmente conta 410 empreendimentos em operação (330 no Brasil), além de 81 no pipeline (58 no mercado brasileiro).

Vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Negócios e Relação com Investidores, Abel Castro deu mais detalhes do plano de expansão da Accor na região. A estratégia de apostar em franquias (e marcas econômicas) em praças secundárias e privilegiar contratos de administração (de marcas lifestyle, upscale e luxo) em mercados mais estratégicos segue inalterada. “Hoje, 43% do nosso negócio é franquia. Isso em número de quartos. Se for analisar total de hotéis, o percentual sobe para 50%”, salienta.

Ao destacar que 50% do pipeline é de hotéis econômicos, é possível concluir que o percentual de franquias subirá ainda mais nos próximos anos. “Nossa ideia é continuar forte no Brasil, mas acelerar em paralelo o crescimento nos países hispânicos. Vamos com nossas marcas mais conhecidas na região, mas apostamos também nos segmentos premium, luxo e lifestyle”, completa Castro, que anunciou três novos contratos no país. São eles:

  • Um hotel da marca MGallery em Jericoacoara (CE), em parceria com a Diagonal Engenharia (130 UHs): obra começa este semestre, com abertura prevista para final de 2023 ou começo de 2024. Contrato de administração.
  •  Um resort da marca ibis style em Maragoggi (AL), com 170 UHs: construção já começou e fica pronto na metade do ano que vem. Contrato de administração.
  • Primeiro Tribe da América do Sul, em Belo Horizonte, em parceria com o empresário Ofli Guimarães, fundador da Méliuz (80 UHs). Contrato de administração e previsão de inauguração em 2025.

“Esses projetos mostram que nossos investidores estão confiantes no negócio e nas nossas marcas. Indica-nos também que podemos seguir com nosso desenvolvimento na região. Isso é um indicativo muito importante, porque é um bom indicador para o futuro”, destaca Dubaere. “Esses dados mostram o potencial dessa região, o que nos permite também ter ambição”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News